Cap.10

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                                         •Quarta freira

Clara estava mais ansiosa do que nunca. Desde a conversa com Nate, a sensação de que tudo ao seu redor estava se desmoronando só aumentava. Enquanto caminhava pelos corredores da escola, tentando não parecer preocupada, seus pensamentos estavam a mil, revivendo a noite com Lilith e a conversa com Nate. Contudo, ela não estava preparada para as perguntas que surgiriam de sua melhor amiga, Fernanda.

— Clara! — A voz de Fernanda a chamou de repente, vinda do final do corredor.

Clara se virou rapidamente e viu sua amiga apressada, se aproximando com uma expressão preocupada. Fernanda era sempre observadora, e Clara sabia que, apesar de seus esforços, não tinha conseguido esconder o quanto estava perturbada nos últimos dias.

— Ei, o que está acontecendo? — Fernanda perguntou, olhando fixamente nos olhos de Clara. — Você tem andado muito estranha. Sumiu de algumas aulas, parece que está sempre com a cabeça longe... E não adianta me dizer que está tudo bem, porque eu te conheço, Clara.

Clara suspirou, tentando encontrar as palavras certas. Ela sabia que Fernanda não era o tipo de pessoa que aceitaria respostas evasivas. E mesmo que não pudesse contar toda a verdade — como poderia explicar o que estava acontecendo? —, precisava dizer algo.

— É complicado, Fer — começou Clara, desviando o olhar por um momento antes de voltar a encarar a amiga. — Tem muita coisa acontecendo... coisas que eu ainda estou tentando entender.

Fernanda franziu o cenho, cruzando os braços de maneira defensiva. Clara sabia que a amiga odiava ser deixada no escuro.

— Tá, mas que tipo de coisas? Você pode confiar em mim, você sabe disso, né?

Clara sorriu de leve, reconhecendo a preocupação genuína de Fernanda. Ela sentiu um aperto no peito. Parte dela queria desesperadamente contar tudo — sobre Nate, sobre Lilith, sobre o mundo sombrio que ela mal começara a conhecer. Mas outra parte sabia que isso a colocaria em risco, e Clara não estava disposta a fazer isso com sua melhor amiga.

— Eu confio em você, claro que confio — Clara disse, dando um passo à frente e segurando a mão de Fernanda por um breve momento. — Mas... é algo que preciso lidar sozinha por enquanto. Só me dá um tempo, tá? Eu prometo que vou te contar tudo quando for a hora certa.

Fernanda olhou para ela por alguns segundos, como se estivesse ponderando se deveria pressionar mais ou não. Finalmente, soltou um suspiro e descruzou os braços.

— Tá bom. Vou te dar esse tempo. Mas, Clara, se você precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me chama. Não importa o que seja.

Clara assentiu, aliviada por Fernanda não ter insistido mais. Elas caminharam lado a lado até a próxima aula, em um silêncio confortável, mas Clara sabia que aquele momento de paz era passageiro. As coisas estavam apenas começando a se complicar.

Mais tarde, ao fim das aulas, Clara pegou suas coisas rapidamente e se dirigiu para o ponto de encontro onde sempre via Nate. Assim que saiu da escola, sentiu novamente a sensação familiar de ser observada, e não demorou muito para vê-lo à distância, esperando por ela à sombra de uma árvore. Nate parecia mais inquieto do que o normal, seus olhos escuros fixos no horizonte, como se estivesse esperando algo — ou alguém.

— O que foi? — Clara perguntou ao se aproximar, o tom preocupado.

Nate a encarou, mas não sorriu como costumava fazer. Ele parecia mais sério do que o habitual.

— Precisamos conversar, Clara — ele disse, com uma voz baixa. — Lilith está agindo de novo. E desta vez... não sei se consigo mantê-la longe de você por muito mais tempo.

O coração de Clara acelerou. Ela já sabia que Lilith era perigosa, mas ver Nate assim — tão preocupado, tão tenso — só tornava a ameaça ainda mais real.

— O que ela quer? — Clara perguntou, tentando manter a calma.

— Ela quer te testar, te assustar — Nate respondeu. — Faz parte do jogo dela. E se ela perceber que você está envolvida mais do que deveria... as coisas podem piorar muito.

Clara respirou fundo, tentando processar a gravidade da situação. Lilith parecia estar cada vez mais próxima, e a sensação de perigo iminente só crescia.

— E você? — Clara perguntou, a voz mais suave. — O que você quer, Nate?

Ele a olhou profundamente nos olhos, como se lutasse contra algo dentro de si, antes de responder.

— Eu quero te proteger. Mesmo que isso signifique te manter longe de mim... ou do meu mundo.

Clara sentiu um aperto no peito com aquelas palavras, mas antes que pudesse dizer algo, o telefone de Fernanda vibrou em sua mochila. Clara olhou rapidamente para a tela — uma mensagem da amiga, perguntando onde ela estava. Havia mais uma coisa que precisaria lidar além dos vampiros: a curiosidade incessante de Fernanda.

— Vamos descobrir como lidar com isso juntos — Clara disse, com determinação, voltando a encarar Nate. — Eu não vou fugir.
— Nate pra descontrair chamou-lá pra anda na rua sem rumo

Continua...

Sombras do desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora