𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟎

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CLARA BEATRIZ
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Assim que descemos do avião e começamos a caminhar em direção ao ônibus, o clima entre os jogadores estava bem mais descontraído. Eles riam e comentavam sobre a viagem, as paisagens, e claro, o jogo que se aproximava. Eu, por outro lado, estava mais concentrada em observar tudo ao redor, tentando aproveitar a calmaria momentânea antes da próxima etapa.

Quando entrei no ônibus e me preparava para escolher um assento, ouvi Piquerez me chamar:

— Ei, Clara, quer sentar comigo de novo? — ele sorriu, apontando para o assento ao lado dele.

Eu sorri e assenti, me dirigindo ao lugar ao lado dele. Mas algo me fez olhar para trás, e lá estava Richard, observando cada movimento que eu fazia. Ele me encarava por um segundo, e então, como se algo tivesse mudado dentro dele, seu sorriso leve desapareceu e deu lugar a uma expressão mais séria. Algo que eu não conseguia entender bem.

Assim que me acomodei ao lado de Piquerez, ele puxou assunto rapidamente, tentando manter a leveza:

— Clara, você é do Brasil mesmo? De que estado?

Eu abri a boca para responder, mas fui interrompida por uma voz inesperada.

— Ela é da Colômbia.

Virei-me para ver Richard, sentado em um das fileiras à frente, respondendo antes de mim. Todos no ônibus pararam, e de repente, todos os olhares se voltaram para ele. Por que ele respondeu por mim? E tão rápido assim? Eu sabia que ele lembrava desse detalhe, mas a atitude dele fez todo mundo estranhar.

O clima no ônibus ficou estranho por um segundo. Os outros jogadores trocaram olhares, e Endrick, claro, não perdeu a chance de fazer piada. E dessa vez, até agradeço por quebrar esse clima.

— Pô, Richard, tá falando por ela? — zombou Endrick, cutucando Veiga, que deu uma risadinha também.

Richard deu de ombros, fingindo despreocupação, mas algo no seu jeito, na forma como seus ombros ficaram tensos, me fez perceber que havia mais por trás daquela resposta.

— Achei que ninguém sabia disso — Piquerez comentou, meio sem jeito, olhando de Richard para mim. — E aí, é verdade?

Tentei sorrir, tentando quebrar o clima.

— Sim, é verdade. Nasci na Colômbia, mas depois me mudei para o Brasil.

O silêncio que se seguiu foi um pouco desconfortável. Richard não olhou para trás, mas eu conseguia ver a tensão nos seus movimentos, o jeito como ele mexia no banco, tentando disfarçar. Por que ele estava agindo assim? Era quase como se estivesse incomodado... ou com ciúmes?

Piquerez tentou quebrar o silêncio com uma piada:

— Isso explica o sotaque meio diferente às vezes. Mas sério, Richard, ficou até estranho agora, como você falou tão rápido!

Richard deu um sorriso forçado, e eu percebi que ele estava tentando se controlar.

— Velhos tempos — respondeu, desviando o olhar para a janela.

O ônibus começou a se mover, e as conversas entre os jogadores voltaram ao normal. Comentavam sobre o jogo, riam de piadas internas, e pareciam esquecer o pequeno momento tenso de antes. Pelo menos eles esqueceram. Eu, por outro lado, não conseguia parar de pensar na atitude de Richard.

Veiga se inclinou no banco, sorrindo maliciosamente, e olhou para mim e Richard:

— Imagina só se eles colocarem vocês dois no mesmo quarto no hotel. Seria um treino de convivência forçada. — Ele soltou uma gargalhada.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora