C I N C O

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    Eu não queria entender o que ele quis dizer; só desejava descobrir o que tanto passava pela cabeça dele. O que Ross queria, afinal?

A curiosidade sempre foi minha marca registrada, tanto minha aliada quanto meu maior pesadelo.

A manhã foi tranquila. Nada de Ross ou qualquer outro caos. Os meninos tinham saído juntos para comprar algumas coisas para o Festival de Inverno. Ficamos apenas eu, Stormie e o pai deles em casa.

— Como foi a festa ontem? — Stormie perguntou, sorrindo enquanto terminava de tirar a mesa do café.

— Bem legal. Achei até melhor que as festas da faculdade, que eu e Rocky odiávamos.

— Ele me contou que vocês foram uma vez e detestaram. — Ri ao lembrar daquele dia. — Mark está arrumando alguns instrumentos lá embaixo. Quem sabe você não se interessa por algo e resolve aprender?

— Talvez eu goste de alguma coisa. — Sorri em resposta.

Desci até a sala de instrumentos. A casa era realmente enorme e tinha de tudo um pouco. Imaginei o quanto os meninos deviam amar aquele lugar, sempre compondo e tocando suas músicas.

— Olivia, tudo bem? — Mark estava sentado, consertando um violão. — Entre, fique à vontade.

— Stormie me disse que você estava mexendo nos instrumentos, e eu quis ver de perto como essa mágica acontece.

Me sentei em frente ao piano. Ele era lindo, num tom de marrom queimado, muito parecido com o que havia no orfanato onde vivi.

— Gosta de pianos? — Mark perguntou, percebendo meu olhar. — Você sabe tocar?

— Um pouco... Participei de um coral quando era mais nova. Aprendi a tocar algumas músicas e cantava também. — Passei os dedos de leve sobre as teclas.

— Por que não tenta tocar? O piano não vai te morder. — Ele sorriu, incentivando-me.

— Será que eu consigo? — Perguntei, rindo.

— Claro que sim! Não há nada que você não possa fazer. Deixe o talento fluir, não deixe a insegurança te impedir. Estrelas não brilham trancadas em quartos; elas precisam ser vistas no céu.

As palavras de Mark me arrancaram um sorriso.

Coloquei os dedos nas teclas e comecei a tocar os primeiros acordes de "Iris", dos Goo Goo Dolls. A cada nota, sussurrava a letra baixinho. Notei que Mark havia se afastado, dando-me espaço, e então deixei a voz fluir suavemente, como se cada palavra precisasse ser cantada.

— I just want you to know who I am — finalizei com a última nota.

Meu coração quase saiu pela boca quando ouvi aplausos vindo da porta. Mark estava lá, acompanhado de Rocky, Ross e uma mulher loira que eu ainda não conhecia.

— Meu Deus, você é incrível! — Ela veio até mim e me abraçou. — É um prazer finalmente te conhecer. Rocky sempre falou tão bem de você.

Era Rydel, sem dúvida.

— O prazer é meu. — Sorri, retribuindo o abraço. — Rocky também fala muito sobre você e o Sweetie.

— Coisas boas, espero? — Ela riu, sentando-se numa das cadeiras. — Rocky não mencionou que você canta. Que talento!

— Ah, não canto nada. — Disse, envergonhada.

— Não é o que parece. — Ross comentou, entrando na sala.

— Nem eu sabia que você cantava. Você só estuda e escreve! — Rocky fez uma careta. — Parece que sou melhor amigo de uma desconhecida.

— Até ontem eu nem sabia que você fazia teatro, então estamos quites. — Provoquei, levantando as mãos em rendição.

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