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Betado por:Mave_scarr💜

Park Jimin

Não estava sendo fácil.

Nunca foi, na verdade. Desde que perdi meus pais, meu mundo virou de cabeça para baixo.

De uma família amorosa e unida, eu fui para um tio abusador, para uma criança de apenas seis anos que passou por tantos traumas. Eu me acho um adulto normal, claro, tenho meus altos e baixos. Do dia para noite, saí do céu para o inferno.

Me lembro vagamente da minha infância, talvez eu fosse novo demais quando tudo aconteceu, ou o meu celebro tenha apagado boa parte da minha memória, para o meu próprio bem, talvez. Me lembro do meu pai chegando em casa e perguntando como foi nosso dia, da minha mãe feliz só por ter a família reunida, da minha irmã dizendo que me protegeria de todo o mal.

Ela me protegeu enquanto estávamos juntos.

Gostaria de ter vivido um pouco mais com meus pais, minha avó e principalmente minha irmã. Lembro da mamãe dizendo que desde da primeira vez que nos vimos, ela viu o brilho nos meus olhos e a felicidade da minha irmã em saber que agora tinha um irmãozinho.

Me lembro da cena que vi quando chegamos ao local do acidente, a vovó tentando tampar os nossos olhos para não vermos a tragédia, não adiantou muito. A chuva era forte, estávamos todos molhados, eu não entendia direito o que estava acontecendo.

“A mamãe e o Papai estão dormindo vovó?"

Questionei ao ver os corpos do meus pais deitados com lençóis os cobrindo.

Éramos crianças e estávamos apavorados ao ver tanto sangue e vendo os bombeiros tirando nossos pais de dentro de todos aquele monte de ferro que um dia foi nosso carro.

Lembro do dia que a vovó morreu e nossa guarda foi dada aquele homem.

Lembro do dia que homens entraram em nossa casa e levaram a minha única família embora. A Sollyoon.

Me lembro de todas as vezes que aquele homem tocou no meu corpo, lembro as coisas nojentas que ele falava.

Lembro de pedir ajuda e me chamarem de louco.

“Onde o tio vai abusar assim de uma criança? Você é apenas um menino. Não seja assim, deve ter entendido errado."

Eu não entendi nada errado.

Eu entendi errado quando ele dizia que eu tinha belas pernas? Ou quando ele dizia que iria me comer até eu perder a consciência? Eu entendi errado quando ele me dava aqueles banhos com a desculpa que eu não sabia me lavar direito? Eu entendi errado quando senti ele me apalpar a noite enquanto eu dormia? Eu entendi errado quando ele me forçou a se deitar com ele com a desculpa de que era para eu virar homem?

Hipócritas filhos da puta.

Muitas dessas memória são apenas flashs, outras eu apenas escutava os gritos, as palavras.

“Não adianta gritar, ninguém vai vir".

"Não olhem crianças, por favor não olhem".

“Você tem certeza, tem provas?"

"Isso é algo muito sério, não pode acusar alguém sem provas."

“Soltem a minha irmã!”

De todas essas memórias, a que mais estava doendo ultimamente, era a de dois dias atrás.

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