𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟒

157 12 2
                                    

CLARA BEATRIZ
➸ ➸ ➸ ➸ ➸ ➸

O som do ônibus parando em frente ao estádio trouxe uma onda de nervosismo inesperada. Era o meu primeiro jogo acompanhando o time como social media, e mesmo sabendo que estava lá para trabalhar, a sensação de estar envolvida nesse ambiente competitivo e intenso me deixava inquieta. Fui uma das primeiras a descer, câmera em mãos, tentando me manter no meu papel, ainda que as batidas aceleradas do meu coração me lembrassem o quanto tudo isso era novo.

Logo depois, Endrick apareceu ao meu lado, sempre com aquele sorriso contagiante.

— E aí, Clara, tá animada? — Ele perguntou, ajeitando a mochila nas costas.

— Nervosa, na verdade — confessei, rindo sem graça.

— Relaxa, é só o Vasco. Hoje é três pontos na conta! — Ele piscou, confiante, enquanto caminhávamos juntos em direção ao vestiário.

Lá dentro, o clima era de concentração, mas a descontração ainda estava presente. Raphael veio na minha direção logo que me viu, sempre brincalhão.

— Clara, vai dar sorte hoje, né? — Ele disse, me provocando.

— Eu tô só filmando vocês, a responsabilidade é toda sua — respondi, me permitindo relaxar um pouco com a leveza do comentário.

Enquanto eles se preparavam, passei a registrar algumas cenas: os uniformes sendo ajustados, os rostos sérios de concentração antes do aquecimento, e Abel Ferreira, o treinador, conferindo os últimos detalhes da estratégia. Tudo fluía bem até eu perceber Richard sentado em um canto, ajustando as chuteiras, parecendo alheio a toda conversa. Tentei me manter distante, mas era inevitável não notar o contraste entre ele e o resto dos jogadores.

Decidi filmá-lo por alguns segundos, mesmo que ele não estivesse ciente. Quando ele finalmente olhou em minha direção, nossos olhares se cruzaram por um breve instante. Ele não disse nada, apenas balançou a cabeça minimamente, como se estivesse em aprovação ou talvez em reconhecimento. Não era fácil decifrar o que Richard realmente pensava nesses momentos.

Meu coração deu aquele salto involuntário, como sempre acontecia quando ele estava por perto.
Respirei fundo e me aproximei, tentando não demonstrar que sua presença ainda mexia tanto comigo.

— Tudo pronto? — perguntei, mantendo o tom profissional. A câmera já estava posicionada, mas não captei as imagens dele agora.

Ele ergueu os olhos, me encarando por um segundo antes de assentir lentamente.

— Sempre pronto. — O tom era firme, mas seus olhos, embora focados, tinham algo a mais. Alguma coisa que só eu conseguia perceber. O Richard que eu conhecia ainda estava ali, por trás daquela armadura de jogador.

Pensei em continuar andando, mas então ele falou novamente, sem desviar o olhar.

— Espero que você esteja captando o que realmente importa aqui. Não só o que os outros querem ver.

Tinha uma provocação sutil naquelas palavras, como se ele estivesse duvidando da minha capacidade de entender o que era importante. Aquilo me irritou, mas me mantive firme.

— Eu sei o que é importante, Richard. E sei como mostrar isso pro público. — Respondi, mantendo o tom firme.

Ele assentiu, um leve sorriso no canto dos lábios, como se soubesse que tinha me afetado.

— Bom saber. Só não perde o foco. — E se levantou, passando por mim, o ombro roçando levemente no meu ao sair. Fiquei ali, paralisada por um segundo, sentindo aquela tensão inegável no ar.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora