O sol começava a se pôr no horizonte quando Calyon e Lira chegaram a uma antiga passagem esculpida nas rochas, encoberta por vegetação espessa. O caminho parecia esquecido, como se ninguém tivesse se aventurado por ali em séculos. A atmosfera era misteriosa, e uma sensação de inquietação pairava no ar.
— Isso me parece uma péssima ideia — murmurou Calyon, olhando para as sombras que dançavam ao redor das pedras cobertas de musgo. — Entrar em uma ruína antiga ao anoitecer? Qual a chance de não haver armadilhas mortais?
Lira deu uma risada suave, dando um leve empurrão em Calyon. — Relaxa, já passamos por piores. Além do mais, temos que descobrir o que está além dessa passagem. Se as lendas sobre o espírito da Caipora são verdadeiras, há algo aqui que precisamos ver.
— Isso se sobrevivermos, claro — ele respondeu com um sorriso, embora seus olhos estivessem atentos a qualquer movimento suspeito.
Com passos cuidadosos, eles avançaram pela ruína, enquanto a escuridão tomava conta do lugar. O ambiente era silencioso, exceto pelos sussurros suaves que pareciam vir das paredes. As inscrições antigas estavam gravadas por toda parte, escritas em uma língua desconhecida.
— Lira, você consegue ler isso? — Calyon perguntou, apontando para um conjunto de símbolos.
Lira examinou os hieróglifos antigos, seu olhar fixo nas figuras entalhadas. — É a língua dos elfos antigos... mas há algo mais aqui. Parece um enigma.
— Claro que é um enigma. O que mais seria? — Calyon riu, revirando os olhos enquanto se inclinava para observar os símbolos. — O que diz?
Lira leu em voz alta: "Sombras são a chave para o caminho. A luz é o que revela, mas apenas na ausência do brilho verdadeiro, o enigma será decifrado."
— Isso é definitivamente uma armadilha — disse Calyon, cruzando os braços. — Ou um quebra-cabeça realmente complicado.
De repente, o chão sob seus pés tremeu, e as paredes começaram a se mover. Uma porta de pedra atrás deles se fechou com um estrondo. As sombras nas paredes começaram a se mover sozinhas, dançando como figuras esculpidas em fumaça.
— Eu sabia! — exclamou Calyon, puxando Lira para longe do chão que agora estava afundando lentamente. — Tem que ser um teste ou uma armadilha.
— Calma! — Lira disse, observando as sombras com atenção. — Acho que entendi o que temos que fazer.
Com um movimento rápido, Lira estendeu as mãos, e um brilho suave de luz solar misturada com energia lunar emergiu de seus dedos. Ela projetou um feixe de luz na parede onde as sombras se agitavam, tentando iluminar o enigma.
Calyon observava com interesse, mas logo percebeu algo estranho. — Espere, Lira! Você está indo na direção errada.
— Como assim? — ela perguntou, franzindo a testa.
— O enigma disse que precisamos da ausência de brilho verdadeiro. Se você usar a luz diretamente, só vai piorar as coisas — explicou ele, apontando para uma sombra que parecia se mover de forma diferente. — Temos que usar a sombra, não a luz.
Lira sorriu, impressionada. — Ora, quem diria que você tem talento para resolver enigmas?
— Surpreendente, não é? — ele respondeu com um sorriso brincalhão.
Com isso, Calyon invocou uma pequena distorção no espaço ao redor da sombra, manipulando sua posição. Quando as sombras finalmente se alinharam corretamente, uma passagem secreta se abriu à frente deles, revelando uma escada descendente iluminada por uma luz suave e fantasmagórica.
— Parece que acertamos — disse Lira, com um olhar de satisfação.
Os dois desceram com cautela, as escadas os levando para o coração da ruína. À medida que avançavam, Calyon começou a sentir algo estranho no ar. Uma energia densa, como se o próprio espaço ao redor estivesse distorcido.
— Tem algo errado aqui... — ele murmurou, observando as paredes que pareciam vibrar com uma energia desconhecida.
De repente, uma voz ecoou pelas ruínas, uma voz antiga e poderosa que fez os dois pararem no mesmo instante.
— Vocês ousam invadir o domínio dos deuses? — a voz parecia vir de todos os lados, reverberando nas paredes. — Aqui jaz um segredo que nunca deveria ser revelado.
Calyon e Lira trocaram olhares rápidos. A tensão aumentava.
— Não viemos para roubar segredos — disse Lira em voz alta. — Viemos apenas em busca de respostas.
Uma risada profunda e sombria ecoou pela sala. — Respostas? Vocês mal entendem as perguntas. O que procuram está além da compreensão mortal.
Antes que pudessem responder, as sombras nas paredes começaram a se materializar em criaturas grotescas, bestas selvagens feitas de pura escuridão. Seus olhos brilhavam em um vermelho intenso enquanto avançavam lentamente em direção a eles.
— Isso definitivamente não está nos meus planos para o dia — resmungou Calyon, preparando-se para a batalha.
Lira já estava em posição de combate, suas adagas brilhando com a energia do sol e da lua. — Vamos acabar com isso.
As criaturas avançaram rapidamente, e a luta começou. Calyon usou suas habilidades espaciais para se teleportar ao redor das bestas, atacando com precisão antes que pudessem reagir. Lira, por outro lado, deslizou graciosamente entre os inimigos, suas lâminas cortando através das sombras como se fossem papel.
— Cuidado com o flanco! — Lira gritou enquanto uma das bestas tentava pegar Calyon de surpresa.
Ele se teleportou no último segundo, reaparecendo atrás da criatura e desferindo um golpe devastador. — Você também precisa ficar atenta! — ele gritou de volta com um sorriso.
A batalha foi intensa, mas os dois estavam em perfeita sintonia. À medida que derrotavam uma por uma das criaturas, a energia na sala começou a mudar.
Quando a última besta foi derrotada, a voz antiga ecoou novamente, mas dessa vez, com menos intensidade.
— Vocês passaram no teste. Mas lembrem-se... os verdadeiros segredos ainda estão ocultos. Vocês não podem escapar do destino que os aguarda.
Com isso, a sala ficou em silêncio, e uma porta secreta se abriu, levando-os para fora das ruínas. Lá fora, a noite já havia caído, e a luz das duas luas brilhava suavemente no céu.
— Que tal uma aventura tranquila na próxima vez? — Calyon perguntou, exausto.
Lira riu, guardando suas adagas. — Isso foi tranquilo, considerando o que ainda está por vir.
Com isso, eles se prepararam para seguir em frente, cientes de que a floresta e suas ruínas escondiam muito mais segredos do que haviam imaginado.
Fim do capítulo 25
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Crônica da divisão Eterna
FantasyNo vasto e misterioso mundo de Nana, oito continentes são governados por raças poderosas, enquanto o continente humano luta para sobreviver como o mais fraco. Calyon, o jovem príncipe herdeiro, carrega uma linhagem ancestral enigmática com o poder s...