epílogo.

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O barulho de passos e gargalhadas invadiu a silenciosa cozinha quando o homem entrou na mesma carregando a garotinha que estava imersa em risadas, provocadas pelas cócegas que o homem lhe fazia. Ele também não conseguiu conter suas risadas quando a menina agarrou seu cabelo, puxando-o com as pequenas mãos.

— Apresentando Aurora, com seu penteado avaliado em um milhão de dólares — colocou a menina risonha sentada no balcão de mármore da cozinha — Diz pra mamãe que o papai arrasou — fez um sinal de negação com a cabeça, arrancando uma gargalhada da mulher e uma falsa expressão de indignação por parte do homem — Sua danadinha! — apertou levemente o nariz da pequena.

Ela encarou a pequena menina, que tinha apenas um ano de idade, mas já possuía uma quantidade admirável de cabelo, esses sendo ruivos, como os seus, e com algumas ondas nas pontas. Havia um pouco de cabelo preso em cada lado da cabeça, enfeitados com dois laços verdes que combinavam perfeitamente com a cor das madeixas.

— Nada mal! Seu papai evoluiu bastante, Aurora — deixou um beijo na bochecha da pequena, que sorriu instantaneamente — Acabei de colocar o peru no forno. Pode dar uma olhadinha? Preciso me arrumar — tirou o avental, colocando-o em cima do balcão antes de se aproximar do marido e deixar um selar em seus lábios, que o fizeram suspirar.

— Pedindo com jeitinho, quem sou eu pra negar, né!? — sorriu, ao ver um sorriso se formar nos lábios de sua esposa — Eu e a super assistente Aurora vamos colocar a mesa — pegou a menininha no colo, enquanto a mulher caminhava em direção ao quarto para se arrumar.

Colocou a menina no cercadinho, junto com sua pelúcia favorito, um pinguim. Enquanto a pequena se distraía, aproveitou para arrumar os talheres e pratos na mesa, já era noite e lá fora as luzes coloridas tipicamente natalinas iluminavam a cidade e as casas, atraindo também o olhar de Aurora, que agora parecia perdida encarando as luzes da árvore de Natal. Acabou por se perder em pensamentos também, alternando seu olhar entre a árvore decorada no canto da sala e os pequenos olhos verdes da menina, que agora já havia voltado sua atenção para sua pelúcia de estimação. Não conseguia conter a alegria ao pensar que aquele era seu primeiro Natal como pai e o quão gracioso aquilo era, tão gracioso que o constrangia ao pensar em como a vida poderia ser bondosa.

Sua atenção foi rapidamente roubada pela figura feminina que descia a escada, sua deslumbrante esposa, que vestia um vestido verde justo e tinha os cabelos presos, evidenciando os brincos brilhantes em suas orelhas, esses sendo os mesmos que ela usou no casamento dos dois, três anos atrás. Seu sorriso se tornou ainda maior ao aproximar-se dela e inalar seu cheiro.

— Estou bonita? — apoiou as mãos nos ombros do homem que estava um degrau abaixo dela.

— Está maravilhosa, me deixou sem palavras — beijou seu rosto.

— Vestir verde para combinar com os laços da nossa filha — lançou um olhar na garotinha, que sorria para os dois, deixando a mostra os dois dentinhos na parte inferior da boca, o que fez os dois sorrirem também.

— Alguns supersticiosos acreditam que vestir verde na noite de Natal atrai gravidez. Está querendo me dizer alguma coisa com isso, senhora Portgas? — revirou os olhos, sorrindo, antes de encarar novamente o homem em sua frente.

— Deve ser os desejos do seu coração lhe causando impressões equivocadas — os olhos castanhos estavam presos nos olhos azuis da mulher.

— Bingo! — riram juntos — Se começarmos a trabalhar nisso essa noite teremos mais um bebê comemorando o seu primeiro Natal daqui há um ano e uma linda menininha promovida a irmã mais velha em alguns meses. O que acha? É pegar ou largar.

Nesse instante a campainha tocou.

— Conversamos sobre isso outra hora. Nossos convidados chegaram — afastou o homem, passando por ele e indo até o cercadinho para pegar a menina, que parecia agitada pelo barulho que chamou sua atenção.

