D E Z

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    Lis, a mãe de Amy, nos deu muitas orientações sobre o que ela podia comer, e fiquei feliz de poder passar esse momento com ela. Ross anotava no celular tudo o que Lis dizia sobre Amy e o que poderíamos fazer.

— Já não preciso mais de cadeirinha! — Amy sorriu para mim enquanto eu ajustava seu cinto de segurança. Pela janela, vi Ross ainda conversando com Lis antes de se despedir.

— Pronto, tudo anotado — disse ele, batendo na tela do celular.

— Achei que você era metido, mas não é tanto assim — Amy balançava os pés, olhando para Ross.

— Eu sou o mais legal de todos, não é? — ele olhou para mim, como se quisesse que eu concordasse. — Ela nunca vai admitir... odeia falar sobre sentimentos — brincou.

— Ei, eu só estava com um bloqueio criativo, ok? — me defendi.

— Vocês estão namorando? — Amy perguntou, com a naturalidade de quem comenta sobre o tempo.

O silêncio tomou conta do carro. Não sabíamos o que dizer, apenas ficamos quietos.

— Bom, a senhorita Olivia é muita areia pro meu caminhãozinho, não acha? — Ross comentou, me pegando de surpresa.

Sério, você é Ross Lynch. Eu me acho bonita, mas você é um dos homens mais desejados do mundo, e está dizendo que eu sou demais? Talvez eu realmente seja.

— É, acho ela bonita perto de você — Amy deu de ombros, casualmente. — Mas mamãe diz que as meninas sempre têm que ser mais bonitas que os meninos.

— Então está tudo certo — Ross sorriu para ela através do retrovisor.

Poucos minutos depois, chegamos a uma cafeteria enorme. Ross tinha escolhido o lugar, e era lindo. Quando saímos do carro, vimos um Papai Noel gigante na entrada. Amy quase pulava de alegria, e eu notei um sorriso discreto de Ross. Ele era ótimo com crianças.

— Vamos lá, meninas! — Ross disse, animado, com as sobrancelhas unidas de um jeito engraçado.

Eu o observei enquanto Amy corria para dentro da cafeteria, que soou um pequeno sino ao abrirmos a porta.

— Obrigada — murmurei para Ross, que respondeu com um sorriso.

A cafeteria era toda temática. Meus olhos brilhavam com o ambiente claro, as cadeiras de madeira escura, as mesas decoradas com enfeites de Natal. Havia biscoitos de cortesia em cada mesa, o que deixava o local ainda mais acolhedor.

— É lindo! Eu amei! — Amy exclamou, segurando minha mão.

— Ross que escolheu — comentei, e ela olhou para ele.

— Até que você não é tão bobão assim — ela sorriu, divertida.

— Uau, Amy, você está cheia de elogios hoje — Ross semicerrava os olhos para ela. — Mas aceito todos eles.

— Como você achou esse lugar? — perguntei, olhando ao redor. — É tão diferente de tudo que já vi.

— Minha mãe me trazia aqui com meus irmãos. — Ross sorriu, lembrando. — Eu adorava os biscoitos de manteiga enquanto Rocky passava chocolate por baixo da mesa.

Amy e eu ouvimos, sorrindo. As memórias de Ross eram uma das coisas que eu mais admirava nele. Ele tinha o dom de transformar simples momentos em algo especial.

— Ross, querido! — Uma senhora se aproximou e o abraçou. — Quanto tempo!

— Maggie! — ele retribuiu o abraço. — Estas são Olivia e Amy, duas garotas muito especiais. Traga o melhor que tiver pra elas, por favor.

— Será um prazer atendê-las — Maggie sorriu para nós antes de se afastar.

— "Ross, querido" — brinquei, e ele revirou os olhos.

— Ah, pare com isso. Sei que sou querido por todos — ele riu.

— Vocês parecem até um casal — Amy comentou, distraída, mexendo nas decorações da mesa.

— Você já disse que ela é bonita demais pra mim, e eu aceitei, Amy — Ross respondeu, divertido.

Não demorou para Amy comer quase tudo o que Maggie trouxe. Ross e eu comemos pouco, mais ocupados em rir das coisas engraçadas que Amy dizia. Ela era tão esperta. Eu esperava ter uma filha tão inteligente quanto ela um dia.

— Eu adorei o dia de hoje! Nunca comi tanto — Amy comentou, passando a mão na barriga enquanto eu ajustava seu cinto de segurança.

Ross colocou uma música no carro, "Smile" da Lily Allen. Amy sabia a letra inteira, e cantava junto com Ross, em coro. Era uma das cenas mais engraçadas que já vi.

— Estou tão animada para esta semana — Amy disse, ofegante, quando a música acabou.

— Por que está animada? — perguntei, sorrindo para ela pelo retrovisor.

— Mamãe finalmente deixou eu comprar uma peruca roxa para o Natal. Ela disse que posso usar.

Meu sorriso desapareceu, e meu coração apertou. Fiquei em silêncio, uma lágrima escorrendo discretamente pelo meu rosto.

— Isso é incrível, Amy! Vai combinar muito com você — Ross respondeu, sabendo o que dizer.

Senti a mão de Ross sobre a minha, apertando-a levemente em um gesto de conforto. Sorri para ele, que logo retirou a mão, focando na estrada.

O restante da viagem foi preenchido com Amy falando de sua vida, de um vestido que queria, de como sonhava com coisas aparentemente impossíveis. Amy era uma sonhadora, e eu amava isso nela.

Ao nos despedirmos, ela me abraçou com força. Ross fez questão de levá-la até a mãe. De longe, ele parecia sorrir.

— Ela agradeceu. Disse que Amy vai dormir feliz hoje — Ross comentou ao entrar no carro.

O silêncio tomou conta novamente. Eu ainda estava abalada. Amy era uma criança com câncer, e nunca sabíamos como seria o amanhã. Mas o jeito como ela falava, com tanta simplicidade... me destruía por dentro.

— Olivia — Ross quebrou o silêncio, me olhando sério. — Presta atenção em mim.

Virei-me para ele, que parecia procurar as palavras certas.

— Você é incrível com Amy. Eu nunca a vi tão feliz — ele começou. — Não se culpe por se sentir mal. É normal se sentir assim.

Antes que eu percebesse, senti seus braços ao redor de mim, me puxando para um abraço. O calor do corpo dele me arrepiava, e o perfume amadeirado invadia meus sentidos.

— Obrigada — sussurrei.

— Não precisa agradecer — ele respondeu, desfazendo o abraço. — Mas tem uma coisa que você pode fazer por mim...

 — Mas tem uma coisa que você pode fazer por mim

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