Sombras do desejo

Cap.17

Os dias que se seguiram ao encontro na clareira foram uma mistura de sentimentos intensos para Clara. Ela sabia que a vida com Nate não seria simples, mas a sensação de estar ao lado dele era inegável. Uma conexão havia sido formada, uma linha invisível que os unia, ligando seus destinos de uma maneira que Clara nunca imaginou.

Numa manhã ensolarada, Clara decidiu que era hora de levar Nate para conhecer um lugar especial. Desde que descobriram suas verdades, Clara quis compartilhar com ele uma parte de sua vida, um momento de leveza em meio ao peso de suas confissões.

— Vamos ao lago — ela sugeriu, animada. — Eu quero que você veja onde eu costumava passar o tempo quando era criança.

Nate olhou para ela com uma expressão misturada de curiosidade e apreensão.

— Um lago? Isso não é perigoso? — ele brincou, mas havia um fundo de preocupação em sua voz. O medo do que poderia acontecer sempre pairava sobre eles.

— Não, não se você prometer não me morder — ela respondeu com um sorriso travesso, tentando aliviar a tensão.

Ele sorriu de volta, mas a hesitação ainda estava lá.

— Tudo bem, mas só se você prometer que vai me ensinar a nadar. — Ele piscou, tentando mostrar confiança, mas Clara podia ver a luta interna em seus olhos.

— Deal! — ela exclamou, animada. — Vou te ensinar tudo o que você precisa saber.

Os dois saíram em direção ao lago, conversando e rindo, enquanto Clara contava histórias sobre suas aventuras de infância. Ela falou sobre como ela e Fernada costumavam correr pela floresta e fazer pequenas cabanas com galhos e folhas. Nate ouvia atentamente, seu olhar focado em Clara, absorvendo cada palavra.

Quando chegaram ao lago, a beleza do lugar era estonteante. A água cristalina refletia o céu azul, e as árvores ao redor dançavam suavemente com a brisa. Clara respirou fundo, sentindo a tranquilidade do ambiente.

— Uau, isso é incrível — Nate disse, olhando ao redor. — Eu nunca vi algo assim antes.

— É um lugar mágico, não é? — Clara respondeu, sorrindo enquanto caminhava até a beira da água. — Vamos nos divertir!

Ela correu para a margem, tirando os sapatos e molhando os pés na água fresca. Nate hesitou por um momento, mas logo seguiu seu exemplo, deixando de lado suas preocupações e se permitindo relaxar um pouco.

— Eu posso te ensinar a nadar, mas primeiro você precisa entrar na água! — Clara desafiou, dando-lhe um olhar provocativo.

— Tudo bem, tudo bem — ele disse, rindo, enquanto se molhava relutantemente.

Depois de um tempo, eles estavam rindo e brincando na água, as tensões do mundo lá fora parecendo tão distantes. Clara sentia que, por um momento, eles eram apenas dois jovens desfrutando da vida, livres das sombras que os cercavam.

Mas então, no meio da diversão, um olhar sombrio cruzou o rosto de Nate. Clara notou a mudança imediatamente e parou, preocupada.

— O que foi? — ela perguntou, seu sorriso desaparecendo.

— É apenas... eu não estou acostumado a sentir isso. A liberdade, a alegria — ele respondeu, a voz mais baixa. — Eu tenho medo do que pode acontecer. E se algo der errado? E se eu não conseguir me controlar?

Clara se aproximou, segurando a mão dele.

— Não se preocupe com isso agora, Nate. Vamos apenas aproveitar este momento — ela insistiu, olhando em seus olhos. — Eu estou aqui com você.

Nate a observou, e o conflito dentro dele era evidente. A batalha entre o desejo de se conectar e o medo de magoá-la estava em sua expressão. Ele finalmente respirou fundo, como se decidisse deixar suas incertezas de lado.

— Tudo bem. Vou tentar — ele disse, um pouco mais confiante.

O dia continuou, e as horas pareceram se estender para sempre. Eles nadaram, brincaram e até fizeram uma pequena competição de quem conseguia saltar mais longe. Clara riu tanto que sentiu como se o peso do mundo tivesse sido tirado de seus ombros. Ela adorava ver Nate assim, se permitindo relaxar e ser feliz.

Depois de um tempo, os dois se sentaram na beira do lago, com os pés na água e o sol brilhando sobre eles. Clara olhou para Nate, sentindo-se grata por ter conseguido que ele saísse daquela sombra.

— Nate, eu estou tão feliz que você veio aqui hoje. Você não tem ideia do quanto isso significa para mim — Clara disse, a sinceridade em sua voz inegável.

— E eu estou feliz que você me trouxe — ele respondeu, um brilho suave em seus olhos. — Nunca pensei que pudesse ter um dia assim novamente.

Clara sorriu, sentindo-se mais próxima dele do que nunca. Mas, como se as sombras não quisessem deixar Nate em paz, uma brisa fria passou pelo lago, fazendo-o estremecer.

— Você tem certeza de que está bem? — ela perguntou, a preocupação ressurgindo.

— Sim, só... só tenho que me lembrar de não me deixar levar. Não posso esquecer quem eu sou — ele murmurou, seu olhar perdido nas águas.

— Nate, você é mais do que o que foi. Você está mudando, e eu estou aqui para ver isso — Clara disse, segurando sua mão. — Não deixe o passado definir seu futuro.

Ele a encarou, e por um breve momento, Clara viu a luta dentro dele se acalmar. Ele era forte, e juntos, eles poderiam enfrentar qualquer coisa.

Mas a paz que encontraram naquele lago seria testada, e Clara não sabia que as sombras do passado de Nate estavam mais próximas do que nunca, prontas para reivindicar seu destino.

Continua...