Ace caminhou até a porta, abrindo a mesma e dando de cara com cinco pessoas sorridentes paradas, com sacolas e pacotes em mãos, que passaram a cumprimentar-lo e adentrarem imóvel ao passo que Ace dava passagem para todos.

— Vocês chegaram! — exclamou a mulher atrás de si, com um sorriso no rosto.

A garotinha em seus braços se agitou assim que viu os rostos conhecidos, iniciando uma série de barulhinhos e gargalhadas ao passo que cada um se aproximava.

— Eu estava morrendo de saudades das minhas meninas — as duas ruivas se abraçaram, fazendo um sanduíche com a pequena, o que a fez gargalhar.

— Nós também, não é Aurora?! — fez um aceno positivo com a cabeça, deixando Nami derretida.

— Tia Nami não via a hora de ver essas bochechas gordinhas pessoalmente — apertou as bochechas coradas da bebê.

A seguir, foi a vez de Sabo e Koala, que se aproximaram com sorrisos no rosto. Hera entregou a menina para Ace antes de se inclinar um pouco para acariciar a barriga da mulher, que havia acabado de completar sete meses de gestação.

— E aí, meninão, como você tá? — deu uma risada, pois ao seu toque o bebê chutou.

— Fala pra ela que a mamãe não aguenta mais a própria coluna — deram uma risada.

Ace e Sabo observaram a cena com os corações quentes de amor.

— No fim, vocês realizaram o sonho desse velho marinheiro — Garp se aproximou dos netos com uma expressão seria, que só durou até a primeira interação da pequena menina com ele, após isso ele se derreteu por completo, tirando a menina dos braços de Ace.

A última voz a ecoar na sala foi a de Luffy, que estava ocupado guardando seus sapatos. Ao passo que sua voz ecoou, Aurora se agitou nos braços de Garp, rapidamente esticando as mãos em busca de Luffy, e ao ser finalmente pega pelo rapaz, bateu palmas, causando uma comoção geral de fofura em todos.

— Aurora, eu, capitão Luffy, e você, minha imediata, temos uma missão: assaltar as panelas da sua mãe — recebeu uma gargalhada como resposta, correndo então para cozinha, com a pequena D. nos braços.

O cômodo encheu-se com sons de gargalhadas. Claramente os dois eram os preferidos um do outro e isso ficava nítido a cada mínima interação de sobrinha e tio. Hera e Ace se encararam alguns instantes, como telepatia os dois conseguiram adivinhar o pensamento um do outro: chegamos tão longe juntos!

Nem em seus melhores sonhos Ace imaginou que um dia viveria tudo aquilo. Quando seus olhos contemplaram Hera com paixão pela primeira vez ele acreditou que aquilo não passaria de uma atração carnal, que duraria só até ele encontrar outra mulher por quem também sentiria atração, que seria como todas as outras vezes; mas, não foi. E como ele era grato por ter sido diferente! Como ele se sentia realizado por ter insistido e buscado ter perto de si aquela mulher e como ela se sentia aliviada e completa por ter ao seu lado um homem que a fazia tão bem, alguém que não hesitou ou mediu esforços para cumprir todas as promessas que havia feito.

Hera deu a Ace algo que ele sempre sonhou em ter: uma família, completa e feliz. E ele sabia, que mesmo se tivesse dez vidas, escolheria fazer tudo igual. Valeu a pena não desistir, valeu a pena esperar, valeu, simplesmente valeu.

Com sua filha novamente em seus braços, Ace se aproximou de sua esposa, passando o braço que estava livre por sua cintura e puxando gentilmente ela para perto de si. Encarou profundamente seus olhos, deixou um beijo na bochecha da bebê que segurava e um selinho na mulher ao seu lado, antes de dizer:

— Eu amo vocês, mais que tudo nesse mundo, mais que a mim mesmo.

Ela sorriu, encarou seus olhos castanhos e disse:

— Nós te amamos, mais que tudo nesse mundo, mais que a mim mesma.

𝗹𝗼𝘃𝗲𝗹𝘆 𝗯𝗹𝘂𝗻𝗱𝗲𝗿. Onde histórias criam vida. Descubra agora