Capítulo 15

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Dedicado à josinetvieira

— Por que a gente não combina de ver um filme hoje? — Babi enroscou seu braço no meu enquanto saíamos da agência

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— Por que a gente não combina de ver um filme hoje? — Babi enroscou seu braço no meu enquanto saíamos da agência.
— Aham.
— Aham? — levantou as sobrancelhas.
— Vincent me chamou para sair.
— Como é? — ela parou. — Quando?
— Em algum momento entre o meu pedido de desculpas e um cappuccino gigante que ele mandou entregar pra mim porque eu tava com cólicas — mordisquei o canto da unha.
— Como é? — repetiu, com a voz fininha. — E o que você disse? — ela enfiou os dedos na carne do meu braço.
— Eu não disse não. Acho que ele me desculpou, afinal.
— Você acha? — Babi me largou e cruzou os braços sobre o peito, bem na minha frente. — Você foi uma babaca e ele te desculpou!
— Você me chamou de babaca? — perguntei, incrédula.
— Eu ia dizer bocó — gesticulou, como se fosse algo melhor. — E ele só te chamou pra sair?
— Ele quis saber se Rafael e eu não tínhamos mesmo nada. Eu disse que não, de novo, e foi ainda mais humilhante.
— Amiga, ele tá tão na sua — suspirou e caiu na risada.
— O que é tão engraçado? — Rafael apareceu no nosso campo de visão, como se tivesse surgido do nada.
Babi deu um pulo para o lado, com a mão sobre o peito.
— Meu Deus! — bufou.
Rafael sustentou um sorriso desavergonhado no rosto, parecendo bem à vontade.
— O que vocês estavam conversando que parecia tão divertido?
— Lexie me contou uma piada — minha amiga mostrou um sorriso amarelo para ele —, ela é engraçadíssima!
— Eu tenho certeza disso! Como vai, Lex?
— Lex? — Babi disse baixinho, juntando as sobrancelhas.
— Bem — empinei o queixo, tentando parecer autoconfiante —, muito bem! — acrescentei.
— Maravilha! — Ele checou o celular. — Estava mesmo querendo te ver, podíamos marcar de nos ver de novo, como a gente conversou.
— Ela já tem compromisso — Babi se apressou em dizer.
— Mas nem combinamos o dia — Rafael deu um meio sorriso impaciente.
— Seja qual for o dia, ela não vai — comentou entre dentes, mas não alto o bastante para ele ouvir.
Pigarreei, desconfortável.
Rafael ainda estava ali, encostado na parede com aquela aparência despreocupada, alheio aos comentários.
— Eu tô atolada de serviço esses dias, quem sabe em uma próxima...
— O mala do seu chefe está te enchendo de trabalho?
— Na verdade, ele é um máximo! — Babi se intrometeu de novo. — Até saímos todos juntos, foi divertidíssimo. Ah! — disse, como se estivesse puxando da memória. — Acho que você estava lá também, mas a gente não se falou. Você parecia ocupado — e sorriu, um sorriso doce e cheio de dentes.
Rafael endireitou a coluna.
— Bom, se eu tivesse visto vocês, com certeza as teria cumprimentado.
— Claro que sim — ela resmungou.
— A gente se fala?
— Qualquer dia desse — respondi pra ele.
Rafael colocou as mãos nos bolsos e foi caminhando na direção oposta à nossa. Quando ele já estava a uma distância razoável e nós cruzamos a porta, Babi soltou o ar pelo nariz, bufando.
— Babaca.
— Quem ele pensa que eu sou? — coloquei as mãos nos quadris. — Me dispensa em um dia, e no outro eu sou tapa-buraco?
— Grande babaca!

Recebi uma mensagem bem na hora.
Vincent: Oi, que dia você está disponível?
Babi espiou sobre o ombro. Digitei a resposta duas vezes e apaguei. O que eu deveria dizer? Não queria parecer atirada demais, nem interessada de menos.
— É o Vincent? Diz, "quando você quiser."
— Nãão! Não quero parecer desesperada — dei um tapa na sua mão quando ela tentou pegar o aparelho.

Eu: Que dia você está?
Foi o que digitei de volta.
Não demorou nem 5 segundos e ele mandou a resposta.
Vincent: Todas as noites até quinta. Sábado e domingo também estou livre. Isso parece deprimente?

Eu: Na verdade, parece sim.

Mandei também alguns emojis rindo.
Eu: Pelo menos você tem planos para a sexta à noite.

Vincent: Ficarei com a minha família, é aniversário da minha irmã.

Eu: Que legal! Adoro bolo de aniversário.

Adoro bolo? Franzi as sobrancelhas. Que idiota! Eu não comemorava nem meu próprio aniversário.
— Adora bolo? — Babi murmurou com o queixo apoiado no meu ombro, como se tivesse a par dos meus pensamentos. — Agora parece que você está se auto convidando.
Droga!
Não dava mais para editar, ele já tinha visualizado.

Eu: Não vai ser nada demais, vamos levar os presentes, cantar parabéns. Megh está com uma restrição alimentar, então nem sei se podemos levar bolo.

Eu: Ah, entendi.

Vincent: Quando é seu aniversário?

Eu: 13 de fevereiro.

Vincent: Vou me lembrar da data.
Vincent: O meu é em dezembro.

Eu sei — quase respondi. Vincent continuou digitando.
Vincent: E então, que dia você está livre?

Eu: Bom, a minha agenda está bem apertada essa semana.

Eu: Ah, eu não duvido!
Ele respondeu de volta e tive que segurar o riso.

Eu: Podemos marcar qualquer dia que você quiser. — acabei respondendo, e Babi deu um gritinho animado.

Vincent: Seria muita precipitação da minha parte propor um encontro hoje?

— Hoje? — soltei o ar com força.
— Diz que você aceita! — Babi gesticulou animadamente com as mãos.

Eu: Babi e eu já marcamos de assistir a um filme.
Minha amiga me deu um tapa no braço.
— Por que você disse isso?
— Porque é verdade, é porque não tô pronta pra sair com ele hoje.
— Essa é a sua chance de se redimir!
— Eu já pedi desculpas — encolhi os ombros. — E ele aceitou.
— É um santo mesmo!
O celular vibrou com a resposta.
Vincent: Ah, sim. Entendo.

Eu: Mas, estou livre amanhã.

Vincent: Por mim está ótimo.

Senti o coração acelerar. A expectativa misturada com a ansiedade me deixou um pouco tonta.
— Você viu isso? — Babi agitou os cabelos. — Ele quer te ver amanhã! Isso é incrível!
— Eu sei, mas... e se for estranho? E se eu não souber o que dizer? — minha voz saiu mais hesitante do que eu gostaria.
— Lexie, você está se preocupando demais! É só um encontro. Vocês já se conhecem, têm interesses em comum, e ele está interessado em você! — Babi me deu um sorriso encorajador.
— Você tem razão. — Respirei fundo, tentando me acalmar. — Mas e se eu acabar falando demais ou fazendo alguma besteira?
— Você precisa relaxar! — Babi me deu um empurrãozinho. — Apenas seja você mesma. Ele já gosta de você assim!
— Certo. Vou tentar. — Sorri, tentando absorver a confiança dela. — O que eu vou vestir?
— Vocês já saíram, lembra?
— Aquilo não foi um encontro de verdade! Dessa vez é diferente.
— Mas vocês se beijaram... me pareceu bem verdadeiro, embora você tenha deixado de fora os melhores detalhes.
Cruzei os braços sobre o peito.
— Veste algo que te faça sentir bem! Um vestido leve, talvez? Ou uma blusa bonita com jeans? — Babi começou a fazer gestos, como se estivesse organizando um desfile de moda. — Você vai ficar absurdamente linda com qualquer roupa que usar, até se vestir um saco de batatas. Além do mais, não acho que ele vá se preocupar com suas roupas, talvez só com a falta delas.
Ignorei a última parte.
— Não perguntei onde nós vamos... — mordi a ponta da unha. — Por que eu aceitei esse convite? Não tem como isso dar certo.
— Você tá surtando. — Babi constatou. — Para de surtar! — e saiu me puxando para fora.

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