𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐𝟐

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CLARA BEATRIZ
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Quando o carro parou em frente ao prédio onde eu morava, senti uma leve tensão se instalar no ar novamente. Olhei para a fachada familiar do meu apartamento, mas minha mente estava longe, ainda presa aos momentos que tinha passado com Richard naquele campo. A conversa tranquila, as risadas e a intensidade do toque dele no meu rosto... tudo isso parecia rodar na minha cabeça enquanto ele desligava o motor.

— Chegamos — ele disse, virando o rosto para mim, com aquele sorriso leve no canto dos lábios, mas com os olhos carregados de algo a mais, algo que me fazia prender a respiração.

— É, chegamos... — Murmurei, desfazendo o cinto de segurança e pegando minha bolsa no colo, mas sem a pressa habitual de sair do carro. Queria prolongar o momento mais um pouco, aproveitar aquela sensação estranha de estar dividida entre a ansiedade e a calma que ele me fazia sentir.

Olhei para Richard de relance, e ele já me observava, o olhar fixo, penetrante. Ele riu de leve, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.

— Foi um bom dia, não foi? — Ele perguntou, a voz baixa, quase como se estivesse testando o terreno.

Eu sorri, tentando parecer mais descontraída do que realmente estava.

— Foi sim, muito bom. E... obrigada por isso. Fazia tempo que eu não me divertia assim.

— Que bom que eu pude ajudar com isso. — O sorriso dele cresceu, e senti uma pontada de algo indescritível no peito. — E a revanche tá de pé, né?

Eu ri, balançando a cabeça, tentando afastar a timidez que começava a surgir.

— Tá mais do que de pé. Pode se preparar, da próxima vez quem vai ganhar sou eu.

Ele levantou as sobrancelhas, claramente se divertindo com minha confiança renovada.

— Ah é? Quero ver. — Ele se inclinou ligeiramente em minha direção, apenas o suficiente para que eu sentisse sua presença mais próxima. O ar no carro pareceu ficar mais denso, e por um momento, todo o resto desapareceu.

Me virei um pouco mais para ele, nossa proximidade criando uma tensão sutil, mas inegável. O silêncio entre nós falava mais do que qualquer palavra. Meus olhos pousaram nos dele, e novamente, senti aquele mesmo arrepio percorrer minha espinha.

— A gente vai se ver amanhã, né? — Ele disse, quebrando o silêncio, mas ainda mantendo a intensidade do momento. — Jogo importante...

— Sim... — respondi, minha voz um pouco mais baixa do que eu pretendia. — Palmeiras e Corinthians. Vou estar lá.

— Bom saber — ele respondeu, um sorriso meio de lado surgindo. — Então, acho que não vou precisar esperar muito pela revanche.

Eu ri, tentando aliviar a tensão que pairava no ar.

— Não, não vai. E quem sabe depois do jogo... a gente já combine algo.

Richard fez um pequeno gesto com a cabeça, como se estivesse concordando, mas os olhos dele ainda me estudavam, examinando cada pequena reação que eu tinha.

Eu abri a porta do carro, me preparando para sair, mas hesitei por um segundo.

— Obrigada, de verdade. Foi um ótimo dia.

Ele deu apoiou uma das mãos no volante, como se quisesse prolongar a despedida tanto quanto eu.

— Eu que agradeço. Não sei se você percebeu, mas eu também me diverti. — Ele piscou para mim, e senti um calor subir pelo meu rosto.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora