Há quatro anos atrás, eu conseguia sair de casa, com a ajuda do papai e da Helena. Mesmo tendo medo de estar perto de pessoas desconhecidas, eu conseguia.
Eu conseguia ir até a clínica para conversar com a psicóloga e o psiquiatra. Conseguia ir até as consultas médicas.
Eu conseguia praticar com meu contra-baixo. Amava passar a tarde lendo e estudando. Jogando os jogos que eu gostava na internet.
Cuidava do meu gatinho. Ajudava o papai a cozinhar e arrumar a casa. Passava a manhã no jardim com ele.
Conversava com minha irmã pelo celular todas as noites, antes de dormir. Ouvia todas as novidades dela, e aquecia meu coração ver ela feliz com meu progresso na terapia ou nos meus estudos.
Eu sinto falta de tudo isso. Sabia que ia perdendo tudo isso aos poucos. Eu me vi perdendo cada coisa, dia após dia. E eu não podia fazer nada, além de ficar lutando contra a minha mente e os traumas. Tentar com todo o apoio e amor possível superar esses problemas e aprender a conviver com eles. De alguma forma, Eu tentei, muito, mesmo falhando inúmeras vezes, e continuei. Meu pai tentou, a Helena tentou.
Eu perdi tudo. Estou perdendo a minha mente agora. E eu não posso fazer nada, dia após dia.
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Meu Diário
SachbücherMe chamo Ana. Tento relatar sobre a minha vida como costumava fazer no meu antigo diário físico. Não há coisas boas para se ler neste diário.