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Eu tenho medo de muita coisa. Medo de tudo que aconteceu no passado. Do que eu vivi. Isso me assusta muito. E eu vejo tudo aquilo que me assusta se repetir, todos os dias. Com os olhos abertos ou fechados, ou durante os meus poucos momentos de sono. É como estar presa em uma cadeira e ver um filme com tudo aquilo que aconteceu. Um filme que te tortura durante horas, nos ouvidos, na mente e na visão. E quando toda essa tormenta acaba por um momento, não se passaram nem mesmo trinta minutos. E tudo recomeça.

As memórias boas se vão. As ruins ficam. As vozes e frases que me fizeram chorar na primeira vez, ecoam na minha cabeça o mais alto possível. Dói. E me fazem chorar denovo. Hoje, e em todos os outros dias anteriores. As visões daqueles momentos naquela casa, são só oque eu enxergo, mesmo quando sei que não é real. E aquele filme se repete. A tortura se repete.

Em cada segundo acordada, sinto vontade de bater minha cabeça contra a parede ou o chão. Arranhar meus braços, meu pescoço e me machucar. É a única coisa que consegue me jogar para a realidade outra vez, mesmo que por minutos. Treze remédios todos os dias de hora em hora não conseguem fazer isso. Um ferimento na cabeça consegue. Uma corda enlaçada no pescoço ou um corte profundo conseguem calar tudo isso pra sempre. No fundo eu nunca quis isso. Por isso eu ainda tento evitar, mesmo que seja inútil. Cedo ou tarde acontece. E então tudo recomeça.

No fim, eu nunca consegui sair do ciclo. Resistir, falhar, desistir e machucar. E tudo recomeça.

Dormir tem sido muito difícil. Toda vez em que eu durmo, eu sei que vou acordar com um pesadelo. Às vezes com uma crise de pânico. Quando eu consigo dormir, sempre desejei não acordar mais. E quando eu acordo chorando, nunca sei se é pelo susto, pelo pesadelo, pela crise ou pela dor de ainda estar aqui. É só. Ruim.

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