𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟑

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CLARA BEATRIZ
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Eu acordei com o barulho do despertador. Um novo dia no Palmeiras me esperava, e eu sabia que teria que manter o foco, independentemente do que acontecesse. Respirei fundo, tentando sacudir o sono e me preparar para mais um dia. Meu segundo dia no clube.

Antes de sair, encontrei Vitória na cozinha, já preparando seu café.

— Bom dia, dorminhoca — ela brincou, com um sorriso no rosto.

— Bom dia — respondi, meio sonolenta, mas sorri de volta. — Como você consegue estar tão animada logo cedo?

— Já estou acostumada — ela deu de ombros. — E você? Ansiosa para mais um dia no CT?

Eu suspirei e me sentei à mesa, pegando uma fatia de pão e colocando um pouco de café na xícara.

— Um pouco. Só estou tentando manter o foco no trabalho e não... bom, você sabe.

Vitória me lançou um olhar compreensivo.

— Richard?

— Richard — confirmei, sem entusiasmo. — Ontem foi complicado. Ele mal olhou para mim.

Ela balançou a cabeça e se inclinou sobre a mesa.

— Dê tempo ao tempo, Clara. Vocês dois têm uma história. Isso não vai se resolver da noite para o dia. Mas se você continuar mostrando quem você é agora, ele pode deixar o passado para trás.

— Espero que sim — murmurei, mordendo o pão, mas minha mente já estava no CT, imaginando como seria o dia.

— Mas e você dormiu bem? — ela perguntou.

— Tentei — respondi, bebendo o resto do meu café. — Ontem foi puxado, mas acho que vou sobreviver.

Vitória riu, levantando-se para pegar sua bolsa.

— Não preciso nem perguntar quem tenha sido o responsável por isso, de novo. — Ela piscou, e eu dei um sorriso de canto.

— Não vou mentir, ele contribuiu um pouco para a tensão — admiti. — Mas hoje vai ser melhor. Preciso me concentrar no trabalho, não nas distrações.

— Essa é a minha garota! — Vitória ergueu a mão, e eu a bati de leve, me despedindo. — Boa sorte no CT hoje!

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Quando cheguei ao centro de treinamento, o movimento já era intenso. Os jogadores estavam aquecendo no campo, a equipe técnica se reunindo para discutir estratégias. Respirei fundo e me preparei para outro dia de trabalho. Enquanto atravessava o corredor em direção à minha sala, vi um dos jogadores, Veiga, sentado em um banco, ajustando as chuteiras.

— Bom dia! — ele me cumprimentou, com um sorriso descontraído.

— Bom dia! — respondi, reconhecendo-o de longe.

— Tá se acostumando com a correria daqui? — ele perguntou, ajeitando os tênis enquanto conversava comigo.

— Aos poucos — sorri. — Ainda me perco um pouco, mas faz parte.

Ele riu, assentindo.

— Se precisar de alguma coisa, é só falar. O pessoal aqui é tranquilo, mas as primeiras semanas são as mais complicadas. Tem que ter jogo de cintura.

— Pode deixar, vou lembrar disso. Obrigada, Raphael.

Ele me desejou boa sorte, e seguimos caminhos opostos. A conversa leve tinha me ajudado a relaxar um pouco. Respirei fundo ao chegar na minha sala, fechei a porta e soltei um suspiro. Era um alívio estar ali sozinha por um momento. Peguei minha bolsa e tirei o porta-retratos que tinha trazido. Era uma foto antiga da minha família, tirada em um dia ensolarado. Eu, minha mãe, Bruno e... meu pai. Senti um aperto no peito ao ver o sorriso dele ali, congelado no tempo. Segurei o porta-retrato por alguns segundos, lutando contra a sensação de vazio que ele sempre trazia.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora