Capítulo XIII

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— Como? — Perguntou, desacreditada. 

— Eu não sei! Fomos tomar café e ela disse que queria divórcio! — Reclamou, indignado e choroso. — Pode ficar com o Verlaine? Se não puder, converso com Vitalie. 

— Eu fico. Está tudo bem. Vim pedir justamente isso. Onde ela está? — Perguntou, e Kensuke parou de pensar por um momento, franzindo o cenho e pegando a chave na gaveta de sua cômoda, seguindo instintivamente para qual dos quartos julgava que Elisa estaria. Ele pegou a chave certa, sentia que ela estaria lá. Ao abrir, a loira estava, aparentemente, dormindo na cama. — Dormindo? 

— Não. — Resmungou, se aproximando da loira que era chamada pela irmã. — Elisa? Você está bem? — Perguntou, afagando a mão da loira que aos poucos estava voltando a consciência, antes deles chegarem. — O que aconteceu? Ansiedade? 

— Acho que sim. — Murmurou, tentando levantar e sendo colocada contra o colchão pelos outros dois. — O que eu disse continua. — Informou, e Kensuke concordou com a cabeça, preocupado com ela. 

— Está com alguma dor? — Kensuke questionou enquanto Heloísa checava temperatura da irmã. 

— Estou bem, só não comi ainda. — Explicou, e Verlaine surgiu outra vez na porta, seus fios estavam molhados, ele estava com um bico nos lábios e os olhos atentos aos adultos. O pai o colocou para tomar banho e dar um passeio, mas todos parecem tristes demais para um passeio. Ele nunca presenciou um único mal entendido, é estranho ver isso acontecendo, ver seus pais chorando de tristeza ao invés de porque riram muito, porque estão orgulhosos dele, porque se amam muito. — Venha cá. — Chamou, dando tapinhas na coxa da irmã que saiu do quarto enquanto Verlaine adentrava nele. 

— Estão estranhos. — Apontou, preocupado enquanto se aproximava da mãe. Seu pai o pegou no colo, pondo na penteadeira e Elisa levantou para pentear os fios do filho. 

— Verlaine, eu e seu pai estávamos conversando sobre algo. — Iniciou, e Kensuke se aproximou da mesma, dando um aperto leve em sua cintura como sinal para a loira não terminar o que pretendia contar. — A tia Heloísa quer passar o fim de semana com você, e seu otosan está chorando porque já estava ficando com saudade. — Mentiu, e Verlaine franziu o cenho encarando o pai, Kensuke já fez isso outras vezes, então é claro que o loiro vai acreditar. 

— Como é bobo, otosan. Eu volto segunda. Fica bem. — Resmungou, e Kensuke afirmou que grudaria nele na segunda—feira. — Tudo bem. Eu te mostro meus adesivos. Pronto, mãe? Eu posso ir? — Perguntou ao ter os fios finalmente organizados, ambos os pais concordaram e o garoto os abraçou, beijando as mãos e se despedindo. — Tia, a gente pode tomar gelato depois do almoço? — Perguntou, se aproximando da loira dispersa. — A senhora está bem?

— Estou. Vamos arrumar sua mala? — Perguntou, segurando a mão do garoto que concordou, indo empolgado com ela para o quarto. Os adultos precisam aguentar para diminuir o impacto daquela informação na criança. Verlaine não entende que tem algo errado porquê Elisa e Kensuke realmente choram quando ele decide passar o tempo com outras pessoas, como quando foi dormir na casa de Vitalie. 

[...]

— Por que quer terminar? — Kensuke questionou, sentando na cama, ao lado de Elisa, que balançava os pés, se recusando a olhar para ele. 

— Já expliquei. 

— Mas o que aconteceu exatamente? Elisa, você não pode simplesmente acordar num belo dia e me dizer que quer o divórcio sem sequer me explicar o motivo. 

— Mas eu expliquei o motivo. 

— "Só não te amo mais" não me parece um bom motivo. 

— Por quê? 

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