𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐𝟑

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CLARA BEATRIZ
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A tensão no clássico era palpável, e mesmo do lado de fora do campo, o ambiente vibrava com a energia de dois dos maiores rivais do futebol brasileiro se enfrentando. Eu estava sentada perto do campo, com o celular em mãos, filmando alguns momentos do jogo para as redes sociais do Palmeiras. O primeiro tempo estava intenso, mas nenhum dos dois times conseguira marcar um gol até o momento. Richard estava jogando muito bem — preciso nos passes, forte nos desarmes — e eu conseguia ver a determinação em cada movimento seu.

Ainda assim, o placar continuava em 0x0, e eu sabia que os jogadores estavam começando a sentir o peso da falta de resultado. Quando o árbitro apitou o final do primeiro tempo, me levantei e guardei o celular, pronta para descansar um pouco até o segundo tempo começar. O clima na torcida também era de ansiedade, e mesmo quem estava no banco parecia impaciente.

Resolvi caminhar um pouco pelas áreas permitidas ao staff, pensando em filmar alguns conteúdos mais descontraídos do intervalo. Foi então que, distraída, quase esbarrei em alguém. Ao levantar os olhos, dei de cara com Yuri Alberto, atacante do Corinthians.

— Opa, desculpa! — Eu falei rapidamente, dando um passo para trás, mas ele riu, despreocupado.

— Imagina, tá tudo certo. — Ele respondeu, com um sorriso confiante, do tipo que revelava que ele já estava acostumado com encontros inesperados. — Clara, né? — Ele perguntou, olhando para o meu crachá.

Eu assenti, meio surpresa por ele saber meu nome, mas então lembrei que tinha filmado algumas cenas nos bastidores antes do jogo, talvez ele tivesse visto.

— Isso, Clara. — Respondi, tentando manter o tom leve.

— Você tá filmando pro Palmeiras, né? — Ele perguntou, aproximando-se um pouco mais, o sorriso no rosto. — Achei que alguém tão bonita devia ser modelo ou algo assim, não mídia de futebol.

Minha garganta secou por um momento. O jeito casual com que ele jogou o elogio me pegou de surpresa, e eu não pude evitar sentir um pouco de desconforto. Não que Yuri fosse desagradável, mas havia algo na forma como ele me olhava que me deixava sem jeito.

— Ah, obrigada... — Falei, tentando ser educada, enquanto desviava o olhar.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, senti uma presença familiar por perto. Richard. Ele estava parado a alguns metros de distância, nos observando, e o olhar sério em seu rosto deixou claro que ele não gostava nem um pouco da situação. Seus olhos iam de mim para Yuri, e havia algo mais ali — algo que eu reconheci instantaneamente: ciúmes.

Eu prendi a respiração, sem saber exatamente o que fazer. Por um instante, meu olhar cruzou com o de Richard, e a tensão entre nós era quase palpável. Ele se aproximou com passos firmes, e Yuri, percebendo sua chegada, olhou para ele com curiosidade.

— Clara, podemos conversar? — Richard disse, a voz grave, mas com um tom controlado. Seus olhos estavam fixos em mim, mas o subtexto era claro: ele queria me tirar daquela conversa com Yuri.

Yuri, que até então parecia relaxado, ficou sério por um momento, observando a interação entre nós dois. Ele cruzou os braços e, como se ignorasse a presença de Richard, se dirigiu a mim novamente.

— Então, Clara, espero te ver na festa depois do jogo. — Ele disse com um sorriso, claramente provocador.

Eu não sabia o que responder, então apenas sorri educadamente e assenti, tentando não intensificar o clima que já estava tenso. Sentia Richard ao meu lado, o corpo dele tenso, claramente incomodado com o que Yuri havia dito.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora