T R E Z E

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     — Como você pode ser tão ingênua, acreditando em um homem assim? — murmurei, enfiando uma colher de bolo na boca.

Eu estava indignada, e isso justificava comer muito doce. Amanhã, quem sabe, eu esqueceria tudo. Stormie sempre me dava liberdade para comer o que eu quisesse, então, às três da manhã, preferi me encher de açúcar a ouvir qualquer som vindo do quarto de Ross.

— Acordada a essa hora? — Dei um pulo quando ouvi Rocky entrando pela porta.

— Estou sem sono. E não quero ouvir nada vindo do quarto ao lado, se é que me entende. — levantei as sobrancelhas. — E esse bolo está ótimo. Você deveria provar.

— Já comi várias fatias. — Ri quando o ouvi. — Mas é bom ver você comer, sempre come tão pouco.

Sempre tive uma relação complicada com comida. Não era sobre o meu peso, mas sempre que algo ruim acontecia, eu ou não comia nada ou comia demais para tentar esquecer.

— Como foi a festa? Ouvi dizer que foi ajudar os meninos com os instrumentos.

— A mesma chatice de sempre. Fiquei sentado esperando eles terminarem. — Ele se sentou ao meu lado e roubou um pedaço do meu bolo. — Na verdade, Ross estava diferente essa noite.

— Diferente como? — perguntei, sem dar muita importância.

— Ele bebeu mais que o normal. — Rocky franziu as sobrancelhas, como se tentasse lembrar. — E estava discutindo com a Indie. Mencionou seu nome.

— Meu nome? — Olhei para o bolo, tentando disfarçar.

— Sim, algo sobre vocês terem ido à montanha de escalada. O resto não consegui ouvir. — Fiz um som de desdém, tentando não demonstrar nada. — Está rolando alguma coisa entre vocês?

— O quê? Claro que não! Você está maluco? — Falei, indignada.

— Tudo bem se estiver. Só que... — ele coçou a cabeça, claramente desconfortável. — Ross é complicado. Ele é uma boa pessoa, Olivia, mas você entende, né?

— Rocky, está tudo bem. Eu e ele somos apenas... — hesitei por um segundo. — colegas de peça, não é?

— Eu só não quero que você se machuque, você sabe disso, né? — Sorri para ele e o abracei.

— E você não pode magoar a Malia também. — brinquei, fazendo cócegas nele.

— Cala a boca! — Ele me deu um tapinha no braço. — Vai dormir, já está tarde. — Rocky saiu da cozinha, me deixando sozinha.

Ross Lynch jamais me teria na lista de garotas com o coração partido. Rocky realmente achava que eu e Ross poderíamos ter algo? Uma das poucas certezas que eu tinha era que jamais me colocaria na posição de estar com alguém que não tivesse certeza de que me queria.

Nem mesmo Ross Lynch me faria quebrar essa regra.

•••

— Droga. — praguejei assim que abri os olhos.

Meu corpo estava doente e minha mente pesada. Não acredito que dormi tão mal essa noite. Stormie me avisou que hoje sairia para ajudar a Sra. Ruby a comprar algumas coisas para o figurino, o que deixaria a casa mais tranquila. Perfeito para terminar de escrever as estrofes da minha música.

Vesti as botas que Stormie havia me dado de surpresa. Sorri ao me olhar no espelho; elas serviram perfeitamente e deram um toque lindo ao meu visual.

— Bom dia, querida. Estou preparando panquecas. — Stormie estava pondo a mesa quando me viu e me deu um abraço rápido. — Sente-se.

— Estão deliciosas. — sorri, mordendo a panqueca. — E obrigada pelas botas, eu estava precisando, e elas ficaram ótimas! — mostrei-as para ela.

Stormie sorriu carinhosamente, mas seu olhar parecia intrigado.

— Querida, as botas são lindas, mas não fui eu que as comprei. — disse, me deixando confusa.

— Bom dia a todos. — A voz de Ross preencheu a cozinha, e eu me ajeitei na cadeira. — Como está, mãe? — Ele beijou a bochecha dela e então me olhou. — Olivia.

— Bom dia. — respondi rapidamente, levantando-me e indo até a pia.

Ouvi passos se aproximando por trás, mas continuei olhando fixamente para o prato. O calor da respiração dele roçou meu cabelo, me fazendo arrepiar.

— Belas botas. — Ross sussurrou perto do meu ouvido.

Desgraçado!

Quando me virei, ele já não estava mais ali. Respirei fundo, tentando ignorar sua presença e o efeito que ele tinha sobre mim. Ele não teria poder sobre mim, nem causaria mais nenhuma sensação... ou será que teria?

•••

— Não sei se encaixa. — reclamo, jogando a cabeça para trás, exausta.

Mark tinha passado a tarde inteira comigo, me ajudando a finalizar um trecho da música. Ele estava realmente empenhado, mas parecia que nada fluía. Eu estava sobrecarregada.

— Você consegue, Olivia. Você é talentosa, já escreveu metade da música. — Ele apontou para a partitura. — Só precisa se libertar do que quer que esteja te bloqueando.

— Nem sei o que é.

Eu sabia. Era o filho dele.

— Bom, vou buscar a Stormie. Enquanto isso, tente relaxar e pensar em novas ideias. — Ele sorriu e saiu pela porta.

Escrever letras sempre foi algo simples para mim, eu adorava. Mas agora... eu estava com raiva. Será que conseguiria colocar isso no papel? Será que seria capaz de descrever o que estava sentindo?

Meus dedos deslizaram pelas teclas do piano, criando uma nova melodia. Fechei os olhos, e os pensamentos fluíram em pequenas notas, difíceis até para mim de explicar.

"Cause I was going down, but I was doing it with you. Yeah, everything we broke, and all the trouble that we made. But I say that I hate you with a smile on my face."

— Eu digo que te odeio com um sorriso no rosto. — Coloquei a mão na boca, surpresa com o resultado. — Isso! — murmurei, enquanto anotava rapidamente.

Quando me virei, vi uma sombra na porta, indicando que alguém estava ali há pouco. Mas isso não importava. Eu finalmente tinha terminado uma estrofe, sozinha. E estava tão orgulhosa de mim mesma que nada seria capaz de estragar o meu humor hoje.

 E estava tão orgulhosa de mim mesma que nada seria capaz de estragar o meu humor hoje

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