Me lembro de acordar com o silêncio na minha mente. Mesmo ainda tendo tantos problemas ao longo do dia, era uma sensação boa. Eu reconheço isso hoje.
Me lembro da primeira vez em que eu vi no meu próprio quarto algo que não era real. Uma memória que me machucava muito sendo repetida na minha frente, com as vozes ecoando. Mesmo após aquilo ter passado, as vozes não pararam. Duas, três vozes. Todas diferentes e iguais. E nenhum dos doze remédios por dia conseguem fazer isso parar. Nunca para. Nunca.
Há uma voz na minha cabeça que repete apenas uma palavra: "Morrer". Do minuto que eu acordo até o minuto em que consigo dormir. Ela ecoa no fundo, e nunca para de repetir. Eu não sei o que ela é. Eu só convivo com ela, e com todas as outras. Elas aumentam, gritam e me manipulam. É difícil suportar e tentar controlar aquilo que eu não consigo, mesmo na frente da psicóloga. É como. Como ver uma peça de teatro longa e que repete os piores momentos da minha vida. A dor é imensa. Eu não posso parar de olhar e nem de ouvir. Parece uma eternidade. Se repete e se repete.
Quando termina, aquela eternidade foram só minutos. Todos aqueles traumas, vozes, alucinações. Tudo se vai e volta para o início. Menos a dor. A dor fica. Da dor vem o pânico e a tristeza. Da tristeza vem a fraqueza. E com a fraqueza as vozes aumentam e me manipulam. E então tudo se repete.
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Meu Diário
غير روائيMe chamo Ana. Tento relatar sobre a minha vida como costumava fazer no meu antigo diário físico. Não há coisas boas para se ler neste diário.