𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟔

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CLARA BEATRIZ
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Ficamos ali em silêncio por mais alguns segundos, ambos absorvendo o peso da nossa conversa. A tensão entre nós ainda estava ali, mas era diferente agora. Menos sufocante, mais leve, como se parte do fardo que carregávamos tivesse sido deixada para trás.

Eu soltei um suspiro longo, olhando para o chão, tentando organizar meus pensamentos antes de quebrar o silêncio.

– Está tudo bem entre nós? – perguntei, minha voz baixa, mas cheia de incertezas. Eu precisava ter certeza de que as feridas que ainda carregávamos não impediriam a reconstrução daquilo que fomos um dia. – Quer dizer... depois de tudo isso.

Richard me encarou por um momento, os olhos escurecidos, como se estivesse ponderando a resposta certa. Ele passou a mão pelo cabelo e suspirou, os ombros ligeiramente caídos, como se também estivesse exausto emocionalmente.

– Eu acho que pode levar um tempo pra tudo ficar... bem de verdade. – Ele começou, a sinceridade na sua voz me atingindo em cheio. – Mas sim, Clara. A gente está bem. E a gente vai ficar melhor.

Eu senti uma onda de alívio me percorrer. Apesar de toda a tensão e dos anos de afastamento, aquele Richard que eu conhecia ainda estava ali, disposto a construir algo a partir das ruínas que havíamos deixado para trás.

– Obrigada... – murmurei, segurando o olhar dele. – Eu precisava ouvir isso.

Ele me deu um pequeno sorriso, o primeiro genuíno desde que começamos aquela conversa, e meu coração deu um leve salto no peito.

– Então, o que acha de descermos lá e comemorarmos? – Ele sugeriu, tentando mudar o clima mais pesado que ainda pairava no ar. – Os caras estão esperando. Vai ser estranho se não descermos logo.

Eu ri baixinho, concordando com a cabeça.

– É... acho que já deixamos eles esperando demais.

Sem dizer mais nada, ambos começamos a caminhar em direção à saída da laje. A atmosfera entre nós estava diferente agora, menos tensa, mas ainda havia muito não dito. No entanto, eu estava aliviada por termos finalmente quebrado o silêncio e começado a reconstruir nossa relação, mesmo que de uma forma lenta e cautelosa.

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Quando chegamos ao andar de baixo, o barulho das vozes dos jogadores aumentou. Eles estavam todos reunidos na área comum, rindo, brincando e comemorando a vitória. Assim que nos viram, Gustavo Gómez foi o primeiro a levantar o copo e nos chamar.

– Aí, olha quem resolveu aparecer! – Ele gritou, fazendo todos se virarem para nós. – O casal demorado!

Eu senti minhas bochechas esquentarem instantaneamente, e Richard apenas revirou os olhos com um sorriso brincalhão nos lábios.

– Não somos um casal, Gustavo – retruquei, fingindo estar ofendida, mas o tom leve na minha voz indicava que eu estava só entrando na brincadeira.

– Sei... – Murilo entrou na conversa, olhando para Richard com um sorriso maroto. – Mas vocês têm uma vibe aí, hein?

Richard cruzou os braços, tentando manter uma expressão neutra, mas eu percebi o jeito que ele apertou a mandíbula. Ele sempre teve esse jeito de esconder o que sentia, e agora, mais do que nunca, eu conseguia perceber as pequenas nuances em suas reações.

– Vocês são muito fofoqueiros, é isso que vocês são – ele disse, com um tom divertido, mas firme, tentando desviar a atenção.

Eu apenas ri, tentando mudar de assunto.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora