Era segunda-feira à noite, e Clara sentia o peso dos últimos dias em seus ombros enquanto se preparava para mais uma noite de estudo. A semana havia começado, mas a tranquilidade da rotina escolar parecia impossível de alcançar. Nate ainda rondava seus pensamentos, assim como a revelação de que ele era um vampiro. E, claro, havia Lilith.
Clara tentou focar no livro de história aberto à sua frente, mas as palavras pareciam se misturar. A imagem de Lilith, a mulher loira que a encarara com tanto desprezo na floresta, permanecia gravada em sua mente. "Ela me intriga," Lilith havia dito. Clara não conseguia esquecer o tom frio e afiado de sua voz, como uma ameaça velada.
Já era tarde e o cansaço estava começando a pesar em suas pálpebras quando seu celular vibrou na mesa, interrompendo seus pensamentos. Era uma mensagem de Nate.
Nate: "Precisamos conversar. Te encontro na frente da sua casa em 10 minutos."
Clara leu a mensagem e sentiu uma onda de ansiedade e expectativa. Desde o encontro na floresta, Nate havia evitado uma conversa mais profunda. Ele parecia querer mantê-la longe de tudo, mas Clara sabia que as respostas precisavam vir, e rápido.
Ela se levantou, pegou seu casaco e desceu as escadas em silêncio, tentando não acordar seus pais. Ao sair de casa, o ar frio da noite a envolveu, mas não foi tão gelado quanto o toque de Nate.
Assim que Clara fechou a porta, viu a silhueta dele à distância, esperando à sombra de uma árvore no jardim. Ele parecia uma estátua sob a luz fraca da lua. Os olhos de Nate brilharam quando a viu se aproximar, e ele deu um passo para frente, saindo da penumbra.
— Oi — Clara disse suavemente, cruzando os braços como uma barreira defensiva. — Sobre o que quer conversar?
Nate parecia hesitante, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.
— Sobre Lilith — ele disse finalmente. — E o que vem a seguir.
Clara sentiu um arrepio correr pela espinha, mas manteve o olhar firme em Nate.
— Estou ouvindo.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Lilith é muito mais perigosa do que você pode imaginar. Ela... tem seus próprios motivos para estar aqui. Não é apenas uma vampira qualquer. Ela quer poder, controle. E ela sempre joga com as pessoas ao redor para conseguir o que quer.
Clara franziu a testa, confusa.
— E o que eu tenho a ver com isso?
Nate parecia lutar para encontrar uma resposta, mas, finalmente, ele a olhou nos olhos.
— Você me tem.
Clara piscou, sem entender completamente o que ele quis dizer.
— O quê?
— Lilith sabe que eu me importo com você. Ela vai usar isso, Clara. Vai tentar te manipular, te colocar contra mim... Ou pior, vai tentar te machucar para me controlar.
As palavras de Nate pairaram no ar, e Clara sentiu um frio percorrer suas veias. A ideia de estar no meio de um jogo tão perigoso a assustava mais do que ela gostaria de admitir, mas também havia uma determinação crescente em seu coração. Ela não era uma simples espectadora nessa história.
— E o que você sugere? Que eu simplesmente fuja? — Clara perguntou, desafiadora.
Nate balançou a cabeça, se aproximando um pouco mais dela.
— Eu só quero te proteger, Clara. Mas você precisa entender que, quanto mais envolvida ficar, mais arriscado será.
Clara se aproximou dele, os olhos cheios de determinação.
— Eu não vou a lugar nenhum, Nate. Não vou fugir disso.
Nate parecia dividido entre admiração e preocupação, mas ele sabia que discutir seria inútil. Clara não era do tipo que fugia. Ele abaixou a cabeça por um momento, como se estivesse aceitando o que viria a seguir.
— Ok. Mas você precisa confiar em mim.
— Eu confio — Clara disse, sua voz firme.
O silêncio entre eles foi interrompido pelo som de passos suaves no asfalto. Clara virou-se, sentindo o coração acelerar, e avistou uma figura feminina se aproximando. Lilith.
Nate rapidamente se colocou ao lado de Clara, seu corpo tensionando em alerta.
— Lilith — ele disse, sua voz gelada.
A loira parou a poucos metros de distância, os olhos cintilando com malícia sob a luz da lua. O sorriso que Clara já tinha visto antes apareceu novamente, um sorriso afiado como uma faca.
— Ah, Nate... Não me diga que você está tentando proteger sua querida humana de mim? — Lilith disse, com a voz cheia de sarcasmo. — Que adorável.
Clara sentiu a tensão no ar, mas manteve-se firme ao lado de Nate. Ela sabia que Lilith era perigosa, mas não queria mostrar medo.
— O que você quer? — Clara perguntou, surpreendendo a si mesma com a firmeza de sua voz.
Lilith deu um passo à frente, sem tirar os olhos de Nate.
— Não se preocupe, Clara. Eu só estou aqui para observar... por enquanto. — Ela lançou um olhar rápido para Nate. — Vamos ver até onde você vai para mantê-la segura.
Nate cerrou os punhos, mas Lilith apenas riu e deu meia-volta, desaparecendo na escuridão com a mesma rapidez com que surgiu.
O silêncio voltou a reinar na rua, e Clara soltou um suspiro que nem sabia que estava prendendo.
— Isso vai piorar, não vai? — ela perguntou, olhando para Nate.
Ele assentiu, a expressão sombria.
— Sim. Muito.
Enquanto a noite envolvia os dois, Clara sabia que estava à beira de algo grande e perigoso. E que, de alguma forma, não havia como voltar atrás.

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Sombras do desejo
RomantizmMaria Clara está prestes a descobrir que os segredos do seu coração estão mais entrelaçados do que ela imaginava. Quando o enigmático Nathaniel Carter aparece em sua vida, a jovem se vê envolvida em uma história de amor intensa e cheia de mistérios...