Clara e Nate caminharam em silêncio por algumas ruas escuras, longe dos olhos curiosos. A tensão entre eles era palpável, uma combinação de segredos não ditos e perigos que espreitavam ao redor. Clara sentia o peso de tudo aquilo — o mundo oculto no qual fora lançada, a ameaça de Lilith, e agora a distância que parecia crescer entre ela e Nate, mesmo com ele ao seu lado.
— Eu só não entendo — Clara quebrou o silêncio, olhando para frente, tentando organizar seus pensamentos. — Por que Lilith está tão interessada em mim? Quero dizer, eu não sou nada especial... pelo menos não nesse mundo.
Nate parou de andar e se virou para encará-la, sua expressão séria. Ele hesitou por um momento, como se estivesse ponderando o quanto deveria dizer.
— Lilith vê as pessoas como peças em um jogo — Nate explicou, sua voz baixa e controlada. — Ela quer ver como você reage, até onde você está disposta a ir. Mas... — ele pausou, passando a mão pelos cabelos, claramente frustrado —, eu acho que ela também está curiosa sobre o que você significa para mim.
Clara franziu o cenho, tentando entender.
— E o que eu significo para você?
Nate evitou seu olhar por um momento, como se a pergunta tivesse pegado-o de surpresa. Finalmente, ele voltou a olhar para ela, seus olhos profundos transmitindo uma vulnerabilidade que Clara não esperava.
— Mais do que você imagina — ele disse simplesmente, mas com um peso nas palavras que fez o coração de Clara disparar.
Antes que ela pudesse responder, um som vindo do fundo da rua os interrompeu. Clara se virou rapidamente, o corpo tenso, enquanto Nate se aproximava de maneira protetora. Uma figura surgiu das sombras, caminhando com passos leves e elegantes. Não precisavam de mais do que um segundo para reconhecê-la: Lilith.
Ela se aproximou lentamente, um sorriso enigmático nos lábios.
— Espero não estar interrompendo nada — disse Lilith, sua voz suave e ao mesmo tempo ameaçadora.
Nate deu um passo à frente, colocando-se entre Clara e Lilith, claramente tentando manter a situação sob controle.
— O que você quer, Lilith? — ele perguntou, com uma frieza que Clara ainda não tinha visto nele.
Lilith apenas riu, um som que ecoou nas ruas vazias, e passou os olhos de Nate para Clara, como se estivesse se deliciando com a tensão entre eles.
— Ah, Nate, você sempre tão sério. Eu só queria ver como a nossa querida Clara está se saindo — ela disse, olhando diretamente para Clara. — Depois de tudo, é raro uma humana se manter tão... firme.
Clara sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas se recusou a demonstrar medo. Não daria a Lilith essa satisfação.
— O que você quer de mim? — Clara perguntou, sua voz desafiadora, mesmo que internamente se sentisse nervosa.
Lilith ergueu uma sobrancelha, claramente surpresa pela ousadia de Clara.
— Direta ao ponto, eu gosto disso — ela disse, dando alguns passos à frente. Nate imediatamente tensionou, pronto para intervir se necessário. — O que eu quero de você? Ainda não decidi, para ser honesta. Mas vou te dar um aviso, querida — Lilith sorriu de maneira fria. — Quanto mais você se envolver com Nate, mais você vai se afundar nesse mundo. E, uma vez dentro, não há saída.
Clara não desviou o olhar, mesmo com o aviso pairando no ar. Ela sabia que as palavras de Lilith carregavam um peso perigoso, mas parte dela já havia aceitado essa realidade. Ela não queria sair. Não agora.
— Se estou dentro, então é minha escolha — Clara respondeu, a voz firme.
O sorriso de Lilith se alargou, como se estivesse satisfeita com a resposta.
— Veremos quanto tempo você consegue manter essa confiança.
Antes que Nate pudesse reagir, Lilith desapareceu tão rapidamente quanto havia aparecido, deixando apenas o eco de suas palavras no ar. Nate permaneceu imóvel por um momento, ainda alerta, antes de se virar para Clara, a expressão preocupada.
— Ela não vai parar — ele murmurou, mais para si mesmo do que para Clara.
— Eu sei — Clara respondeu, dando de ombros, como se estivesse se acostumando com a ideia. — Mas eu também não.
Nate olhou para ela, surpreso, mas antes que pudesse responder, o telefone de Clara vibrou em seu bolso. Era uma mensagem de Fernanda. Clara leu rapidamente: "Onde você está? Você sumiu de novo! Precisamos conversar."
— Fernanda está começando a desconfiar — Clara disse, guardando o celular. — E não posso continuar mentindo para ela.
Nate suspirou, claramente dividido.
— Eu sei que ela é sua amiga, mas... quanto menos pessoas souberem, melhor.
Clara assentiu, entendendo a preocupação de Nate, mas também sabia que não poderia continuar afastando sua melhor amiga. Fernanda merecia saber, mesmo que Clara não pudesse contar tudo de uma vez.
— Vou ter que lidar com isso mais cedo ou mais tarde — ela disse, determinada. — Mas antes... — ela olhou para Nate, seus olhos buscando os dele. — Você precisa me contar tudo sobre Lilith. Quem ela realmente é? E o que ela quer de você?
Nate hesitou, seu olhar cheio de conflitos. Clara sabia que havia mais segredos, mais perigos do que ele estava deixando transparecer.
— Lilith e eu temos uma... história complicada — ele começou, sua voz carregada de um peso antigo. — Ela não era sempre assim. Mas agora, ela é uma ameaça. Não só para você, mas para tudo que tocamos.
Clara sentiu o impacto dessas palavras. Havia mais do que apenas a tensão entre Nate e Lilith. Algo sombrio os conectava, algo que ela ainda não entendia.
Mas, por mais difícil que fosse, Clara estava determinada a descobrir tudo.
—Antes que Nate pudesse começar a contar, Clara percebeu que estava tarde demais e disse — 'Vamos para a minha casa, está tarde e meus pais devem estar preocupados. Lá, nós conversamos sobre isso e você me conta tudo.
Continua...
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Sombras do desejo
RomanceMaria Clara está prestes a descobrir que os segredos do seu coração estão mais entrelaçados do que ela imaginava. Quando o enigmático Nathaniel Carter aparece em sua vida, a jovem se vê envolvida em uma história de amor intensa e cheia de mistérios...