XIV

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- Estou muito magoada prima Juliette.  Julguei que éramos amigas, mas vejo que era só da minha parte.

- Não digas isso Cristina.  Foi só para não te magoar.  Tu dizias-te apaixonada por ele!

- Assim pensava,  mas é diferente do que sinto pelo António.   E como foi?  Quem se declarou?

- Ele.  Não querias que fosse eu, pois não?

- Conta mais Juliette.

- É tão bom estar com ele.  Eu sinto coisas no estômago, e não são dores.

- Já se deitaram juntos?

- CRISTINA!!!!

- Que foi? 

- Já aconteceu com o António? 

- Responde tu primeiro.

- Sim.  Nós já nos deitámos várias vezes. Agora responde tu.

- Não.   O António bem pediu, mas eu fugi.  Como é?

- É bom, mas tem muito cuidado.

- É como no livro que nós lemos escondido da minha mãe?

- Eu acho que é, mas acho que depende dos homens.  No livro ela dizia que ele foi bruto, mas o Rodolffo não é assim.

- Tu ficaste nua na frente dele?

- Na primeira vez não.  Ele também não, mas acabemos com esta conversa.

- Eu só tenho a ti para conversar.  Com a mãe não posso falar disto nem com a Maria.
Há dias a mãe estava a falar com a Maria sobre um casamento.   Sabes quem vai casar?

- Eu, mas ainda não temos a data marcada.

- Meus Deus.  Eu preciso mandar fazer um vestido novo.  Quando é que me ias avisar?

- Quando eu também soubesse.  Talvez daqui a dois meses.

- Vês?  Dois meses.  Será que a Gracinha me consegue fazer o vestido?

- Tu tens muitos vestidos e eu quero um casamento simples.

- Juntando Anastácia e Henriqueta, deve ser uma simplicidade!  Vão convidar toda a aldeia e arredores para virem ao casamento da fidalga.
E não tem que ser de outro modo.  Tu és muito admirada por aqui.

- Quando for o teu vai ser igual.  Porque não casamos no mesmo dia?

- O António nem fala em casamento.

- Mas quer deitar-se contigo?  Tu és esperta e eu sei que vai arranjar maneira de ele fazer o pedido.

A conversa ficou por ali.  Cristina deixou a casa da prima e pelo caminho ia pensando que talvez fosse uma boa ideia casar no mesmo dia.

Rodolffo chegou logo a seguir.  Cansado, mas muito animado pois os trabalhos já não lhe pareciam tão difíceis.

Deu um beijo em Juliette e depois de se lavar fizeram amor.  Era a rotina diária para logo a seguir partir para dormir na casa de Tia Anastácia.

Tinha que ser assim até ao casamento pois não queria a sua amada falada por todos.
Juliette ficava sózinha naquele casarão, mas resignada e na esperança de que o casamento viesse logo.



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