𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟗

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CLARA BEATRIZ
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Como sempre, os jogadores se distribuíam entre as poltronas, alguns já com o fone de ouvido colocado, outros ainda rindo e conversando sobre o jogo anterior. Eu me sentei ao lado de Richard novamente, meio que por costume agora, e senti um leve arrepio ao perceber o quão natural aquilo estava começando a parecer.

Endrick se jogou no assento da frente, virando de lado para ficar de frente para nós dois, com aquele sorriso travesso de sempre.

— E aí, Clarinha? Tá preparada pra encarar o Corinthians no próximo jogo? — ele perguntou, com uma piscadela.

Revirei os olhos, fingindo desdém.

— Preparada? Eu sou a única que tá sempre preparada aqui. Vocês que precisam se esforçar mais.

Richard deu uma risadinha ao meu lado, jogando a cabeça para trás no encosto da poltrona.

— Se a gente perder, é culpa da Clara. Ela que vai ter que resolver isso na mídia.

— Ah, claro, culpa minha agora, né? — respondi, cruzando os braços de brincadeira.

— Lógico! — Endrick entrou na provocação. — A gente joga, mas quem segura a bronca depois é você. Se fizer um post ruim, já era. A torcida vai cair em cima.

Olhei para ele, tentando não rir.

— Endrick, eu tô mais preocupada com você entregando a bola pro adversário do que com os meus posts.

Richard riu mais alto dessa vez, dando um leve tapa no ombro de Endrick.

— Agora ela te pegou, moleque.

Endrick fez uma careta exagerada, fingindo indignação.

— Ah, cês vão ver no próximo jogo. Vou fazer gol no Corinthians e ainda vou apontar pra você, Clara, só pra lembrar dessa provocação.

Eu soltei uma gargalhada e dei de ombros.

— Beleza, vou estar lá pra te cobrar então.

— O que tá rolando aí? — perguntou Veiga, se virando no banco de trás para se juntar à conversa.

— Clara tá achando que entende mais de futebol que a gente — Endrick respondeu rapidamente.

— Sempre soube — Veiga comentou com um sorriso, jogando a cabeça para trás. — Agora a gente tem que ouvir crítica até da mídia. Tá complicado, mano.

— Do jeito que cês tão jogando, tá mesmo — continuei a provocação, e dessa vez, Richard me cutucou com o cotovelo, sorrindo.

— Você tá se achando muito só porque virou social mídia do time. Tá achando que pode falar o que quiser, né? — ele disse, com aquele brilho nos olhos que eu já estava começando a reconhecer.

— E posso, né? — repliquei, inclinando-me de leve para ele, o que fez nossos ombros se tocarem. — Faz parte do meu trabalho.

— Só não exagera, porque senão quem vai ter que te segurar sou eu — ele disse em um tom mais baixo, mas com um sorriso nos lábios.

O toque dos nossos ombros fez meu coração acelerar por um segundo, mas eu mantive a expressão descontraída. O clima leve entre nós estava ajudando a dissipar um pouco da tensão, e naquele momento, parecia fácil brincar um com o outro.

— O que vocês acham do próximo jogo? — Dudu perguntou de repente, virando para nós e interrompendo o nosso pequeno momento. — Vai ser pegado, hein. Clássico é sempre complicado.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora