𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐𝟎

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CLARA BEATRIZ
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Cheguei em casa exausta, mas assim que entrei, vi Vitória sentada no sofá com uma taça de vinho na mão. Ela olhou para mim com uma expressão curiosa e, ao perceber que eu estava um pouco mais leve do que de costume, não perdeu tempo.

— Ah, não acredito! — Ela sorriu maliciosa, erguendo a sobrancelha. — Essa sua cara... Você e Richard finalmente resolveram as coisas, né?

Eu deixei minha bolsa no chão e suspirei, me jogando no sofá ao lado dela.

— Mais ou menos, Vi. Não é tão simples assim. — Suspirei novamente, deixando a cabeça cair para trás.

Vitória virou o corpo para mim, visivelmente empolgada.

— Tá brincando? Claro que não é simples, mas eu conheço você. Vai, conta tudo! Eu quero detalhes.

Olhei para ela, e um pequeno sorriso escapou. Sabia que não teria como escapar daquela conversa, e, de certa forma, eu também precisava falar sobre o que tinha acontecido.

— Ok, então... Lembra que você me disse para tentar não deixar as coisas tão tensas entre a gente, certo? Bom... Eu tentei, mas com o Richard é sempre um pouco complicado. — Soltei uma risadinha nervosa, lembrando de cada detalhe.

— Complicado tipo... Como? — Vitória perguntou, erguendo as sobrancelhas, claramente já captando a intensidade das coisas.

— No começo, era aquela tensão de sempre, sabe? Mas, aos poucos, as coisas começaram a melhorar. A gente teve umas conversas sérias, principalmente sobre o passado, e decidimos que o melhor seria tentar reconstruir a amizade, sem expectativas demais... — Respirei fundo, lembrando de como essa decisão tinha nos afetado. — E ele pareceu estar de acordo. Quer dizer, parece que ele também estava cansado de tanto ressentimento.

— Então... vocês vão voltar a ser amigos, só isso? — Vitória questionou, claramente cética.

— Por enquanto, sim. E isso já é uma vitória, Vi. — Dei de ombros, sentindo um misto de alívio e incerteza. — Só que... — hesitei, tentando encontrar as palavras certas, enquanto Vitória me olhava com aquele olhar que exigia honestidade.

— Só que...? — Ela me incentivou a continuar, claramente sentindo que havia mais coisa aí.

— Não é tão fácil assim. — Confessei, balançando a cabeça. — Quando a gente tá junto, é como se tudo ao redor desaparecesse. Hoje, no ônibus... até no avião, teve um clima. As pessoas percebem, Vi! Até o Gabriel Menino fez piada, perguntando se a gente estava mais próximo. E o Richard... — Pausei, sentindo minhas bochechas esquentarem ao lembrar.

— Ahá! Sabia! — Vitória exclamou, batendo a mão na coxa. — Conta logo, menina! O que ele fez?

Eu dei uma risadinha sem jeito, me afundando mais no sofá.

— Ele ficou quieto quando o pessoal começou a falar, mas depois... ele fez questão de me dizer que quer que o Bruno vá pra São Paulo pra ele poder levar o meu irmão no CT. E aí, falou do tal desafio no treino... Eu juro, Vi, quando ele começou a falar sobre isso, eu me senti... bem, sabe? Tipo, ele tá tentando de verdade.

Vitória tomou um gole do vinho, me olhando como se analisasse cada palavra minha.

— E você? Como se sente com isso? — Ela perguntou, sempre direta ao ponto.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando organizar meus pensamentos.

— Confusa. — Admiti, virando o rosto para ela. — Ao mesmo tempo que eu quero muito que a gente volte a ser amigos, eu não posso negar que ainda tem algo entre a gente. Quando ele me segurou lá no quarto... Eu achei que a gente ia... Sei lá, algo ia acontecer.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora