O Boneco do Quarto 666

Capítulo V - Descobertas

          Já estava a meio do dia, o tempo até passou rápido. Só ouvia pessoas a conversarem por toda a parte, diziam que todos estes acontecimentos estavam relacionados aos quartos 13 e 666. Alguns alunos comentavam que a escola era amaldiçoada e que um dos bonecos tinha algo a ver com isso, outros já afirmavam que todos os bonecos se juntaram para fazer estes crimes. Até há uns inteligentes que dizem que alguém foi possuído e matou o Ryan, hehe que imaginação não é mesmo? Muitos até acusaram-me, já que ele tinha algum tipo de problema comigo. Como se fosse minha culpa o fato de ele se achar superior aos outros.

          Outros discordavam completamente e diziam que o assassinato de Kate Smith e do Ryan tinham sido cometidos pela mesma pessoa ou por algum ser do além. Eu precisava investigar melhor essa história. 

          Com o fim de semana à vista, decidi que iria ao centro da cidade para fazer compras e tentar falar com o Sr.Smith, o pai da Kate. Talvez ele soubesse mais sobre o que aconteceu e sobre os recentes eventos.

          Aproveitei para comprar algumas roupas, maquilhagem e produtos de higiene, enquanto estava a dar uma última volta pelo centro, avistei o Sr. Smith.

          — "Sr. Smith!" – Gritei enquanto balançava a minha mão. 

          Ele viu-me e pareceu estar com um semblante aliviado.

          — "Menina Jones, ainda bem que ainda está viva e inteira." Ele deu um pequeno sorriso, mas as suas palavras soaram estranhas.

          Credo, que coisa estranha para se dizer a uma jovem. Será que ele já sabia o que teria acontecido?

          —  "Sr.Smith, posso fazer-lhe uma pergunta? - Ele deu um leve aceno com a cabeça afirmado que poderia continuar. 

          — "A Kate Smith era sua filha, certo?" - Perguntei um pouco receosa de tocar num assunto doloroso. 

          Ele confirmou e disse: — "Kate era de facto a minha filha, ela perdeu a vida de uma maneira repentina, tão jovem..." 

          Ficamos lá a conversar um pouco, contei-lhe o que se havia passado lá na escola com o Ryan. Como já suspeitava ele já sabia... presumi que toda a cidade, talvez até o país inteiro já soubessem da morte dele. 

          — "Já todos sabem Senhorita Jones, o pai do Ryan prometeu que quem quer que tenha morto o filho iria apodrecer na cadeia. Apareceu nas notícias. Porém não acho que seja possível acontecer... Não deve ser obra de humanos... isto vai muito além do que nós imaginamos.

          — "Sr. Smith, eu era para ter sido a colega de quarto da sua filha. Sinto muito pelo que aconteceu, mas ... o senhor sabe de algo sobre o que realmente aconteceu com a Kate e o Ryan?"

          — "Querida menina Jones, apenas sei o que a polícia me contou na altura. Eles acham que a minha filha foi amarrada numa cadeira durante horas, sem comer ou beber. Ela foi mutilada, o corpo estava cheio de cortes, cada vez mais profundos, e deixaram-na esvair-se em sangue. Algumas partes do corpo também foram queimadas, talvez para que ela sentisse mais dor." 

          Mas que horror, espera... lembrei-me agora que o Ryan também foi deixado a esvair-se em sangue. Será essa alguma marca do assassino ou apenas um gosto sádico pelo sofrimento alheio?

          — "A minha filha também teve os olhos arrancados pouco depois da morte. A polícia acredita que isso foi feito como punição. Os olhos dela foram enviados para mim junto com uma carta que dizia que ela estava sendo punida por tratar mal os outros, incluindo o boneco que estava no quarto... Só não entendo como, ela foi mais cedo... Acho que nem haviam tantos alunos assim...!" - Ele parou andou um pouco até ao táxi e tirou do porta-luvas uma carta e entregou-a para mim e continuou.

          — " Dizem que, quando estava num dia ruim, ela descontava no boneco, que pelo que ouviam dizia coisas como, que ele era inútel, sem vida, e que um dia o jogaria no lixo e que o queimaria. Depois disso ela foi encontrada sem vida no armário, com um M cravado no peito, e então fecharam o quarto." - Ele terminou e mostrou-me a carte, realmente estava isso tudo descrito. 

          Dizer que iria queimar o boneco ... e ela foi queimada, que irónico. Tiraram-lhe os olhos por "olhar de forma errada". Ao Ryan cortaram a língua, porque ele rebaixava os outros. Será que estamos lidando com um assassino justiceiro?

          — "Menina jones, cuide-se. Não vá atrás do assassino. Deixe que a polícia resolva isso. Não queira aparecer na lista de vítimas."

          Agradeci ao Sr.Smith por compartilhar toda esta informação e disse que falaria com ele novamente, se precisasse de mais algum coisa.

          Caminhei de volta para à escola para poder refletir. E de repente surgiu um plano na minha mente: - Descobrir se o boneco do meu quarto tem vida. talvez eu seja um pouco louca, mas a esta altura do campeonato, vocês já deveriam saber disso.

          Quando cheguei ao quarto, coloquei minhas compras no armário, pensando em arrumar tudo amanhã. Olhei de relance para o boneco e, por um segundo, jurei pela minha alma, que o vi a mexer-se. Algo me diz que ele não é só um boneco inanimado... Pode até ser só um boneco, mas têm algo estranho nele, como se algum espírito estivesse ali, como naquele filme do Chucky, onde o espírito de um homem entrou para dentro do boneco através de um ritual.

          Decidi tirar isso da cabeça, pelo menos por agora. E fui tomar um banho rápido. Voltei para o quarto e fiquei a encarar o boneco por um bom tempo, mas já estava a ficar cansada. 

          Então decidi pegá-lo. Ceús, ele é pesado! Deve ser feito de uma porcelana boa. Tentei arrastá-lo para a cama e o deitar lá. Dizem que ele gosta de ser cuidado e bem tratado... Então é isso que estou a fazer. Aproximei-o da parede e de repente... ele fechou os olhos! Isso é normal, não é? Espera... bonecos de porcelana não costumam fechar os olhos! Então, por que achas que é normal sua burra!!!!!! Fiquei com mais medo agora, mas vamos seguir com o plano.

         Mesmo com medo, deitei-me ao lado dele. peguei o lençol e o cobertor e cobri-nos. Fiz um pequeno carinho no cabelo, que cabelo macio, longo, parece tão real. Desejei-lhe boa noite. Fechei os olhos e tentei dormir. Pensei - se ele me matar, pelo menos estarei a dormir e não vou sentir nada.-

          Virei-me de costas para ele fechei os olhos. Estava quase adormecendo quando senti braços grandes envolverem a minha cintura.