Capítulo VII - Não funcionou

37 6 11
                                    

          Tenho a certeza de que as luzes se apagaram por obra dele, isto foi de propósito. Tenho a certeza, há algo peculiar neste boneco. Ele é tao diferente dos outros bonecos, pelo menos na minha opinião, até a aparência é tão distinta, a pele parece de porcelana, tão delicada. Eu estou a ser tão idiota, retardada, estupida, mas até corajosa ao mesmo tempo, ou seja, eu estou mesmo louca por fazer isto. Por que raios estou a tentar procurar respostas sobre isto tudo, sobre o boneco, qual será a origem dele, será que usaram magia? Se tudo for verdade que dizem que pode ser o boneco a realizar os crimes, estou cheia de veias com sangue que correm perigo. Confesso que quando as luzes se apagaram eu senti um desespero percorrer todo o meu corpo, o coração começou a acelerar, até parecia que queria saltar fora. O medo está a consumir-me, mas tenho que enfrentar isto tudo, eu preciso saber o que se passa. Posso tentar ajudá-lo. A pronto enlouqueci de vez, para de pensar nessas coisas Rachel.

          Levantei-me e caminhei rapidamente com passos largos até ao interruptor para ligar a luz, estendi a minha mão para ligá-lo, mas só consegui sentir um tecido, como um pano ou uma roupa.... Será que era ele, se for ele arrependo-me de estar a enfrentá-lo, será que o deixei irritado? É provável que sim. Com a palma da mão percorri um caminho sobre o tecido, parei quando senti uma curvatura a ser formada, sera a cintura? Passei a mão e estiquei a mesma, consegui sentir o interruptor e o liguei, mas as lâmpadas apenas piscaram duas vezes e desligarem-se completamente. Lembrei que tinha o telemóvel no bolso das calcas retirei-o e liguei a lanterna. (Algo estupido de se fazer? É, mas neste momento vocês já deveriam saber que a Rachel Jones é doida...)

          Ele estava ali à minha frente completamente parado, ele estava a impedir que eu ligasse as luzes, mas quando cheguei ao quarto e até antes das luzes se apagarem ele estava do lado oposto. Eu estava praticamente grudada ao peitoral dele e a minha mão na sua cintura. Fiquei envergonhada desliguei a luz do telemóvel e voltei a pô-lo no bolso. Não sei o que fazer agora. De tanta vergonha acabei por abaixar a cabeça fazendo com a minha testa se encostasse no peito dele, o bicho é alto credo. A minhas mãos agora estavam tremulas. Eu sei que logo ao lado encontra-se a porta, tentei esticar o braço para a colocar na maçaneta, abaixei um pouco a mão para tocar na chave, mas a chave não estava lá. Ignorei isto e apenas tentei abrir a porta rodando a maçaneta, tentativa falha pois estava trancada. MAS EU NÃO TRANQUEI ESTA MERDA.

          Esta criatura idiota deve estar a tentar deixar-me louca só pode, ele até deve estar a rir-se internamente com isto tudo. Imaginem se o boneco lesse mentes, mas porque um raio o chamo de boneco? Boneco humano demoníaco esta melhor assim.

          De repente estou com uma vontade de ficar na minha, deitada tentar dormir e só poder acordar quando esta coisa já não estiver aqui. Mas isso é impossível visto que estou de frente para o boneco demoníaco, neste exato momento. Não sei o que me deu, se foi culpa do medo que percorria o meu corpo, só sei que comecei a rodear a cintura dele com os meus braços. E foi neste momento que eu abracei aquela criatura pela primeira vez. Ele não retribuiu o abraço.... Foi algo estranho, mas ao mesmo tempo foi especial não sei explicar exatamente.

          Após estar abraçada com ele um bom tempo desfiz o abraço e afastei-me dando uns passos para trás e nesse exato momento as luzes ascenderam. O quarto voltou a estar iluminado. Ainda bem que abracei o boneco se fosse uns dos meus colegas já tinha levado um pontapé ou pior.

          - "Desculpa pelo abraço" Disse isto enquanto olhava diretamente nos olhos dele, os mesmos estavam vidrados nos meus e brilhavam com uma intensidade que eu não consegui entender.

          Como me apercebi que ele não iria responder nada acrescentei – "Já que não falas comigo, eu digo-te algumas coisas ouve com atenção. Sei que existe algo de estranho contigo, e eu vou continuar a ir atras de respostas até obtê-las custe o que custar".

O Boneco do Quarto 666Onde histórias criam vida. Descubra agora