𝒞𝒜𝒫Í𝒯𝒰𝐿𝒪 20

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Merliah Bridget

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Merliah Bridget

Merliah?— ouço sua voz fria e distante.

Sinto meu corpo congelar no lugar, como se o próprio tempo tivesse decidido parar para me punir. Posso jurar que não sinto minhas pernas, e é como se o chão tivesse desaparecido sob mim. O toque das minhas mãos contra meu próprio corpo parece distante, irreal, e minha boca, seca e adormecida, me trai. Tento engolir o nó na garganta, mas ele cresce como uma verme faminto, sufocando cada tentativa de racionalidade.

Minha visão vacila, os olhos piscam instintivamente, uma, duas, três vezes, mas não consigo desviar da imagem diante de mim. Quero negar o que vejo, quero acreditar que é uma ilusão maldita, mas meu estômago se retorce, um enjoo amargo me consome. O pânico se espalha rápido, como fogo, e cada batida do meu coração parece mais forte, mais desesperada, ecoando em minha garganta, nas pontas dos meus dedos. Meu peito dói, o ar se recusa a entrar. Por um momento, penso que posso simplesmente apagar, cair ali mesmo. Sei que não vou durar muito sem um amparo, mas não consigo sequer me mover para buscar ajuda.

Então, me obrigo a focar em seus olhos. Apenas seus olhos. Aqueles olhos castanhos que já foram tão cheios de vida, tão cheios de algo que eu nunca soube como descrever, mas que sempre aquecia meu peito. Agora, tudo que vejo é o oposto; um vazio congelante, frio como a morte. Eles não me miram com a afeição que um dia me tirou o fôlego, nem com a intensidade que já me fez feliz. São dois poços profundos e tenebrosos, sem emoção, sem vida, sem nada.

Minha atenção vagueia, hesitante, para o restante de seu rosto. Pequenos ferimentos cobrem sua pele, nada além de cortes e hematomas que pintam sua expressão de descaso com o próprio sofrimento. Um corte na sobrancelha, um arranhão no queixo, lesões que descem por seu pescoço e desaparecem sob a roupa. Há algo de cruel naquele estado, algo que não deveria ser permitido existir. Mas pior que seus ferimentos, pior que a ausência de expressão, é o vazio em seus olhos.

Esse vazio me engole, me devora, até que não reste mais nada de mim. E eu apenas fico ali, paralisada, sem conseguir formar palavras, sem conseguir escapar da verdade que agora me encara.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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𝒮𝒜𝒢𝑅𝒜𝒟𝒪 𝒫𝑅𝒪𝐹𝒜𝒩𝒪 | Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora