Lexie é o tipo certo de garota errada. A vida é um desafio: a máquina de lavar está sempre quebrando, os vizinhos não são dos melhores e sua conta bancária vive no vermelho!
Recém-formada em design gráfico e tentando sobreviver em tempos de...
Foi você quem disse que Que as coisas aconteceriam, mas não para mim? As coisas vão acontecer naturalmente Oh seguindo seu conselho, estou olhando pelo lado bom E equilibrando a coisa toda (Jason Mraz | You and I Both)
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— Em minha defesa... — comecei a dizer.
— Calada! — Babi fechou a cara e continuou andando.
Minha amiga morava a algumas ruas da minha minúscula casa, no caminho do trabalho. Na noite anterior, havíamos combinado de passar em uma lojinha de maquiagens. A muito contragosto, acabei cedendo. Babi usou como argumentos minha falta de cor no rosto e me humilhou tanto que acabei com uma pequena lista de itens que, segundo ela, me fariam parecer menos morta.
Não me leve a mal, eu adoro me arrumar — apesar de não fazer isso com a frequência que deveria. Até tenho um blush lindo que comprei em 2016; é surpreendente o quanto essas coisas duram! O básico eu sei fazer: um pouco de corretivo na área dos olhos, uma corzinha nas bochechas e, com muita sorte, uma camada de gloss nos lábios. Não sei do que Babi tanto reclama. Não consigo usar máscara de cílios; tenho a trágica tendência de esfregar os olhos e acabar parecendo um panda. Também não há muito o que se fazer a respeito das sobrancelhas cheias, mas a dona pinça e eu fazemos um trabalho aceitável sempre que os fios começam a se esgueirar para fora do desenho.
— Queimei o arroz de novo — respondi, tentando justificar o atraso.
— Como você consegue? — Ela desatou a rir.
— Me distraí com a máquina de lavar.
— Ainda não se convenceu de que é caso perdido?
— Pobre não desiste fácil de coisas velhas que novas seriam caras.
— É, tem razão — sorriu de novo. — Pode lavar roupa lá em casa. Essa calça horrorosa é a última limpa?
— Ei, não ofenda minhas roupas.
— Sabe que se soltar essa calça na praça, ela volta pra casa sozinha, não é?!
Franzi o cenho enquanto minha amiga ria e continuava a falar.
— Ouvi rumores de que teremos um novo estagiário — disse.
— Pobre coitado.
— Não é tão ruim assim — deu de ombros.
— Pra você, que não precisou estagiar nada. Aqueles foram os piores meses da minha vida, ainda tenho pesadelos.
— Tudo deu certo no final — deu batidinhas encorajadoras nas minhas costas. — Exatamente como eu disse.
— Ah, de novo não, Babi! Não deveria levar essas coisas de sorte tão a sério.
— Não deveria ser tão desrespeitosa. "Essas coisas de sorte" — revirou os olhos. — Típico de aquariana.
