capítulo 23

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- Foi quando ele me contou. Eu entrei em choque, não sabia mais o que pensar ou o que sentir por ele. A minha cabeça tava girando e eu só conseguia pensar em você, nos nossos pais, meus amigos e todas as pessoas que viviam aqui! Eu fiquei confuso e com muita raiva!

- Você mentiu pra mim?! Me enganou!

- Não! Hannie...

- Me enganou sim! Como você pôde?! Eu confiei em você! Como pôde... me leva pra casa!

- Hannie...

- Me leva agora! Eu não quero mais ficar um minuto além do necessário na sua companhia!

- Hannie, por favor...

- Me leva pra casa! Ou eu vou sozinho!

A gente foi o caminho todo sem se falar, não por falta de tentativa da parte dele, mas porque eu tava muito magoado, decepcionado, desiludido.
Acontece que quando voltamos à cidade, era tarde.

O ataque já tinha começado.
Eu acusei ele de ter me tirado da cidade por saber o que ía acontecer, mas ele me jurou que não. Que tudo havia sido antecipado sem o conhecimento dele.
Quando a gente parou o carro na porta de casa eu subi correndo, pra procurar alguém, e acabei te achando escondido no baú do meu quarto.

- Vem Hyeongjun. A gente precisa sair daqui.

- Cadê o papai e a mamãe?

- Eu não sei.

- Tinha muitos gritos. Fiquei com medo.

- Eu sei, eu sei. Olha pra mim, tá tudo bem, eu tô aqui agora. Toma, coloca isso. - eu coloquei meus fones de ouvido em você e liguei a música. Então te peguei no colo e desci as escadas correndo.

- Hanji! - eu ouvi as vozes dos meus pais chamando no corredor bem quando eu ía sair, então corri pra eles.

- Mãe! Pai!

- Meu filho, onde você estava?! - mamãe perguntou me abraçando. - Estávamos te procurando... Minho?! - é claro que a mamãe reconheceu ele assim que o viu, todos os Ventrue sabiam quem ele era. - O que você fez com meus filhos?! - ela avançou na direção dele, mas eu impedi.

- Calma mãe! Ele não fez nada!

- Não é hora pra isso! Vocês precisam sair daqui! Toma. - o Minho jogou a chave pro papai. - Vão no meu carro. Eu vou tentar criar uma distração pra eles. Depressa!

- Porque deveríamos confiar em você?

- Porque essa é a melhor, senão a única chance, que vocês tem de salvar sua família agora. - mamãe pensou por um instante e pegou você no colo, e então correram pro carro.

- Mas e você?

- Não se preocupe comigo, eu sei me virar. O importante é vocês saírem daqui o mais rápido possível!
Vai Hannie, salva sua família! - eu abracei ele como se fosse o último abraço que a gente ia dar nessa vida. - Eu te amo. Me perdoa. - ele pareceu sincero, mas eu não consegui responder.

- Vamos Hanji!

- Vai! Vai embora! - nós fomos, e o Minho ficou. Eu me lembro de olhar pra ele pelo vidro do carro até a imagem sumir do meu campo de visão.
Foi a última vez que a gente se viu.

Era noite, e no meio do caminho nosso carro foi interceptado por um vampiro que saltou, do nada, no nosso parabrisa. Papai perdeu a direção, o carro capotou várias vezes até cair na ribanceira e ir parar dentro da floresta. Você não viu nada porque desmaiou com o choque. Tava dormindo e de fones na hora do acidente.

- Por isso eu não me lembro.

- Mamãe tirou você do carro e me ajudou a sair.

- Hanji, pega seu irmão e corre o mais longe que você puder daqui!
Se escondam.

- Mas mãe...

- Vai filho! Agora!

- E você?!

- Eu vou ficar bem. - ela acariciou o meu rosto e sorriu, tentando me convencer, mas eu sabia que era mentira, que possivelmente era a última vez que a gente ía se ver... e foi mesmo. - Agora vai! - eu saí de lá com você no colo, e fiz o que ela mandou fui o mais longe que consegui.

- O que houve com a mamãe?

- O vampiro pegou ela.

- Desgraçado!

- Mas ele não durou muito.
O O.de pegou ele.

- Maldito. - O.de falou com desprezo, ao puxar a estaca do peito do vampiro e o ver cair morto ao seu lado. - Você está bem?! - perguntou à mãe dos meninos ao vê-la ferida mortalmente.

- Meus filhos... - ela sussurrou.

- Não se esforce! Eu vou ajudar!

- Não! - a mulher segurou em sua blusa. - É tarde demais pra mim.
Encontre meus filhos. Proteja eles! - ela suplicou, e tão logo O.de assentiu ela se foi.

- Eu chorava em silêncio, com você no meu colo, torcendo pra ninguém nos achar, e implorando em pensamento, pra tudo aquilo acabar logo e pra você estar bem, porque eu não suportaria perder mais ninguém naquele dia. - Jisung falou com os olhos espelhados de lágrimas. Ficamos um bom tempo escondidos até o O.de aparecer.

- Agora entendi porque você não gosta de falar nisso. - o mais velho assentiu. - Mas porque você se culpa pelo que aconteceu?

- Porque nossos pais só estavam em casa até aquele momento por minha causa! Eu tava fora da cidade com o Minho, eles ficaram esperando eu voltar! Se estivesse aqui nós teríamos fugido antes! Talvez tivessem sobrevivido. Eu não devia ter saido de casa naquele dia...

- Ji, para com isso! Você não tinha como saber!

- Independente disso! Eu nunca devia ter me envolvido com o Minho! Tem um motivo pras raças não se misturarem JunHan! Sempre acaba em tragédia!

- Eu não concordo! A nossa família se formou pela mistura de raças! E eu agradeço muito por isso!
Além do mais, as pessoas deveriam ser livres pra fazer suas próprias escolhas! Se vocês se amavam, então porque...

- JunHan! Não existe isso! Sabe o que aconteceria a mim ou a você se um humano descobrisse o que somos?! Os clãs existem pra proteger seus iguais! Eu aprendi isso da pior forma.
O Minho e eu... somos diferentes. Termos nos envolvido... foi um erro.

- Eu não te culpo por nada. Você é meu irmão, eu te amo, e você tem direito de ser feliz! - Jisung sorriu fraco.

- Você tem o mesmo espírito idealista da mamãe. - o mais velho riu soprado.

- Tenho a quem puxar. - JunHan ergue uma sobrancelha e o mais velho deixa escapar um riso involuntário.

- Me perdoa JunHan. - ele o abraça.

- Não tem o que perdoar, não foi sua culpa.

- Mas eu sou sou seu irmão mais velho. Devia estar aqui naquele dia. Devia ter cuidado melhor de você.

- Você cuidou. Você sempre cuidou. Você é o melhor irmão do mundo.

...

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