O N Z E

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  Uma loja enorme de conveniência.

  Ross Lynch me trouxe até uma loja de conveniência no alto de uma montanha. A neve caía tão intensamente que mal conseguia enxergar a estrada. Não faço ideia de como ele conseguiu dirigir até aqui.

— Espera, preciso pegar uma coisa. — ele diz assim que saímos do carro. Vai até o porta-malas e retira algo. — Não podemos ir sem isso.

Ele está segurando uma câmera antiga.

— Não sabia que você gostava de tirar fotos. — comento, olhando para a câmera.

— Não se trata só de fotos. É sobre capturar momentos. — Ele liga a câmera e aponta para mim. — E aqui estamos, em frente a uma das maiores lojas que já vi, com a Srta. Olivia Isabel Rodrigo. Diga, como se sente?

— Me sinto adorável! — brinco, fazendo uma pose exagerada de ninja e jogando a perna para cima. — Espera, como você sabe meu nome completo?

— Eu tenho meus informantes. Acha mesmo que te traria aqui sem saber tudo sobre você? — ele ri, caminhando para dentro da loja.

"Traria aqui?" Isso é um encontro? Claro que não. Estamos só numa loja de conveniência.

— Olha só, uma parede de escalada. Eu adorava isso. — Ele aponta para a parede com os olhos brilhando de entusiasmo. Suas sobrancelhas se juntam quando está animado. Um gesto que ele nem percebe.

De repente, estávamos equipados para escalar. Onde eu estava com a cabeça para aceitar isso? Só percebi o que estava fazendo quando me vi suspensa no ar, junto com Ross.

— Isso é loucura! Eu sou sedentária! — grito para ele, que já estava um pouco acima.

— Vamos, Olivia! Me mostre seu potencial! Você não pode ser só uma boa escritora. — Sorrio ao ouvir isso.

Meus pés aceleram, subo com cuidado. Parecia que ele estava me esperando, subindo mais devagar agora. Finalmente, alcanço Ross.

— O que foi? Está me deixando ganhar? — provoco, ofegante ao lado dele.

— A verdade é... eu nunca passei desse ponto. — Ele fecha os olhos e sorri, quase envergonhado. — Estou com medo, Olivia. O que você vai fazer?

Minha garganta seca, meu corpo trava. Ross Lynch tinha esse efeito sobre mim. Meu pé escorrega, mas suas mãos me seguram pela cintura, puxando-me para perto.

Estamos tão próximos que posso sentir o cheiro de menta da respiração dele, o mesmo cheiro do dia em que nos conhecemos. Meu peito sobe e desce rápido, e percebo o aperto firme de suas mãos na minha pele. Seus olhos, mais castanhos do que o normal, estão presos nos meus, e eu não consigo respirar. Só conseguia olhar para seus lábios.

— Ei, vocês estão bem aí? Vou descer vocês. — ouvimos o rapaz que operava os equipamentos.

Ross e eu nos afastamos lentamente, ainda nos olhando, enquanto descemos até o chão.

— Então... — ele passa a mão pelos cabelos loiros. — Quer andar mais um pouco? Tem uma seção de artigos de Natal que eu adoro.

Concordo com a cabeça, ainda processando o que acabou de acontecer.

Andamos por vários corredores até chegarmos na seção de miniaturas. O silêncio entre nós era desconfortável, e eu queria quebrá-lo pela primeira vez. Meus olhos caíram sobre um globo de neve com a inscrição "Aspen". Era lindo.

— Olha que legal. — mostro o globo a ele. — Algo tão delicado e bonito.

— Sim, lindo mesmo. — Ross se aproxima. — Nossa mãe tinha uma coleção de globos de neve. Ela dizia que traziam amor, sorte e felicidade para casa.

— Acho que ela tinha razão. — sorrio e devolvo o globo à prateleira, continuando a explorar a loja.

Somos interrompidos pelo som do celular de Ross. Quando ele olha para a tela, sua expressão muda.

— Preciso atender. Tudo bem? — faço que sim com a cabeça e me afasto, olhando as decorações.

Não queria ouvir a conversa, mas, estando tão perto, escuto Ross repetir "eu entendi" várias vezes, claramente impaciente. Decido me concentrar nos ursos de Natal.

— Ei. — ele reaparece. — Vamos? Está ficando tarde e minha mãe com certeza está esperando para o jantar.

Ele havia mudado. O Ross daquela noite, que beijou Indie na festa, estava de volta. Frio e distante, como antes. Eu estava confusa, mas não tinha coragem de perguntar o que estava acontecendo.

•••

A viagem de volta foi silenciosa. Era como se não tivéssemos cantado com Amy ou escalado aquela parede horas antes. Ross apertava o volante com tanta força que seus dedos estavam pálidos.

Quando chegamos, ele parou o carro devagar. Eu não sabia o que fazer. Deveria dizer boa noite ou simplesmente sair?

— Estão esperando você. — Ross finalmente disse, olhando fixamente para a frente.

— Boa noite. — respondo secamente, já alcançando a maçaneta.

— Espera. — sinto sua mão em meu braço, me puxando de volta.

Viro-me para ele. Seus lábios estão secos, e seus cabelos, bagunçados. Ele parece tão nervoso que sinto que estamos prestes a explodir.

— É complicado. — ele começa, mas eu não entendo. — Complicado ser alguém ou fazer coisas que você jamais quer fazer, Olivia. Espero que você nunca sinta isso.

Fico olhando para ele, em silêncio, até ouvir o barulho da porta destravando. Era hora de ir.

 Era hora de ir

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