Capítulo 23: Segredos nas Sombras da Floresta

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Calyon e Lira caminhavam sob a luz suave das duas luas, seus passos ecoando na floresta silenciosa. O ar noturno era frio e úmido, carregado com um leve aroma de flores noturnas. Os olhos atentos dos dois aventureiros saltitavam de um lado para o outro, à medida que tentavam decifrar os segredos ocultos entre as árvores antigas.

— Essa floresta parece ainda mais misteriosa à noite — disse Lira, olhando ao redor. — Como se tudo estivesse esperando que a gente tropeçasse em algo.

Calyon riu, ajeitando a capa. — Bem, você queria aventura, então é isso que teremos. Só espero que não seja em forma de uma besta gigante.

— Você não gosta de bestas, Calyon? — Lira provocou. — Pensei que já estivesse acostumado a lutar contra elas.

— Lutar, sim. Conversar? Nem tanto — ele respondeu com uma piscadela. — Embora, tenho que admitir, os que encontramos recentemente parecem mais inteligentes do que eu pensava.

O caminho à frente deles se estreitava, levando a um vale coberto de névoa, onde o som de água corrente podia ser ouvido à distância. Ao se aproximarem do vale, um brilho suave começou a aparecer nas profundezas da névoa.

— Você está vendo isso? — Lira perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade.

— Sim, estou vendo — Calyon murmurou. — Isso me parece suspeito. Devemos investigar ou dar meia-volta?

— Desde quando damos meia-volta? — Lira sorriu, começando a caminhar mais rápido. — Vamos!

Enquanto seguiam em direção ao brilho, a névoa pareceu se dissipar, revelando uma ruína antiga coberta por musgo e vinhas. No centro das ruínas, uma grande pedra brilhava com um símbolo estranho que parecia pulsar com energia.

— Isso parece perigoso — Calyon comentou, aproximando-se com cautela. — Alguma ideia do que seja?

— Talvez seja uma espécie de portal... ou um artefato antigo. Mas há algo de familiar nisso. — Lira examinou os símbolos de perto, sua mente trabalhando rapidamente. — Espere... eu já vi esses padrões em algum lugar antes!

— Onde? — Calyon perguntou, desconfiado.

— Nas antigas escrituras élficas sobre a serpente Jörmungandr e o lobo Fenrir — Lira respondeu, seus olhos se arregalando. — Esses símbolos são parte de uma lenda que fala sobre as feras ancestrais da destruição!

Calyon arregalou os olhos. — Ótimo! Então estamos a um passo de despertar algo que deveria permanecer dormindo.

Antes que pudessem discutir mais, a pedra brilhou intensamente, e um som grave ecoou pela floresta. De repente, uma criatura gigantesca emergiu das sombras, sua pele coberta de escamas e olhos brilhando com inteligência mortal.

— Calyon... acho que isso é uma das bestas que eu não queria encontrar! — Lira gritou, enquanto a criatura avançava na direção deles.

— E eu estava começando a gostar dessa noite tranquila! — Calyon puxou sua espada, concentrando-se. — Hora de trabalhar!

A criatura atacou, mas Calyon, agora mais confiante em seu poder sobre o espaço, moveu-se rapidamente, teleportando-se brevemente para fora do alcance da criatura.

— Isso foi por pouco! — ele exclamou, sorrindo.

— Vamos ver como você lida com isso! — Lira ergueu as mãos, canalizando uma energia lunar e solar ao mesmo tempo, suas mãos brilhando com uma fusão de luz dourada e prateada. Ela lançou uma onda de energia na direção da criatura, que rugiu em resposta, mas hesitou por um momento.

— Impressionante! — Calyon comentou, observando o efeito do ataque de Lira.

— Tenho mais truques na manga — ela respondeu, rindo. — Agora é sua vez!

Calyon, sentindo a adrenalina correr em suas veias, canalizou suas habilidades espaciais e gravitaçãois. Ao criar um pequeno campo gravitacional, ele atraiu pedras e destroços ao redor, formando uma barreira defensiva.

— Vem aqui, grandalhão! — ele provocou a criatura, preparando-se para o próximo ataque.

A batalha continuou, com os dois jovens guerreiros lutando ferozmente contra a criatura. Eles se moviam com uma sincronia quase perfeita, combinando ataques mágicos com habilidades físicas, enquanto a floresta ao redor parecia vibrar com a intensidade do confronto.

No entanto, quando parecia que estavam prestes a vencer, a criatura deu um passo para trás, suas escamas reluzindo, e desapareceu nas sombras.

— O que foi isso? — Lira perguntou, ofegante.

— Parece que... nos deixou ir — Calyon respondeu, surpreso.

— Ou está planejando algo maior — Lira ponderou, olhando desconfiada para a escuridão.

— De qualquer forma, vamos sair daqui antes que ele mude de ideia — Calyon sugeriu.

Enquanto se afastavam das ruínas, os dois não conseguiam deixar de sentir que estavam sendo observados. Mas a sensação logo foi substituída por uma leveza e, antes que percebessem, estavam rindo novamente das piadas e da batalha recém-concluída.

— Você lutou bem hoje — Lira elogiou, dando um leve soco no ombro de Calyon.

— Obrigado, mas acho que você roubou a cena com sua magia da lua e do sol — ele sorriu. — Isso foi realmente incrível.

— Tenho meus truques — ela respondeu, piscando. — Mas ainda quero ver o que mais você pode fazer com esses seus poderes espaciais.

Enquanto continuavam a caminhada, o som de risadas e passos ecoava pela floresta. No entanto, em algum lugar nas profundezas das sombras, o mistério da criatura que enfrentaram continuava a rondar suas mentes — e com ele, o enigma da lenda de Jörmungandr e Fenrir.

A lua cheia brilhava no céu, testemunha silenciosa de suas aventuras, enquanto o próximo desafio se aproximava lentamente.

Fim do capítulo 23.

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