Capítulo IV

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— A sensação foi horrível, como me diz que vai acontecer outra vez? — Perguntou, indignada.

— Porque você pareceu melhor depois. Não se sente melhor? — Perguntou, e a garota concordou com a cabeça. — Então acontecerá algumas outras vezes. Sempre que acontecer, me chame, chame Heloísa, ou chame Giselle. Não chore sozinha, não sofra sozinha. Viverá conosco, vai rir e chorar conosco também. 

Elisa o abraçou outra vez, e eles ficaram lá um bom tempo. No fim da tarde, tomaram banho, se trocaram e foram às compras. Heloísa fechou contrato, era um bom lugar, mesmo que apenas por pouco tempo. Elas nunca saíram de casa e, embora ela já tenha morado num internado, não é nada semelhante a morar sozinha. Precisaram sair para jantar, já que ninguém queria se arriscar na cozinha. Elas não gostaram muito, principalmente Elisa. Heloísa já viajou, aproveitou a vida, mas Elisa sempre esteve em casa, e nunca gostou do diferente. Coisas novas significam escolhas novas, que ela não pode fazer. Não podia. Na manhã seguinte, terça-feira, elas arrumaram todo o apartamento, a sua maneira, era moderno comparado a sua casa. Heloísa resmungou algumas vezes sobre a inveja que sentia por Kensuke morar no andar de baixo, enquanto Giselle mora com 15m de caminhada daquele prédio. Passaram mais três dias se ajustando e, quando tudo estava o mais confortável possível, Heloísa ordenou que a irmã comprasse as passagens e viajasse com o namorado, seria bom para ela. Elisa fez, e recebeu assistência para arrumar a mala, no voo, Heloísa e Giselle estavam com ela até o despacho, e, no avião, era a primeira vez que andava de avião, seus pais nunca deixaram que ela viajasse, e as missões eram, em suma, feitas de carro. Estava tão ansiosa que Kensuke até se atrapalhou para tranquilizá-la, ela não sabia que ainda era permitido fumar no avião, e ficou deveras incomodada. No Japão, a experiência de não entender muito que as pessoas dizem a incomoda, e ela expressou isso para Kensuke, que afirmou que diria tudo que ela quisesse saber. Primordialmente, dormiram em Tokyo, a casa de Kensuke, já que não achava que Elisa ficaria confortável dormindo na casa de seus pais, ou numa cheia de empregados desconhecidos. Era uma mansão grande, havia até mesmo um lago de carpas. Elisa, após tomar banho e se trocar, aprendeu que pouco se usam mesas e cadeiras, então, ela ficou na varanda, sentada numa almofada, balançando os pés e observando os peixes, ainda de pijama.

— Está confortável? — Perguntou, sentando ao lado da garota, sorrindo ao ver estar balançando os pés.

— Sim. Tenho uma pergunta. Se não há ninguém em casa, quem cuida deles? — Perguntou, apontando para os peixes.

— Meus pais mandam empregados aqui todos os dias. Fazem limpeza, alimentam os peixes e vão embora. — Explicou, e Elisa pareceu entender, entretida com os animais. Kensuke estava observando ela. Os fios impecáveis de sempre, e o corpo totalmente coberto pelo pijama rosa. Elisa tem o costume de usar camisola, mas, considerando que está dormindo pela primeira vez na casa do namorado, pijama parece uma boa opção. — Quer dormir comigo?

— Dormir com você? — Repetiu, surpresa. Kensuke quer ser o primeiro a vê-la pela manhã, e o último que ela vê antes de fechar os olhos para dormir.

— Só dormir. — Enfatizou, não querendo que Elisa imaginasse bobagens. Ela achava que Kensuke queria beijá-la outra vez, e não estava errada, mas ele não faria nada. Eles se beijaram apenas uma única vez, no dia do primeiro beijo de Elisa, quando a pediu em namoro, também não deram selinhos após aquele dia, apenas alguns abraços. — Diga que não quer, seu silêncio está me matando.

— Fique quieto! Propõe-me tal coisa quase na hora do jantar e se sente no direito de apressar minha resposta? — Perguntou, irritada, e Kensuke bufou, a chamando de boba por estar, talvez, imaginando bobagens. — Não estou imaginando bobagem alguma!

— Ora, então por que demora? O que há para pensar? Só vamos dividir uma cama! — Reclamou, cruzando os braços. Elisa então disse que não dormiria com ele, irritada. — Ótimo! Vá dormir no seu quarto, sozinha!

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