𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟗

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CLARA BEATRIZ
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Seguimos pelo corredor estreito até o avião, e o clima parecia pesar cada vez mais conforme nos aproximávamos do embarque. Eu, Richard e os outros jogadores caminhávamos em silêncio, apenas o som dos passos e algumas risadas esparsas dos outros ecoando ao fundo. Por mais que ninguém estivesse olhando diretamente, a tensão entre mim e Richard parecia impossível de ignorar. A cada passo, eu sentia a presença dele mais forte ao meu lado, mesmo que não estivéssemos realmente próximos.

Endrick, claro, estava logo atrás, e eu podia sentir o olhar dele em nós dois. Talvez até estivesse contendo uma nova piada, mas, por enquanto, permanecia em silêncio. Veiga estava mais à frente, conversando com Piquerez sobre algo qualquer, mas a cada minuto, olhava para trás com um sorrisinho cúmplice.

Assim que passamos pelo portão de embarque e entramos no avião, fui a primeira a pegar o corredor. Olhei meu cartão de embarque mais uma vez, apenas para confirmar. 12B. E, logo ao lado, a marcação clara do assento de Richard: 12A.

Meu coração acelerou um pouco mais, mas tentei manter uma expressão neutra. "É só uma viagem", pensei. "Duas horas sentada do lado dele, e pronto. Não pode ser tão ruim."

Eu me aproximei dos assentos e, sem dizer nada, coloquei minha bagagem de mão no compartimento acima. Quando terminei, me virei e vi Richard logo atrás, fazendo o mesmo. Ele não olhava diretamente para mim, mas a tensão em seus ombros era evidente, a maneira como ele tentava agir de forma casual, mas falhava. Seus movimentos eram rígidos, quase mecânicos, enquanto ele colocava a mala no compartimento.

Respirei fundo e me sentei no meu lugar, ajustando o cinto de segurança com uma calma forçada. A cada segundo, eu esperava que ele fosse dizer algo, uma piada sarcástica ou até mesmo uma reclamação, mas ele não disse nada. Richard apenas se sentou ao meu lado, deixando um pequeno espaço entre nós que parecia ser ao mesmo tempo insuficiente e excessivo.

Por um momento, o silêncio entre nós foi ensurdecedor. Olhei pela janela, tentando não parecer desconfortável, mas o calor no meu rosto me entregava. Eu podia sentir o olhar dele desviar para mim de vez em quando, mas quando eu virava o rosto, ele rapidamente focava em algo à frente.

Richard ajustou o cinto e se mexeu na poltrona, como se também estivesse desconfortável. Seus ombros estavam tensos, e ele cruzou os braços, se encostando para trás, mas o gesto não parecia relaxado.

Era como se estivéssemos esperando, ambos cautelosos, sem saber o que dizer ou fazer. O que, de certa forma, só aumentava a tensão. O ar entre nós parecia carregado de palavras não ditas, de emoções contidas.

Endrick e Veiga passaram pelo corredor, lançando olhares maliciosos em nossa direção. Eles não disseram nada, mas suas expressões eram suficientes para deixar claro que sabiam exatamente o que estavam fazendo.

Richard suspirou ao meu lado, e eu podia sentir o peso daquele som, como se ele estivesse tão exausto daquela situação quanto eu. Mas, por mais que eu tentasse relaxar, era impossível ignorar a proximidade. Ele estava ali, a centímetros de distância, e tudo em mim estava hiperconsciente disso.

— Então... — comecei, quebrando o silêncio com hesitação, e quase imediatamente me arrependi. — Você, por acaso, curtiu uma foto minha no Instagram?

Richard me encarou rapidamente, os olhos arregalados por um instante, como se eu tivesse desenterrado um segredo que só ele conhecia. Em seguida, desviou o olhar, disfarçando uma inquietação evidente.

— Não. — Ele respondeu seco, mas o tom de voz entregava algo que ele tentava esconder. — Foi o Endrick, fazendo graça.

Inclinei a cabeça, assentindo, mas não estava convencida. Algo na maneira como ele agiu não batia.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora