Capítulo 19: Guardiões da Floresta
Enquanto Calyon e Lira se aventuravam mais profundamente na floresta, a luz do sol filtrava-se pelas copas das árvores, criando um padrão de sombras dançantes no chão coberto de folhas. A atmosfera estava carregada de mistério, e cada som da floresta parecia sussurrar histórias antigas.
— Você já ouviu falar da lenda do Guaraci? — Lira perguntou, olhando para as copas das árvores como se esperasse vê-lo aparecer.
— Não, mas aposto que você vai me contar! — Calyon respondeu, sorrindo.
— Dizem que Guaraci é o Deus do Sol, o guardião das florestas e das criaturas que habitam aqui. Ele aparece em forma de uma caipora, uma figura mística que protege os seres da floresta, e aqueles que mostram respeito pela natureza. Se você se comportar bem, pode até ter a chance de vê-lo! — Lira explicou, seus olhos brilhando de entusiasmo.
— Então devemos ser muito educados, certo? — Calyon disse, fazendo uma reverência exagerada. — Ó grande Guaraci, estamos aqui para respeitar a natureza e pedir sua bênção!
Lira riu, mas o riso logo foi interrompido por um som suave que parecia ecoar pela floresta. Era como um canto, suave e envolvente, mas ao mesmo tempo cheio de poder.
— Você ouviu isso? — Calyon perguntou, parando em seu lugar.
— Sim! Vamos seguir o som! — Lira respondeu, o espírito de aventura em alta.
Os dois seguiram a melodia, atravessando a vegetação densa, até que chegaram a uma clareira iluminada. No centro, uma criatura mística dançava com os raios do sol, seu corpo era uma mistura de humano e animal, adornado com folhas e flores. Era a caipora, uma guardiã da floresta.
— Olá, viajantes! — ela disse, sua voz doce como o mel. — O que traz vocês a este canto sagrado da floresta?
— Nós… bem, estávamos apenas explorando! — Calyon disse, surpreso com a beleza da criatura. — E ouvimos sua canção.
— Ah, a canção dos guardiões! — a caipora sorriu, dançando em um círculo. — Ela ecoa através da floresta para aqueles que têm respeito pela natureza. Vocês têm coragem, mas também têm um espírito brincalhão.
Lira sorriu. — Sim, sempre! Nós queremos aprender mais sobre a floresta e sobre o nosso lugar aqui.
— O conhecimento é poder, mas o respeito é a chave! — a caipora respondeu, piscando um olho. — Guaraci está sempre observando. Ele aprecia aqueles que protegem a floresta. Para provar seu valor, vocês devem enfrentar um desafio.
— Um desafio? — Calyon disse, animado. — Que tipo de desafio?
— Vocês devem coletar três flores raras que crescem nas profundezas da floresta, mas cuidado, pois há criaturas que não gostam de intrusos. Se conseguirem, Guaraci poderá lhes conceder uma visão de seu poder.
— Isso parece emocionante! — Lira exclamou, já se preparando para partir. — Vamos, Calyon!
— Espera! — a caipora interrompeu. — Lembrem-se, o respeito pela floresta é fundamental. Não coletem as flores à força. Conectem-se com a natureza e façam um pedido sincero.
— Certo! — Calyon assentiu, apesar de sua impaciência. — Estamos prontos!
A caipora indicou uma trilha que se estendia em direção a uma área mais densa da floresta. Os dois partiram, atravessando árvores imensas e plantas vibrantes. Lira liderava, sua curiosidade guiando-a.
Após algum tempo, chegaram a uma área coberta de névoa suave. No centro, havia flores de um azul profundo, quase luminescentes, que pareciam dançar na brisa.
— Uau! Olhe isso, Calyon! — Lira exclamou, os olhos brilhando. — Elas são lindas!
Cautelosamente, eles se aproximaram, mas antes que pudessem tocá-las, uma criatura imponente apareceu, um enorme cervo com chifres ramificados como galhos de árvores. Seus olhos tinham uma sabedoria antiga, e ele observava os intrusos com um olhar intenso.
— O que vocês querem aqui? — o cervo perguntou, sua voz grave ecoando pela névoa.
— Nós só queremos coletar algumas flores raras! — Lira respondeu, levantando as mãos em sinal de paz. — Nós prometemos respeitar a floresta!
— Promessas são apenas palavras — o cervo disse, fazendo um movimento com a cabeça. — Vocês devem demonstrar seu valor.
Calyon olhou para Lira, e um plano começou a se formar em sua mente. Ele lembrou-se da canção da caipora e decidiu que poderia tentar uma abordagem diferente.
— Que tal um jogo? — Calyon sugeriu, dirigindo-se ao cervo. — Se conseguirmos ganhar, podemos pegar as flores?
O cervo olhou para eles, intrigado. — Um jogo? Que tipo de jogo?
— Um desafio de sabedoria! — Lira disse, animada. — Faça-nos perguntas, e se acertarmos, podemos pegar as flores.
O cervo hesitou por um momento, mas então assentiu. — Muito bem. Façam suas perguntas e preparem-se para o teste.
Com isso, a competição começou. O cervo fez perguntas sobre as plantas, os animais da floresta e até mesmo sobre as constelações que iluminavam o céu à noite. Calyon e Lira, com sua determinação e trabalho em equipe, foram capazes de responder corretamente a todas.
Finalmente, o cervo sorriu, satisfeito. — Vocês demonstraram sabedoria e respeito. As flores são suas.
Calyon e Lira se aproximaram das flores, colhendo-as com cuidado. Assim que fizeram isso, uma brisa suave percorreu a área, e uma luz dourada iluminou o céu.
— Guaraci, Deus do Sol, observa vocês! — a voz do cervo reverberou.
Em um instante, a luz se intensificou, e a figura de Guaraci apareceu entre as árvores, sua forma radiante refletindo a essência do sol. Ele sorriu para os dois.
— Vocês provaram ser dignos, jovens viajantes. Que as bênçãos do sol e da floresta estejam com vocês.
Calyon e Lira ficaram sem palavras, absorvendo a grandeza do momento.
— Agora, voltem para a caipora e compartilhem suas descobertas. A floresta sempre precisa de protetores! — Guaraci disse antes de desaparecer como um raio de luz.
Lira olhou para Calyon, seu coração batendo forte. — Isso foi incrível! Mal posso esperar para contar à caipora.
— Sim, e quem diria que um cervo poderia ser tão sábio? — Calyon comentou, ainda surpreso. — Vamos, precisamos voltar!
Enquanto retornavam, o espírito de aventura e o mistério do que encontraram apenas aumentavam. Eles não apenas descobriram flores raras, mas também uma conexão mais profunda com a floresta e seus guardiões, o que poderia levar a novas aventuras e desafios no futuro.
Fim do Capítulo 19.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônica da divisão Eterna
FantasiNo vasto e misterioso mundo de Nana, oito continentes são governados por raças poderosas, enquanto o continente humano luta para sobreviver como o mais fraco. Calyon, o jovem príncipe herdeiro, carrega uma linhagem ancestral enigmática com o poder s...