𝒞𝒜𝒫Í𝒯𝒰𝐿𝒪 4

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Merliah Bridget

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Merliah Bridget

A noite já havia caído há horas, e a escuridão parecia ainda mais densa com o silêncio que nos envolvia. Eu caminhava ao lado de Daryl, mas a distância entre nós era grande – grande o suficiente para caber todo o peso que carregávamos. A cada passo, o caminho para a capela de Alexandria parecia se estender como se não tivesse fim. Cada metro percorrido era como um lembrete incômodo de tudo que ficou por dizer, de tudo que a gente deixou suspenso no ar desde a casa do Rick.

Daryl mantinha as mãos enterradas nos bolsos da calça, como se ali estivessem mais seguras. Era um gesto dele que eu já conhecia bem, mas hoje parecia diferente, mais desconfortável. Talvez ele estivesse tentando se proteger de si mesmo, ou talvez estivesse só tentando evitar o momento – ou a mim. Eu podia sentir seu embaraço tanto quanto sentia o meu, mesmo que ele não deixasse nada escapar. O rosto dele era uma muralha, ilegível, mas havia algo na forma como ele andava, nos ombros ligeiramente encolhidos, que revelava um pouco do que eu sabia que ele também sentia: a mesma confusão, o mesmo peso.

A noite estava fria, e o vento leve agitava as folhas secas sob nossos pés, quebrando o silêncio apenas por breves momentos. Era estranho pensar que alguém como Daryl, sempre tão firme, tão seguro, pudesse estar tão deslocado em uma simples caminhada. Mas eu sabia. Sabia que ele estava assim por causa de mim.

Minha mente era um turbilhão. A cada passo eu me perguntava o que ele estava pensando, se ele também estava relembrando tudo o que conseguimos falar mais cedo. Eu não sabia como quebrar aquele silêncio sem parecer invasiva, mas ao mesmo tempo, a distância entre nós parecia aumentar a cada segundo, como se estivéssemos nos perdendo no escuro, mesmo andando lado a lado.

Olhei para Dixon de soslaio. A luz fraca da lua iluminava de leve suas feições endurecidas, e por um instante quis perguntar o que ele estava sentindo, o que ele estava pensando. Mas não perguntei. Fiquei ali, presa entre a vontade de me aproximar e o medo de que ele se afastasse ainda mais.

Talvez não tivesse sido uma boa ideia cogitar a companhia dele. Desde o início, algo dentro de mim dizia que seria complicado, mas ignorei, achando que era só uma caminhada para nós entendermos, nada demais. Agora, com cada passo pesado no silêncio sufocante entre nós, a realidade se tornava clara, foi um erro. A gente já havia se resolvido – ou quase. E aquilo já devia ter sido o bastante. Não precisava de mais.

𝒮𝒜𝒢𝑅𝒜𝒟𝒪 𝒫𝑅𝒪𝐹𝒜𝒩𝒪 | Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora