O diabo

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Aviso: esse capítulo contém gatilhos de tortura e violência.

Aviso: esse capítulo contém gatilhos de tortura e violência

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Victoria De Angelis

O porão não estava tão escuro como eu me lembrava. Mas a tensão obscura continuava a mesma. Inclino os olhos e vejo apenas uma lâmpada incandescente caída no centro, a luz amarelada iluminando um certo ponto.

Da escada, consigo enxergar a luz refletir nas pontas afiadas das máscaras negras que se camuflavam nas sombras. Uma fila de samurais circulava a sala, seus corpos imóveis, mãos para trás e queixos erguidos como se fossem soldados em guarda.

Tom e Georg desciam os degraus na minha frente. Os dois gesticulando e trocando algumas palavras murmuradas em tom tão baixo que eu não tinha certeza se eles realmente estavam conversando ou se comunicando com sinais.

O gêmeo me olha por cima do ombro, talvez verificando se eu estava assustada, e sinto uma pressão entre meus dedos. Meu olhar cai em nossas mãos ainda unidas e percebo que o gêmeo tinha entrelaçado firmemente os nossos dedos.

Era estranho como aquilo não era estranho. Como se nossas mãos fossem feitas como moldes uma para a outra. Parecia tão normal, tão certo.

Até que eu lembrava o motivo de estar aqui e percebia que, na verdade, era errado.

Quando desço o último degrau, meus olhos capturam uma figura familiar. Aquele idiota que tentou abusar de Sarah. O garoto estava sentado na mesma cadeira em que eles haviam me colocado antes. Assim como eu, ele estava amarrado, mas não convencionalmente nos tornozelos e nos pulsos. Seus braços estavam abertos e suspensos no ar, uma única corda enrolada sobre seus antebraços, cotovelos, ombros e pescoço, cada ponta da corda sendo segurada por um samurai. As pernas também estavam do mesmo jeito. Seu tronco preso no encosto da cadeira, impedindo que ele se movesse.

O garoto não falava nada, não resmungava ou xingava como antes. Mas ele tremia. Seus olhos arregalam quando encontram Tom se aproximando, medo estampado em seu semblante. A testa dele estava brilhando de suor e escorrendo pelo rosto sujo de sangue. Mas havia mais sangue do que eu tinha tirado dele. Seu queixo e as cordas enroladas em seu pescoço estavam encharcados do líquido carmesim.

Imagens do corpo dilacerado de Julien aparecem na minha mente.

Engulo em seco.

Puxo a minha mão de Tom, parando de andar. O gêmeo vira para trás com as sobrancelhas juntas.

- White?

Imagens dos braços e as pernas riscadas com cortes finos em xadrez.

- O que vão fazer com ele? - questiono sem desviar o olhar do garoto.

Imagens do rosto desfigurado, os olhos furados e a boca costurada.

- Nada do que ele não mereça. - responde com indiferença.

Body Guard | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora