Esperança. Às vezes, sinto que essa palavra perdeu o significado pra mim. É por esperança que eu ainda estou aqui. A esperança que meu pai tem e que me diz para ter todos os dias. A esperança que a minha irmã tinha de me ver bem denovo algum dia. A esperança que a psicóloga tem de conseguir mudar minha cabeça para que eu convivesse com os monstros de outra forma.
Eu tinha esperança. E a vi indo embora a cada dia, até não sobrar mais nada para acreditar.
Ter esperança me ajudou a acreditar denovo e se esforçar ao máximo a cada dia. Eu não queria que tivesse sido em vão. Juro que não queria.
Era o sonho do papai me ver sorrindo denovo. Era o sonho da minha irmã ter conseguido me curar.
Era o meu sonho conseguir acordar sem nada daquilo na minha mente desde o dia em que ele me salvou. Que eu ainda era aquela menina que sorria pra todos e sempre estava alegre. Feliz.
Aquela menina morreu. E eu não soube aceitar isso. Tentei ser como ela, pensar e agir como ela e se lembrar dela como o papai se lembrava. Ela morreu naquele dia. Naquela casa. Naquele quarto. Naquele minuto.
Eu me arrependo de ter dado chance para a esperança. Ela trouxe muita dor pra todo mundo, por minha causa. Eu não queria isso.
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Meu Diário
Non-FictionMe chamo Ana. Tento relatar sobre a minha vida como costumava fazer no meu antigo diário físico. Não há coisas boas para se ler neste diário.