Capítulo 13

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Há algo no jeito que você
Entrou pela minha sala de estar
Casual e confiante
Olhando para essa bagunça que eu sou
Mas ainda assim você,
ainda assim você me quer
(Next To Me | Imagine Dragons)

Há algo no jeito que vocêEntrou pela minha sala de estarCasual e confianteOlhando para essa bagunça que eu souMas ainda assim você,ainda assim você me quer(Next To Me | Imagine Dragons)

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— Ele fez o quê? — minha amiga berrou ao telefone.
Minha cabeça ainda doía; eu nunca mais iria beber na vida!
— É, foi humilhante.
— Posso imaginar.
— Ele me rejeitou na cara dura.
— Espera, acha que eu tô defendendo você?
Fitei o telefone, incrédula.
— Deveria, você é minha amiga!
— Lex, pensa bem. O cara é um fofo, lindo, gentil, gostoso, e ainda por cima tem uma queda por você. Quando eu pedi para que ele te levasse em casa, não imaginei que seria esse desastre. O que queria que ele fizesse? Você fez uma cena quando viu o Rafael com aquela ruiva peituda, e depois encheu a cara.
— Espera aí, eu não tava bêbada! — protestei — talvez só meio bêbada.
— Certo, você se jogou pra cima do cara meio bêbada e magoada; ele poderia ter ligado o foda-se e transado com você, mas não! Se vocês tivessem ficado ontem, como estaria se sentindo hoje?
— Culpada? — foi quase uma pergunta.
— Exatamente! Não espere que um cara como o Vincent leve alguém pra cama meio bêbada e pouco certa do que quer.
Mordi o lábio; ela tinha toda razão.
— Como eu vou olhar pra ele amanhã? — soltei o peso do corpo sobre o colchão.
— Você vai se desculpar, obviamente.
— Babi, e se ele não aceitar as minhas desculpas?
— Então ele seria um idiota, assim como você. Lexie! Quem sabe ele seja o seu homem.
— Alguma vidente disse isso a você? — zombei.
— Talvez — ela demorou tempo demais pra responder. — De qualquer forma, deve desculpas a ele! É sobre o Rafael; você sabe o que eu acho sobre ele.
Gemi em resposta.
— O cara deu em cima de você a noite toda e no outro dia te deu o maior fora, inventou uma desculpa para que vocês não saíssem juntos só pra ele poder pegar aquela siliconada.
— Ah! Por favor...
— Não sei porque você ainda duvida da minha intuição sobre as pessoas.
— Só porque vez ou outra dá uns palpites certeiros? É pura coincidência.
— Tá, e como explica aquela vez em que você ficou de quatro por um cara na balada e eu te convenci a deixar pra lá? Dez minutos depois a mulher apareceu e arrancou pelos cabelos a morena pendurada no pescoço dele.
— Esse dia foi estranho, mas não justifica sua fixação.
— Eu senti, Lexie!
— A marca da aliança no dedo dele não ajudou nadinha?
— Eu nem tinha visto! Por que não acredita em mim? Típico de aquariana, cética e limitada.
— Lá vem você com o negócio dos signos — revirei os olhos.
A linha ficou muda por um tempo, até que ouvi Babi reclamar.
— Você queria, não era? Queria beijá-lo.
— Acho que sim.
— E aposto que foi bom.
— Foi! — afundei o rosto no travesseiro. — Por que ele tinha que ser tão perfeito? Agora eu me sinto horrível.
— Você definitivamente não vai mais beber perto dele.
Eu concordei silenciosamente.
— Eu não vou, talvez não beba nunca mais.
— Também não é assim. Acha que ainda pode rolar?
— Depois do que acabou de acontecer? É claro que não!
— Mas você vai consertar isso, vai pedir desculpas.
— E como é que eu vou fazer isso? — resmunguei — não sei nem com que cara vou encarar ele agora.
— Com a bela cara de sempre. Você vai conseguir. Agora trate de tomar um banho gelado e ir dormir. Te vejo amanhã cedo no trabalho.
— Eu te amo.
— Também te amo — ela disse pouco antes de desligar — e, Lex... Eu acho que ele vale a pena.
— Por que não quis dormir comigo bêbada?
— Especialmente por isso — ela mandou um beijo estalado e desligou.
As coisas melhorariam, eu sabia disso.

