D O I S

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Ouvir Mark falar sobre como os meninos se interessaram pela música era fascinante. Ele contava como influenciou Rocky a tocar guitarra e ajudou Ross a encontrar alívio cantando depois de dias estressantes na escola.

   Eu só conseguia sorrir enquanto escutava. Eles eram realmente únicos, e era bonito ver como estavam conectados.

— E os seus pais, querida? Eles tocam algum instrumento ou algo assim? — Stormie perguntou curiosa, sorrindo para mim.

Minha garganta travou. Não esperava que essa conversa surgisse tão cedo — ou sequer acontecesse. Acho que Rocky esqueceu de mencionar que meus pais faleceram há alguns anos.

Minhas mãos apertaram o tecido da minha calça com tanta força que meus dedos ficaram brancos. O ar parecia sumir dos meus pulmões.

— Estou pensando em ajudar no festival de Natal deste ano na cidade — disse Ross, rapidamente.

Olhei para o lado e vi o loiro com uma postura relaxada. Agradeci mentalmente por ele ter me tirado de uma pergunta tão difícil num momento tão bom para ser estragado.

— Isso é ótimo, Ross! A Sra. Ruby tenta te convencer há tempos. Ela vai adorar saber disso — disse Stormie, mordendo uma folha de alface. Em seguida, virou-se para mim. — E você, querida? Quem sabe não se interessa por algum instrumento ou por ajudar as crianças?

— Eu adoraria conhecer, só não prometo a parte dos instrumentos, não sou tão boa. — respondi com um sorriso, terminando de beber o leite.

•••

Depois do jantar, todos foram para os seus quartos. Rocky ficou na sala jogando pôquer com Ryland e assistindo "Duro de Matar". Preferi deixá-los aproveitarem o momento de irmãos.

Stormie havia comentado sobre a piscina aquecida e o ofurô, lembrando-me que eu teria total liberdade para relaxar. E relaxar era tudo o que eu precisava depois da longa viagem.

Olhei para o espelho, observando minha silhueta. O maiô azul-escuro destacava minhas curvas, e meus seios ficavam justos nele. Peguei uma toalha e a enrolei ao redor do tronco — ainda não me sentia confortável o suficiente para andar pela casa de Rocky só de maiô.

Com passos silenciosos, caminhei até a piscina. Suspirei aliviada ao ver que estava vazia. Finalmente, um momento de paz.

Molhei os pés na água quente, sentindo meu corpo relaxar instantaneamente. Mergulhei, deixando que a água levasse embora todo o cansaço acumulado. Quando emergi, meus olhos se fixaram no teto de vidro, que oferecia uma vista magnífica do céu estrelado.

— As estrelas são realmente fascinantes vistas daqui, não acha? — Uma voz me fez congelar.

Virei-me bruscamente, encontrando Ross sentado em uma espreguiçadeira próxima à piscina.

— Te assustei? — ele perguntou com um sorriso.

Sim, me assustou.

— Não... Achei que todos já estavam dormindo — respondi, tentando soar despreocupada.

— Caralho, é a primeira vez que ouço você falar uma frase tão longa — disse ele, arqueando as sobrancelhas de maneira divertida.

Um silêncio se instalou. Sem saber como reagir, a única coisa que me ocorreu foi mergulhar novamente. Quando voltei à superfície, ele já não estava mais lá.

Saí da piscina ainda um pouco atordoada. Peguei minha toalha, que estava na cadeira onde Ross tinha se sentado, mas algo chamou minha atenção: um caderno, com a capa surrada e algumas palavras rabiscadas.

Enfiei o caderno na toalha. Não ia ler, claro, isso não seria certo. Mas também não podia simplesmente deixá-lo ali. O mais correto seria devolvê-lo ao dono — é o que eu esperaria que fizessem se fosse meu caderno.

Subi as escadas devagar. Rocky já não estava na sala, o que significava que provavelmente todos estavam dormindo. Eu ainda não tinha decorado todos os quartos, mas sabia que o de Ross era ao lado do meu, já que nossos banheiros compartilhavam uma porta — o que havia causado o incidente mais cedo.

Parei em frente à porta de madeira e respirei fundo antes de bater. Meu coração disparou quando ouvi passos se aproximando, até que a porta se abriu.

Ross estava ali, de moletom, sem camisa. Meu cérebro deu uma pane e meus olhos se fixaram em seu abdômen. Olívia, pare agora, gritei mentalmente. Mas eu não conseguia desviar o olhar.

— Você — ele disse, sorrindo de forma divertida.

— É... Eu vim trazer isso — levantei o caderno, tentando manter a compostura.

— Ah, meu caderno — respondeu ele, casualmente. — Nem percebi que o tinha deixado lá embaixo.

— Boa noite, Ross — murmurei, me virando para sair.

— Olivia — sua voz me paralisou. Senti sua presença atrás de mim, ainda que distante, e mesmo assim tão próxima. — Não precisa inventar desculpas para me ver. Eu estou bem aqui.

Um calafrio percorreu minha espinha, e meu estômago se revirou de nervosismo. Ross Lynch realmente acreditava que eu estava interessada nele por algum motivo — um motivo que existia exclusivamente na sua cabeça, e somente lá.

— Não preciso inventar motivos, até porque não quero te ver — sorri, continuando meu caminho de volta ao quarto.

Bati a porta com rapidez e me encostei contra ela, respirando fundo antes de me jogar na cama.

Que cara ridículo. Quem ele pensa que é?

Será que ele realmente conquista muitas garotas com essas cantadas baratas? Provavelmente sim, só olhar para a cara dele.

A irritação tomou conta de mim só de pensar que ele achava que eu fui ao seu quarto só para vê-lo. Eu só estava sendo gentil.

Homens são assim, carentes.

Tentei afastar esses pensamentos para não perder o sono. Rolar na cama e apagar o abajur era tudo que eu conseguia fazer. Precisava dormir. Sem pensar.

Apenas esquecendo a existência do garoto do outro lado da porta.

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