29\11

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Eu não saí da cama hoje. Não dormi. Eu só fiquei parada, tomei meus remédios e fiquei olhando para o teto. Já devem ter se passado mais de dez horas. Eu não sinto nada. Mal sinto o meu corpo. Eu só fico lutando contra a minha cabeça. Tentando tirar tudo isso da minha mente. Tentando não pegar uma  corda e me enforcar com ela. E no fim das contas, não vai mudar nada.

Meu pai e eu conversamos bastsnte hoje, mesmo que eu não quisesse dizer uma palavra. Ele me abraçou, enquanto eu não movi um músculo. Eu não tenho coragem nem mesmo de olhar nos olhos dele. Sinto vergonha. Vontade de chorar. Ele não merece uma filha ruim. Ele não merecia nada disso. Não queria decepcionar ele a cada dia. Ele sabe como eu me sinto. Não importa quantas ele diga que está tudo bem. Ele não merece isso. Eu não queria fazer ele sofrer.

As alucinações me deixam presa. Eu vejo o papai e a Helena chorando. As vozes berrando no meu ouvido. A culpa é minha. Vejo eles decepcionados. Decepcionados com alguém fraca e burra. Que não conseguiu suportar a própria vida. Que não merecia nada do amor que tem. Que só fez mal aos que ela amava. Alguém que não devia existir.

Eu tento contrariar a verdade. É burrice. As vozes não mentem. Eu perdi o controle. E não tem mais como voltar atrás. Não tem como mudar. Não tem. Eu sei o único fim desta história. Eu mereço toda essa tortura. Não faz diferença lutar contra. Tudo isso é culpa minha. É culpa minha.

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