O ar fresco da manhã de domingo estava carregado com a quietude que Clara sempre buscava quando precisava de tempo para pensar. Desde que descobrira a verdade sobre Nate, uma parte dela se sentia mais conectada ao mistério e ao perigo do que gostaria de admitir. Ela sabia que a revelação não seria o fim, mas sim o início de algo muito maior.
Caminhando pela trilha cercada por árvores altas, Clara sentia o peso do conhecimento que agora carregava. O toque gelado de Nate em sua pele naquela noite ainda parecia assombrá-la. Era impossível esquecer o frio sobrenatural que emanava dele, e as respostas que ela buscara incansavelmente na internet só confirmaram o que ela já desconfiava: Nate era um vampiro.
Enquanto ela seguia pela floresta, uma sensação familiar de estar sendo observada tomou conta dela. Ela sabia, sem precisar se virar, que ele estava lá. Nate.
— Sei que você está aí — disse Clara, sem pausar sua caminhada.
De repente, Nate surgiu entre as árvores, seus olhos fixos nela, carregando aquela intensidade habitual. Ele a acompanhava a uma distância segura, mas próximo o suficiente para que ela sentisse sua presença.
— Não consigo evitar — Nate respondeu, sua voz quase um sussurro. — Depois de tudo que você descobriu, não posso simplesmente... te deixar sozinha.
Clara parou e virou-se para ele, cruzando os braços, a mente ainda pesada com a confusão de tudo que aprendera nos últimos dias.
— Você podia ter me contado — ela falou, sem raiva, mas com uma sinceridade que fez Nate vacilar.
— Eu queria — ele admitiu, dando alguns passos à frente. — Mas quanto mais você soubesse, mais perigoso seria.
Clara balançou a cabeça, os lábios se curvando em um sorriso amargo.
— Acho que já passei do ponto de retorno, não acha?
Nate não respondeu de imediato, mas o peso de sua culpa era visível em seus olhos. Clara podia sentir que ele queria protegê-la de tudo aquilo, mas o que ele talvez não entendesse era que ela não era o tipo de garota que se deixava proteger de tudo. Ela precisava entender. Precisava se envolver.
De repente, um movimento ao longe chamou sua atenção. Uma figura familiar emergiu das sombras, movendo-se com uma graça sobrenatural. Era Lilith. Clara reconheceu de imediato a mulher loira que tinha visto antes, ao lado de Nate, nos corredores da escola. Agora, ela sabia quem era.
Lilith.
Clara sentiu seu corpo enrijecer. Nate imediatamente avançou, posicionando-se entre Clara e Lilith, como se quisesse proteger Clara de algo.
— Lilith — Nate disse, a voz cheia de uma tensão que Clara sentia nas entrelinhas.
Lilith sorriu, mas não era um sorriso caloroso. Era afiado, calculado.
— Ah, Nate, por que toda essa tensão? — Lilith falou, a voz como seda, enquanto seus olhos frios se fixavam em Clara. — Eu só vim conhecer a sua... amiga.
Clara manteve-se firme, embora sua mente estivesse fervendo com perguntas. Sabia que Nate já tinha explicado tudo sobre Lilith — sua frieza, sua natureza. Mas nada a preparava para o encontro cara a cara.
— Já nos vimos antes — Clara disse, tentando manter a calma na voz. — Na escola.
Lilith ergueu uma sobrancelha, intrigada.
— Ah, então você é observadora. Bom saber.
Nate não tirou os olhos de Lilith, e o desconforto era palpável. Ele deu um passo à frente, bloqueando ainda mais o caminho de Lilith em direção a Clara.
— Ela não faz parte disso, Lilith. Deixe-a fora — ele advertiu, com uma firmeza que Clara não havia ouvido nele antes.
Lilith apenas riu, um som leve e frio que pareceu ecoar entre as árvores.
— Oh, Nate, você sabe tão bem quanto eu que isso não vai durar. Quanto mais ela souber, mais ela estará envolvida. E honestamente, estou curiosa para ver o que vai acontecer.
Clara sentiu o olhar de Lilith sobre ela, avaliando, medindo. Uma sensação desconfortável percorreu seu corpo. Havia algo assustadoramente fascinante em Lilith, uma aura de perigo que Clara ainda não entendia completamente.
— Não se preocupe, querida — Lilith disse, voltando sua atenção completamente para Clara. — Ainda não estou interessada em você. Mas vou admitir... você me intriga.
Nate se aproximou de Clara, e por um momento, ela pensou que ele fosse impedi-la de responder. Mas em vez disso, ele apenas sussurrou, baixo o suficiente para que apenas ela pudesse ouvir:
— Cuidado com ela.
Clara manteve o olhar em Lilith, seu coração acelerado, mas ela se recusava a mostrar qualquer sinal de medo.
— Eu já sei mais do que deveria — Clara disse, desafiadora. — Mas você pode apostar que eu vou descobrir ainda mais.
O sorriso de Lilith se alargou, e por um momento, pareceu que ela estava genuinamente se divertindo.
— Ah, eu mal posso esperar.
E então, com a mesma rapidez com que apareceu, Lilith se afastou, desaparecendo na floresta, deixando Clara e Nate sozinhos.
O silêncio que restou foi opressor, e Clara virou-se para Nate, com uma expressão séria.
— Ela é um problema maior do que você me contou, não é?
Nate suspirou, passando a mão pelos cabelos, claramente exausto.
— Sim. E infelizmente, ela está só começando.
Clara olhou para a direção onde Lilith desapareceu, sentindo o frio na espinha. A sensação de que havia mais por vir era impossível de ignorar.
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Sombras do desejo
RomanceMaria Clara está prestes a descobrir que os segredos do seu coração estão mais entrelaçados do que ela imaginava. Quando o enigmático Nathaniel Carter aparece em sua vida, a jovem se vê envolvida em uma história de amor intensa e cheia de mistérios...