Capítulo XX - Rastro de Pavor

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          A madrugada densa e fria acolhia o corpo de mais uma vítima na prestigiada Universidade de Harvard, desta vez, no prédio das artes. O cenário estava montado, envolto em mistério e escuridão, e o peso da investigação recaía nos ombros dos dois experientes detetives que já haviam lidado com horrores semelhantes, mas nada como isto.

          Anthony Lawrence e Daisy Ludgero caminharam em silêncio até o epicentro da tragédia. O salão de exposições de artes dos alunos, normalmente um espaço dedicado à demonstração da criatividade e expressão artística. Agora mergulhada em sombras sinistras. As cadeiras estavam caídas, quadros partidos, folhas de desenhos espalhadas como testemunhas mudas de um evento que ninguém gostaria de ter presenciado.

          Daisy, de olhos atentos e com passos calculados, foi a primeira a quebrar o silêncio, analisando a cena de crime com a precisão de quem já havia visto muitos casos, mas que nunca se acostumara com a brutalidade.

          — "Não há sinais de luta," disse ela, agachando-se ao lado do corpo do aluno. "A morte foi rápida, mas como terá sido." 

          Anthony, com um semblante sério e com as mãos nos bolsos, aproximou-se do cadáver. O jovem, agora sem vida, tinha uma expressão de puro terror congelada no rosto. 

          — "Olha isso," indicou ele, apontando para o pescoço da vítima. "Não há marcas de estrangulamento, de facadas, nada que indique uma causa tradicional de morte." Mas logo de imediato o detetive notou algo estranho. 

          — "Ele está com sangue, como não reparamos nisto antes?" disse, agachando-se ao lado do corpo como tinha feito Daisy. — "Estás a ver aqui!" Com as luvas nas mãos ele pega na cabeça do jovem para a levantar, pois o mesmo estava virado de barriga para baixo com o rosto que escondido pelo braço.

          — "O que mas ninguém viu sangue... O sangue está a sair só agora... E a sair pelos olhos, boca, nariz e orelhas. O que isto significa, será uma doença?"

          — "Não sei cara colega, só sei que isto está a ficar muito estranho, temos que chamar a equipa para levarem o corpo para IML (Instituto de Medicina Legal) para ser examinado com mais cuidado pelo Logan."

          Daisy olhou para Anthony , seus olhos se estreitando em concentração. Ela passou o dedo levemente sobre a pele pálida da vítima, olhando nos olhos sem brilho, tentando decifrar o que teria acontecido ali. Era um mistério estranho, quase sobrenatural. E mais intrigante ainda: não havia o "M" ensanguentado, assinatura macabra do assassino dos crimes anteriores. Isso descartava a possibilidade de ser obra do mesmo homicida.

          — "Isto não faz sentido," murmurou Daisy. "Todos os corpos anteriores exibiam aquele padrão... mas esse? Não há nada. Nenhum sinal de luta, nenhuma assinatura."

          Anthony se levantou e olhou em volta. O ambiente estava carregado de uma energia opressora, como se o mal ainda pairasse ali. Ele sentia que havia algo mais, invisível aos olhos, algo que não podiam compreender totalmente. O que lhe dava arrepios.

          — "Seja lá quem ou o que matou este jovem rapaz," começou Anthony, "fez isso sem deixar rastros físicos. Estamos a lidar aqui com algo que vai além do que podemos explicar."

         Daisy balançou a cabeça em concordância, mas os olhos dela ainda estavam fixos na cena. Começou a circundar o corpo, à procura dos detalhes que pudessem ter escapado. Olhou para os objetos espalhados — cavaletes de pintura, peças partidas de estátuas, algumas telas partidas — tudo parecia normal à primeira vista. Mas algo, nas sombras do ambiente, fazia sua pele arrepiar.

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⏰ Última atualização: Oct 02 ⏰

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