Capítulo XIV

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Após presenciar o desconforto e trabalho que foi Elisa ir até o açude, Chloé reformou o mesmo, fazendo uma grossa cama de concreto onde ela poderia entrar de chinela e, quando estivesse fundo o suficiente, tirá-las e entregar para alguém que leve até a margem.

[...]

— O caminhão de mudança já está vindo. — Elisa avisou, se aproximando de Verlaine que olhava ao redor. Ele já estava na faculdade e Elisa estava ajudando com a mudança. 

— Por que você está se mudando? — Kensuke questionou, abraçando Verlaine e fungando choroso. — Não precisa se mudar. 

— Kensuke, largue ele. Está com 20 anos agora, precisa construir a própria vida. — Repreendeu, e Kensuke negou, afirmando que a vida com eles era boa o suficiente. 

— Velaine tem casa nova. — Chuuya comentou, correndo pelos corredores vazios com o irmão. Chloé estava dando risada do marido chorão. — Velaine, a gente podemos morar com você? 

— "Nós podemos", Ciel. — Elisa corrigiu, e o garoto concordou, perguntando ao irmão. 

— Quando estiverem mais velhos, sim. — Informou, e Kensuke afirmou que nenhum filho precisava morar sozinho. — Pai, eu cresci. 

— Não quero que cresça. Já é adulto, pode voltar a ser criança. — Pediu, apertando o garoto e afagando seus fios. 

É estranho ver Verlaine tão grande, morando sozinho. Elisa sentiu-se vazia na primeira noite. Ela nunca dormiu numa casa sozinha. Tinha seus pais, e se não eles tinha Heloísa, de Heloísa passou a dormir com Kensuke, e mesmo na separação, Verlaine e ela estavam na mesma casa, dividindo a mesma parede entre os quartos. Verlaine também estranhou, era tudo muito estranho. A casa vazia, acordar todos os dias e não tomar café com sua mãe, a noite sem o beijo na testa, sem desejar ou receber um boa noite. Eles tardaram a se acostumar, sempre convidando o outro para dormir consigo no fim de semana. Verlaine acabou terminando com Marion, uma pessoa que Elisa verdadeiramente gostava, mas tudo correu bem. O Natal passou, os gêmeos tinham 8 anos e Kenji estava previsto para nascer naquela semana. Theodore, o primo de Chuuya, era outra criança que Elisa tinha muito apego. Como sentiu-se mal com Catherine, alguém que ela nunca esqueceu, não sentia que conseguiria adotar uma criança para dar a devida atenção, seu cérebro dizia que era uma mãe ruim para Verlaine, e seria ainda pior para quem quer que ela tentasse criar. Às vezes, sentia inveja de Ayo, irmã de Chloé, por não perder a esperança como ela perdeu, por adotar um garoto como Theodore e, agora, estar grávida de outro bebê, sentia inveja da capacidade dela, coisa que Elisa não acredita ter. Não passou da inveja. Ela não desejava mal algum, na verdade, adorava toda a família de Chloé e como incluíam ela e Verlaine nos eventos. 

[...]

Elisa recebeu notificação de mensagens de Chloé e Kensuke informando que estavam a caminho de casa. Elisa e Verlaine sairiam de Paris pela manhã, já que ela não é das mais felizes em viajar pela noite. Ao receber a mensagem, Elisa guardou o celular, Verlaine estava ao seu lado dobrando as roupas e pondo na mala. A mais velha continuou o que fazia, mas franziu o cenho e parou, encarou o celular e pensou por um longo tempo sobre. Algo estava errado. Sentia que estava errado, que eles não deviam viajar naquele momento. Elisa sentou na cama, tentando entender se devia ou não ignorar seus instintos como Kensuke uma vez pediu, mas sentia que não devia. 

— A senhora tá bem? — Verlaine perguntou, largando as roupas e se aproximando da mãe, segurando seu rosto e checando a temperatura. 

— Ligue para o seu pai. — Ordenou, e Verlaine franziu o cenho, explicando que seu pai acaba de enviar uma mensagem para ele. — Ligue para o seu pai, agora. 

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