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Para quem veio pelo Daryl, ele aparecerá a partir do próximo capítulo. O prólogo serve apenas para iniciar a história e apresentar um pouco sobre a protagonista.

—Mamãe, por que eu sempre tenho que me esconder no porão quando o papai chega? Eu não gosto de ficar lá embaixo, é frio e fede

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—Mamãe, por que eu sempre tenho que me esconder no porão quando o papai chega? Eu não gosto de ficar lá embaixo, é frio e fede...— Merliah perguntou, com a voz tremida e desanimada, enquanto sua mãe a puxava pela pequena mãozinha até a porta que dava para o porão.

A pequena Merliah observou sua mãe olhar pela janela, vendo a caminhonete do marido se aproximar cada vez mais dos portões da fazenda onde moravam. A mulher suspirou fundo, afagando as próprias coxas com um movimento eufórico, o medo estampado em cada gesto.

Ajoelhando-se na altura da filha, encarou profundamente os olhos azuis que lembravam tanto os do pai de Merliah. Um sorriso forçado surgiu em seus lábios, embora os olhos estivessem marejados. Com cuidado, afagou os fios loiros da menina, segurando sua cabeça entre as mãos, como se implorasse em silêncio para que a filha prestasse atenção.

—Querida, o papai está muito cansado e, às vezes, quando o trabalho é pesado, ele fica... nervoso. Então, o que acha de a gente brincar de pique-esconde?— a voz da mulher estava carregada de pavor, e Merliah conseguia sentir isso a todo momento. —Você vai lá pro porão, se esconde bem quietinha, e fica lá até a mamãe ou o papai te encontrar, tudo bem?

Mesmo tão pequena, Merliah já não conseguia acreditar nas palavras de sua própria mãe. Quando tinha três ou quatro anos, a ideia de brincar de pique-esconde ainda fazia sentido, e ela se escondia sem questionar. Mas agora, aos seis anos, tudo começava a soar estranho. Algo dentro dela sussurrava que não era bem uma brincadeira. O que tornava tudo ainda mais suspeito era o fato de que, depois de horas esperando no porão, quem sempre a encontrava era sua mãe – nunca seu pai.

Merliah estreitou os olhos, sua expressão se transformando em uma máscara de desconfiança. O barulho familiar da caminhonete se aproximando ecoava do lado de fora, cada vez mais alto, fazendo o peito dela apertar. Por mais que fosse pequena, a menina já entendia que havia algo muito errado naquela rotina.

—Eu não quero mais brincar disso, mamãe. A gente pode brincar de outra coisa?— a pequena criança pediu, com a voz baixa, mas firme, seus olhos fixos nos da mãe, cheios de uma inocência que começava a dar lugar à compreensão.

A mulher engoliu em seco, os lábios tremendo como se estivesse prestes a chorar. Com um olhar desesperado, ela balançou a cabeça veementemente, negando de forma quase automática. Segurou os pequenos ombros de Merliah com firmeza, os dedos pressionando um pouco mais do que o habitual, e sua voz saiu tremida, quase suplicante, como se não houvesse outra opção.

—Por favor, meu bem, desça e se esconda no mesmo lugar de sempre, tá bom? A mamãe vai te encontrar, confia em mim?— cada palavra parecia rasgar sua garganta, e os olhinhos brilhantes e cismados feriam seu coração. —O papai gosta de brincar, ele só não é bom nessa brincadeira.

𝒮𝒜𝒢𝑅𝒜𝒟𝒪 𝒫𝑅𝒪𝐹𝒜𝒩𝒪 | Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora