Amor Cortante

18.

Pov. Severus.

Horas antes.

As aulas já haviam começado.

Como professor, eu devia estar fazendo o meu trabalho.

Porém no momento, me perdia entre as páginas de diversos livros, em busca de uma resposta para o estado de Draco.

Minerva havia me dado um dia de "folga", para que eu estivesse com a cabeça apenas nisso.

Eu esperava que não contasse nas minhas férias.

No momento, meu foco estava voltado para um dos livros, que falava sobre elos.

Nenhuma das informações me ajudava muito, visto que tudo que tinha sobre o elo que Draco precisava ter com outro bruxo, envolvia diversas partes e não apenas seu núcleo.

Veja, um elo de casamento envolve quatro partes de um bruxo: a áurea, a magia, a mente e o núcleo.

Assim, a partir do momento em que o elo é selado, com a consumação do casamento, os envolvidos são ligados completamente, de forma total.

Os parceiros passam a dividir suas áureas, suas magias, suas mentes e seus núcleos.

Ouvem pensamentos um do outro e se tornam mais fortes, magicamente.

Porém, o elo que Draco precisava envolvia apenas o núcleo dele.

O outro bruxo precisaria apenas dividir o próprio núcleo, com a magia de Draco.

Meus pensamentos de repente são interrompidos ao que ouço batidas na porta.

Feitiços de proteção que coloquei em volta de meus aposentos, avisam que a pessoa que me interrompe é Lupin.

Eu esperava que ele ainda estivesse na enfermaria, visto que não está completamente curado.

Me levanto, indo em direção a porta e logo a abrindo.

As feições de seu rosto pareciam de alguém assustado. Atormentado.

—  Lupin. O que faz aqui? Não devia estar na enfermaria?

— E-eu — Ele limpa sua garganta.— Eu precisava falar com você, Severus.

Eu diria que sou alguém observador.

Então, pequenas coisas como Lupin me chamar pelo primeiro nome, não eram algo que eu deixava passar batido.

Algo dentro de mim falava para ignorar.

Quase forçando minha mão a fechar a porta, como um comando silencioso.

— Bom. No momento estou um pouco ocupado. Se você puder ser breve, por favor.

Dou espaço para ele entrar, logo fechando a porta atrás de si.

Me sento no sofá, porém Lupin opita por ficar de pé.

— Você tem dez minutos.— Digo. Eu realmente não podia ficar perdendo tempo quando ainda restava dúvidas sobre a magia de Draco.

— Eu não sei como falar isso...talvez seja algo estranho a primeira vista, na verdade...

— Lupin. Depois da guerra eu fiz um voto de ser uma pessoa melhor e mais paciente. Por favor, não torne as coisas difíceis para mim.

A verdade era que só de estar perto de Remus Lupin me irritava.

Eu não sabia da onde vinha, mas algo dentro de mim parecia conhecer o homem à minha frente mais do que qualquer outra pessoa.

Algo dentro de mim, que eu não sabia como descrever, se sentia bem perto dele. Bem até demais para o meu gosto.