Capítulo XV

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— Ei, hm, mã não, Elise. Elise? — Chamou, constrangido.

— Sim? — Perguntou, virando-se para o mais novo e o assistindo desviar o olhar. É um comportamento comum aos desacostumados com ela, grupo que Chuuya não fazia parte, então ficou confusa. — O que há? — Perguntou, confusa. É estranho ser chamada pelo nome. Tanto os gêmeos quanto Verlaine só chamam suas madrastas pelo nome quando as mães estão no mesmo ambiente, ou há mais de uma figura que se entenda como mãe de um deles, ou todas olharão confusas. Chuuya tardou a explicar o que queria e, quando Elisa levantou para levá-lo ao banheiro e explicar como devia fazer xixi, o assistiu negar ajuda. — Naim fez algo com você? Ele te tocou?

— Não, Naim nunca fez nada comigo. Não o acuse assim. Quer saber? Não precisa me explicar. Eu tô bem. — Resmungou, se afastando da mais velha. Ela se dispôs a ficar na varanda, observando o ruivo de frente para o jardim. Quando notou a cabeça deitada, desceu as escadas e prontamente o colocou na cama.

[...]

Elisa ficou tão distraída em cuidar dos filhos que ficou confusa ao ser chamada pelo próprio advogado com Chuuya e Verlaine para discutir sobre as heranças deixadas. Casas, carros, apartamentos, motocicletas, helicópteros, jatos, aviões e muitas outras coisas. Ayo estava lá com Theodore, já que ele também fazia parte do testamento da tia. O garoto era bem mais alto que o esperado, e sorria contente para o primo que não retribuía o carinho. A mansão que Elisa e Kensuke viveram juntos por quase uma década foi devolvida a ela, junto a uma carta e fotografia velha. Ela também recebeu a que Kensuke viveu com Chloé, junto a outra carta e fotografia. Haviam quantias de dinheiro e imóveis, não tantas coisas quanto realmente possuíam, afinal, não esperavam morrer aos quarenta. Retirando as partes entre Ayo, Theodore, os avós de Chuuya e os avós de ambos os rapazes, o restante de seu pai foi dividido em partes iguais para eles, incluindo o que devia ser deixado para Chiya. Chloé também deixou uma quantia assustadora de dinheiro para Verlaine, afinal, o considerava seu filho também.

[...]

— Olá! Ele está lá em cima, quer que eu chame? Clair e ele estão se dando melhor.— Comentou a loira, assistindo Rimbaud exibir a sacola com bolo de comemoração aos quatro meses de fisioterapia que Chuuya fazia. — Bolo?

— E tem um ópera pra você também, minha mãe pediu pra trazer. — Explicou, entregando o presente para a loira e ouvindo o amigo chamar pela mãe e pedir que ligasse para Rimbaud e médicos. — Acha que se machucaram?

— Não, ele está sorrindo. — Explicou, e Rimbaud franziu o cenho enquanto a seguia.

— Sorrindo? — Perguntou, confuso.

— Sim. Você também não escuta a feição que as pessoas fazem ao falar? Percebo isso até em ligações, às vezes em músicas. — Comentou, e o outro negou, afirmando não entender como funciona.

No quarto, Verlaine agarrou o pé do irmão e o fez dar risada, deixando os dois que estavam na porta surpresos. Elisa queria chorar, mas se segurou. Com os olhos marejados, Rimbaud abraçou a mais velha e lhe fez carinho, afagando os fios. Eles comeram bolo, Chuuya fez o pedido que queria sobre o que fazer com a imagem do irmão e assim fora feito. Enterraram um caixão vazio. Chuuya ganhou visitas próximo ao Natal, eram seus avós. Elisa não pediu conselhos, não queria preocupá-los. Ela entende a dor que é perder um filho, não pode encher a cabeça deles porque não consegue lidar. Ao menos acha isso, que precisa aguentar. Precisou ver uma criança de 8 anos apática daquela maneira, e perguntou-se se podia ou não fazer algo que ajudasse. Bom, não pode. No Natal, quando apenas ficaram deitados comendo bobagens. Elisa recebeu uma visita que não esperava. Seus pais. Foi realmente confuso. Verlaine saiu com Rimbaud, Chuuya ficou no quarto sozinho e ela recebeu o aviso sobre eles estarem no portão. Os pais de Elisa nunca tiveram permissão para entrar. Pela primeira vez, ela deixou que fossem até o jardim. Se visitassem Verlaine, era num lugar aberto. Nunca na casa dos pais de Elisa, e nunca na casa de Elisa.

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