Já era segunda e as coisas não haviam melhorado!Eu estava atolada de trabalho, Babi estava no meu pé e eu ainda não tinha visto Vincent, o que talvez fosse uma coisa boa

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Já era segunda e as coisas não haviam melhorado!
Eu estava atolada de trabalho, Babi estava no meu pé e eu ainda não tinha visto Vincent, o que talvez fosse uma coisa boa.

Pouco tempo depois, eu o vi atravessando o corredor em direção ao setor de planejamento. Vincent agora direcionaria todas as campanhas e projetos que desenvolveríamos; sua função era liderar e inspirar a nossa equipe de criação, além de tomar decisões, o que incluía revisar e aprovar o nosso trabalho — meu trabalho, e eu estava torcendo para que ele fosse um ótimo profissional e não odiasse tudo que eu criei como alguma forma de vingança.

Me levantei algumas vezes, marchando até o corredor, tentando reunir tudo que me restava de coragem para falar com Vincent, mas o que eu ia dizer a ele?

"Oi, desculpa por me atirar em cima de você, eu tava bêbada e com dor de cotovelo porque vi uma mulher com trinta por cento de peito a mais que eu, fazer com Raf o que eu não tive coragem."

Talvez eu usasse o "meio bêbada" de novo, e talvez depois disso ele desse um jeito de eu ser demitida.

Me remexi na cadeira depois de me sentar mais uma vez. Eu sabia que deveria falar com ele, me explicar e pedir desculpas por não saber beber perto de caras bonitos.

Lá estava eu, fitando o corredor estreito que levava à sala de Vincent a cinco longos minutos, e no único instante em que eu desviei o olhar, ele se materializou bem ali, como se tivesse sido conjurado. Nem preciso dizer que quase caí da cadeira.

Se Vincent me notou encolhida na cadeira como uma grande perdedora, não pareceu se importar. Ele falou com algumas pessoas e distribuiu meios sorrisos, ignorando completamente minha mera existência, mesmo quando alguém — provavelmente Luna — citou o meu nome. Certeza de que ele me achava uma vadia!

Respirei fundo de novo, e de novo, era agora ou nunca. Afastei a cadeira com o quadril e alisei a saia xadrez sobre a meia-calça preta.

De pé ao lado da porta, me passou pela cabeça várias vezes a ideia de sair sem ser notada, mas para a minha completa falta de sorte, Vincent girou a maçaneta e a porta abriu de súbito.

— Rafael e eu não temos nada — disparei, pega de surpresa.
— Isso não é da minha conta.
— Tem razão, mas eu gostaria que soubesse. O que aconteceu ontem foi...
— Errado? — completou, me dando as costas.
— Eu não me expressei bem — fechei a porta atrás de mim.
Ele sorriu, mas não havia humor algum na sua risada.
— Seu corpo dizia uma coisa, Lexie. Mas a sua cabeça, ela dizia outra.
— O que o meu corpo dizia? — engoli a seco.
— Que queria aquilo tanto quanto eu, mas não é assim que as coisas funcionam pra você, é? — deu dois passos na minha direção.
Neguei com a cabeça.
— Você não segue o coração com muita frequência; prefere as coisas lógicas, descomplicadas. Olhe nos meus olhos e diga que não estaria arrependida hoje se tivéssemos terminado o que começamos na sua casa — levantou meu queixo com o polegar. — Diga que não iria vir aqui como está fazendo agora, para pedir desculpas.
— Não.
— Está mentindo — ele deu um meio sorriso amargo — não aceito menos do que ter as pessoas por inteiro, Lexie. Não aceitaria menos que isso de você.

Vincent largou meu rosto e caminhou de volta à sua mesa.
— Se não precisa mais da minha atenção... acredito que esse não seja um local apropriado para esse tipo de assunto.
— Não preciso, e você está certo.
— Tenha um bom dia, Lexie — ele disse. Não estava com raiva, só magoado. E ele tinha toda razão.

BEM ME QUEROnde histórias criam vida. Descubra agora