Alcancei o telefone em cima do sofá e espiei as mensagens. Duas eram da Babi e as outras três eram de Rafael.
Rafael: Ei! Onde você foi parar?
Rafael: Acho que já deve ter ido pra casa, queria ter oferecido uma carona.
Rafael: Espero que tenha gostado do lugar e que tenha se divertido. Me manda uma mensagem e a gente marca de novo.
Boa noite, gatinha.Me sentei sobre as pernas e comecei a digitar.
Eu: Oi! Já estou em casa. Desculpa por não ter me despedido, não consegui encontrar você.
Eu: Eu adorei a noite. E já que você falou, será que a gente pode repetir isso amanhã?
Ele respondeu alguns minutos depois.
Rafael: Amanhã? Ih, não vai dar, gatinha.
Rafael: Tenho uma parada para resolver.
Pode ficar pra próxima?Eu: Claro, sem problemas.
Esperei um tempo pela resposta, mas ela não veio, então dei o assunto por encerrado.
Eu: Boa noite pra você também.
Li as mensagens de Babi e respondi às piadinhas com uma carinha sorridente. Me livrei do sapato e das roupas a caminho do chuveiro, prendendo o cabelo em um coque alto. Tomei um banho demorado e, enquanto vestia o pijama, senti o estômago roncar alto. Os gatos também reclamavam aos meus pés, os dois implorando para serem alimentados.
Depois de encher os potes dos dois com ração, improvisei meu próprio lanche: pão com requeijão. Enchi um copo com suco — mesmo desejando uma Coca-Cola — e me acomodei no sofá da sala. Não demorou muito e senti Django se aconchegando ao meu lado, enquanto Lecter se esfregava em meu pé, no chão.
Vasculhei as redes sociais em busca de entretenimento, rolei alguns vídeos e até pesquisei algumas músicas antes de me sentir sonolenta.
Retirei o pé com cuidado debaixo do gatinho e levei a louça para a pia. Certifiquei-me de que o registro do gás estava fechado e de que a torneira não estava pingando antes de apagar a luz e ir para o quarto. A casa era pequena e cheia de defeitos. A torneira da pia às vezes ficava vazando, o ralo vivia entupindo e tinha pelo menos duas ou três goteiras entre a sala e a cozinha.
Os dois cômodos eram divididos por um balcão, e em poucos passos se podia atravessar de um lado para outro. Na sala, tinha aquele sofá com uma mancha de sabe-se lá Deus o quê que não saía por nada, que deveria estar na casa desde a era vitoriana. Babi e eu decidimos esconder aquela coisa horrorosa com uma manta que não poderia ser movida, mas com dois gatos sozinhos no cômodo, nada costumava ficar no lugar que deveria.
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BEM ME QUER
RomanceLexie é o tipo certo de garota errada. A vida é um desafio: a máquina de lavar está sempre quebrando, os vizinhos não são dos melhores e sua conta bancária vive no vermelho! Recém-formada em design gráfico e tentando sobreviver em tempos de...