Elisa estava estática na porta da cafeteria, encarando a carta entregue a mão que feriu aquele rapaz. Kensuke não era o primeiro homem que ela batia, mas era o primeiro que ela se sentia mal ao bater. A loira amassou a carta e caminhou, batendo os pés, ela parou, estressada, em frente a uma lixeira, na dúvida sobre jogar ou não aquele papel. Após alguns segundos ali, ouviu seu nome ser chamado, era seu noivo. Ele questionou se estava tudo bem e o porquê parecia tão irritada, sem se atrever a tocá-la. Elisa nada respondeu, o mandaria para o inferno se fosse tentar falar qualquer coisa naquele momento. Então, suspirou, colocou a carta amassada na bolsa e caminhou pela rua, sendo seguida pelo noivo. Era um homem loiro, tão alto quanto Kensuke, e tão forte quanto Elisa. Era estupidamente bonito, usava óculos de armação redonda, tinha nariz arrebitado, lábios finos, sorriso bonito, olhos verdes, os fios eram cortados, sobrancelhas grossas, a voz era grave e reconfortante, ele também estava sempre muito bem-vestido. Acompanhou a loira em silêncio até a porta de casa, sendo convidado a entrar, Elisa, ao tê-lo na porta do quarto, fechou a mesma no rosto dele, quase quebrando seu nariz. Não foi proposital, mas ela não o queria por perto. Ele xingou pela dor, e nada além disso. A mulher tomou banho, trocou de roupa e colocou a camisola, já estava mais tranquila. Ela encarou a bolsa, sabendo que a carta estava lá, e suspirou, abrindo a porta para chamar sua irmã e fazendo o noivo, que estava sentado no chão, cair para trás, fechando os olhos e cobrindo o rosto por estar entre as pernas da mulher.
— O que faz aqui? — Perguntou, se afastando e agachando ao lado do homem. — Bateu a cabeça?
— Bati. — Disse o mais velho, sentando ao lado da loira e massageando a cabeça. — Por que está tão irritada? Eu fiz algo? Ou alguém fez?
— Você não tem nada a ver com isso. Deixe-me ver se não há um corte. Não acredito que estava sentado no chão. Quantos anos tem? Cinco? Ou é um cachorro? — Perguntou irônica, fazendo o outro rir enquanto ela própria checava se não havia ferimento em sua cabeça. — Não há cortes.
— Diga-me, Elisa, por favor. Por que está tão irritada? Há dias que venho aqui e não está, e quando está, não quer me ver. Se não fiz algo, por que está descontando em mim? — Perguntou, magoado, segurando as mãos da mais nova e virando-se para ela.
— Peço perdão. Não fiz por mal. Ando tão avoada e estressada que sequer notei. — Disse a loira, suspirando e sentando no chão, algo que não costuma fazer. O outro afastou os fios que tentavam cobrir seu rosto, passando-os por trás das orelhas, as quais fez um breve carinho.
— Então, minha querida, o que te aflige? — Perguntou, Elisa pediu que fechasse a porta, e assim ele fez. Estava buscando as melhores palavras em seu vocabulário para explicar o que incomodava e o que faria, mas não foi preciso. — Não quer casar comigo, certo?
— Certo. — Concordou, sem rodeios. — Sei que marcamos datas e estamos finalizando os preparativos, mas eu não me vejo casando com você. Achei que não me importava, mas importa. Heloísa diz que precisa ter o mínimo de sentimento quando se está casando, e eu não sinto nada por você.
— Eu já sabia, sempre soube. Achei que estivesse mudando, que tivesse conseguido cativar você em algo. Eu sinto muito por ter te tomado tanto tempo, e, principalmente, feito você se estressar tanto ao ponto de achar que devia me pedir perdão. — Disse o mais velho, beijando as mãos da loira. — Jogue a aliança. Conversarei com seus pais, direi qualquer bobagem sobre não achar que nosso casamento daria certo. Está tudo bem. Só me prometa que, se um dia mudar de ideia, vai me contatar, tudo bem? Em dois dias, dois anos ou duas décadas.
— Eu não vou. — Rebateu, firme.
— Me prometa, por favor. Pode estar casada, com filhos, divorciada, o que quer que seja. Se sentir a mínima vontade de me ter por perto, vai me contatar. Eu vou estar, pro resto da minha vida, todo fim de sábado, na sua confeitaria favorita. Quando quiser conversar, me encontre lá. — Pediu, e Elisa suspirou, pensando um pouco antes de concordar com a cabeça. Ele ofereceu um sorriso gentil, como ela também fez, e, logo em seguida, levantou, ajudando a garota a fazer o mesmo. — Um tchau me parece muito definitivo, não quero que seja. Então, até logo, minha querida Elisa. — Disse o rapaz, estendendo o toque de suas mãos um pouco mais antes de sair do quarto.
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Elisa's Story
RomansaA fanfic é uma spin-off de "Soukoku - High School". Tem início na década de 90's, e gira em torno de Elisa e seu romance com Kensuke, onde posteriormente surgem os personagens de "Soukoku - High School" . Início: 15 de setembro de 2024. Fim: 05 de...