Cap.6

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O fim de semana finalmente chegou, mas a inquietação de Clara parecia só aumentar. As coisas com Nate estavam cada vez mais confusas, e o jeito dele, sempre tão enigmático, começava a incomodá-la. Ela sentia que havia algo de errado, algo que ele estava escondendo, e a necessidade de descobrir o que era a consumia.

No sábado à tarde, Clara decidiu ir até a lanchonete onde costumava encontrar Nate. Talvez ele estivesse por lá, como sempre, ou pelo menos ela teria um momento de distração. Chegando lá, não o viu de imediato, então sentou em uma mesa perto da janela, observando as pessoas passarem na rua.

Ela mal havia pedido sua bebida quando sentiu uma presença familiar atrás de si. Nate se aproximou, com seu jeito calmo e quase fantasmagórico. Seus movimentos eram sempre tão suaves e silenciosos, como se ele flutuasse pelo ambiente.

— Oi. — Ele disse, sentando-se ao seu lado sem esperar convite.

— Oi. — Clara respondeu, tentando esconder a ansiedade em sua voz. Nate estava ali, mas suas perguntas ainda fervilhavam em sua mente.

A conversa entre os dois foi casual no início. Nate, como sempre, parecia manter uma certa distância emocional, nunca revelando muito. Mas, conforme o tempo passava, Clara se sentia cada vez mais atraída por sua presença. Algo nele a intrigava profundamente.

Em um momento, sem perceber, suas mãos se tocaram ao mesmo tempo que ela pegava a bebida. Um choque percorreu o corpo de Clara. Não era só um toque normal. A pele de Nate era absurdamente fria, quase gélida. Clara olhou para ele surpresa, mas Nate não parecia notar. Ele simplesmente retirou a mão, como se nada tivesse acontecido.

Mas, para Clara, aquilo era mais uma peça do quebra-cabeça.

Durante o resto do dia, ela ficou com aquele toque gelado na cabeça. Nate sempre parecia pálido, um contraste forte com o restante das pessoas ao redor. Ele era diferente. Muito diferente. E Clara não conseguia mais ignorar isso.

***

Naquela noite, ao voltar para casa, Clara se jogou no sofá com seu laptop no colo. Decidiu pesquisar. Precisava entender o que estava acontecendo com Nate. Estava determinada a encontrar respostas, por mais absurdas que parecessem.

As horas se passaram, e quanto mais ela pesquisava, mais as pistas se conectavam. Nate era pálido, frio ao toque, misterioso. E sempre que ela olhava para ele, sentia que havia algo de sobrenatural em seu comportamento. Clara começou a procurar por histórias antigas, mitos, qualquer coisa que pudesse fazer sentido.

Foi então que uma palavra surgiu em sua mente: *vampiro*.

Ela balançou a cabeça, incrédula. Isso não podia ser verdade. Mas, conforme lia sobre as características — pele fria, pálida, movimentos quase sobre-humanos — tudo parecia se encaixar. Nate poderia ser um vampiro.

Clara ficou acordada até tarde, lendo e relendo artigos, tentando processar a informação. A ideia de que Nate fosse algo tão surreal a deixava atordoada, mas uma parte dela... acreditava.

No dia seguinte, Clara sabia que precisava confrontá-lo.

***

Clara encontrou Nate novamente no parque, um lugar tranquilo onde eles costumavam conversar. Ele estava encostado em uma árvore, olhando para o horizonte, sem perceber sua aproximação.

— Nate. — Ela chamou, sua voz carregada de determinação.

Ele se virou lentamente, com aquele mesmo olhar enigmático.

— Clara. O que houve?

Ela respirou fundo, cruzando os braços para manter a calma.

— Eu sei por que você é tão misterioso. — Ela começou, seus olhos fixos nos dele. Nate franziu a testa, parecendo confuso, mas Clara continuou. — Você é gelado, pálido... sempre distante. — Ela deu um passo à frente, aproximando-se dele. — Eu pesquisei, Nate. E eu sei... você é um vampiro.

O silêncio que se seguiu foi quase palpável. Nate não disse nada por alguns segundos, apenas a olhou, sua expressão se transformando lentamente em algo entre surpresa e resignação.

— Clara... — Ele começou, mas ela o interrompeu.

— Relaxa. Não vou contar pra ninguém. — Ela disse, tentando aliviar a tensão. — Eu só... precisava saber. Precisava entender.

Nate suspirou, passando a mão pelos cabelos, claramente frustrado.

— Eu avisei que você não deveria se envolver. — Ele murmurou, mais para si mesmo do que para ela. — Isso é perigoso, Clara. Saber sobre o que eu sou, estar perto de mim... coloca você em risco.

Ela balançou a cabeça.

— Eu não me importo. — Respondeu com firmeza. — Eu só quero entender. Quero conhecer você de verdade, Nate. E... quero saber quem é aquela garota loira. Ela também é... como você?

Nate hesitou antes de responder.

— Lilith. Sim, ela é como eu. Nós... temos uma longa história.

Clara sentiu uma pontada de ciúmes ao ouvir o nome da loira, mas decidiu não deixar isso transparecer.

— E sua família? — Clara perguntou, sua voz mais suave agora. — Eu quero conhecê-los. Se você quiser me levar pra conhecer, claro.

Nate a encarou, seus olhos fixos nos dela, como se tentasse entender por que ela estava se oferecendo para mergulhar nesse mundo tão sombrio. Finalmente, ele balançou a cabeça, quase sorrindo, mas sem alegria.

— Você realmente não sabe no que está se metendo, Clara.

— Talvez eu não saiba. — Ela admitiu, dando de ombros. — Mas eu quero tentar. Eu confio em você.

Nate a observou por um longo momento, e algo em sua expressão suavizou. Talvez ele estivesse percebendo que Clara não iria recuar, que ela estava disposta a enfrentar tudo aquilo ao lado dele.

— Tá bom. — Ele disse finalmente, suspirando. — Mas saiba que uma vez que você entrar nesse mundo, não tem volta.

Clara apenas assentiu, determinada.

— Eu estou pronta.

Nate não respondeu de imediato. Ele simplesmente olhou para ela, seus olhos cheios de mistério, e, por um breve momento, Clara sentiu que havia algo a mais entre eles. Algo profundo, algo que ela ainda não conseguia entender completamente.

Mas, seja o que fosse, ela estava pronta para descobrir.

Sombras do desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora