Eu sinto falta das coisas que eu fazia. Nem faz tanto tempo assim desde que isso acabou. Sinto muita falta do meu contra-baixo. Dos poucos amigos que eu tinha na internet. Dos jogos que eu jogava. Dos passeios com o papai. De quando a gente passava a tarde inteira na cozinha e acabava em uma bagunça enorme, ou de quando a gente só ficava no sofá assistindo séries. Sinto falta de conversar com a minha irmã todo dia. Muita falta. Eu perdi tudo isso tão rapido. Eu vi tudo isso acabar, um por um.
Eu estou sóbria. Consigo falar melhor desse jeito, mas só posso ficar assim por alguns minutos. Eu queria poder voltar a ter parte disso. Nos meus dias bons, eu conseguia até mesmo sair para o jardim ou para a varanda com o papai. Eu mal consigo sair da cama hoje. Não tenho mais controle da minha cabeça mesmo com cada remédio. No fundo eu queria muito mudar, eu sei disso. Não é só a minha mente me sabotando. Mas o resultado vai ser o mesmo. Continua sendo a cada dia.
Não há mais remédios ou tratamento que consiga me fazer mudar. E eu também já não consigo mais. Sei que logo eu vou acabar perdendo mais também. Eu tento manter as memórias boas daqueles momentos. É só oque me resta. Elas ainda não se tornaram pesadelos nem lembranças ruins, e eu só posso me aproveitar disso agora.
Meu pai ainda tem esperança. Todos os dias. Eu não consigo fazer nada além de pedir desculpas. Todos os dias. Ele não merecia nada disso. Nada.
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Meu Diário
Non-FictionEste é meu diário pessoal. Tento relatar sobre a minha vida como costumava fazer no meu antigo diário físico. Muitas vezes utilizo o gravador de voz para dizer tudo que está na minha mente. Não há coisas boas para se ler neste diário. Peço que tome...
